Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Daniela Nogueira

Mesmo em meio ao futuro incerto do impresso, as empresas jornalísticas não têm de mudar de setor, transformando-se em empresas de um ramo mais amplo, como tecnologia. Esse foi um dos assuntos discutidos no 10º Congresso Brasileiro de Jornais, realizado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), em São Paulo. O assunto chama a atenção para o mundo tecnológico em que vivemos, em que o jornalismo tenta se reinventar a cada nova mídia. A proposta é que as empresas continuem fazendo o que sabem, que é produzir conteúdo, gerar informação.

O tema foi divulgado em diversos jornais do País; no O POVO, inclusive. O presidente mundial da rede de agências publicitárias TBWA, Jean-Marie Dru, sustentou que a tecnologia deve ser um meio para melhorar o produto, e não ser ela mesma o produto em si das empresas jornalísticas. É interessante observarmos esse tipo de declaração ao tempo em que os veículos tentam inovar de forma constante. “Criar, em vez de copiar modelos”, sintetiza Jean-Marie Dru.

O POVO caminha nesta mão ao tentar se reformular, criar novos produtos e estreitar a relação com leitores. Está tentando se colocar neste patamar. Para alcançar a tão famosa inovação, é preciso que exista uma “ruptura com o anterior”, segundo ele.

Vídeo

É válido retomar a velha discussão entre impresso e digital. Se não há mais como fugir do digital e o futuro da notícia é o vídeo, O POVO ainda precisa melhorar. O vídeo precisa ser mais usado e de forma mais profissionalizada. A maior utilização dos vídeos, dizem os especialistas, é fundamental para atrair jovens leitores, mais afeitos à linguagem audiovisual nos tempos de internet.

No entanto, o jornal parece que tem aprendido cada vez mais a produzir uma enxurrada de notícias ao longo do dia e, ainda assim, fazer um impresso sintético e relevante no dia seguinte. Isso se tornará um desafio cada vez maior.

Audiência

Há uma preocupação também em relação à audiência. É perceptível que atualmente os jornais não sabem a real penetração que têm junto ao público, porque o mecanismo para aferir isso já não é o ideal frente a todas as rápidas e constantes mudanças que os meios digitais impõem. Isso ocorre porque as notícias produzidas estão no impresso, no portal e nas redes sociais, como Facebook e Twitter, por exemplo.

Por isso, existe uma inquietação acerca de como obter um instrumento capaz de medir a audiência nessas plataformas de forma mais precisa. Algo que seja capaz de juntar impresso e digital e ainda comparar isso com os outros meios, como rádio e TV. Medir melhor a audiência significa interferir também na relação com a publicidade, que sempre quer saber qual é o alcance de seus anúncios.

A verificação da audiência hoje é feita pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC). A ideia não é extingui-lo, mas torná-lo mais abrangente e eficiente. Mais um desafio para as empresas que lidam com jornalismo.

25 anos de ombudsman

A função de ombudsman no Brasil completa 25 anos no próximo mês. Por isso, o programa Observatório da Imprensa está veiculando uma série de oito programas intitulada “Voz dos Ouvidores”, com entrevistas de ombudsmans do País. Na próxima terça, participo do programa junto com o ex-ombudsman e atual escritor Lira Neto. Fomos entrevistados pelo jornalista Alberto Dines.

Também participam do programa dez ombudsmans da Folha de S.Paulo, primeiro jornal a adotar a função no País. A Folha e O POVO são os dois jornais do Brasil que têm o cargo de ombudsman. A série teve início na segunda-feira passada e segue até esta semana. Os programas são transmitidos pela TV Brasil, que é pública, em rede nacional, das 23h30min à meia-noite e meia.

Deixo como sugestão principalmente para o leitor acompanhar os debates e compreender melhor como funciona este canal.

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Daniela Nogueiraé ombudsman do jornalO Povo