Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Daniela Nogueira

Há algo tempo vem sendo disseminado um tipo novo de produção de notícias. Online, sem arredar o pé da Redação nem tirar a vista da tela, os jornalistas passam a escrever matérias baseados nos sites de redes sociais. Na maioria das vezes, as ditas celebridades e os demais famosos televisivos são o foco de links nos sites de notícias. Estamos criando um novo modo de fazer jornalismo? Ou estamos perdendo espaço no jornalismo para a repercussão da vida do outro?

A traição pública do humorista, a separação do jogador badalado, os beijos flagrados em festas e as gravidezes recém-descobertas têm tomado um lugar significativo, em vez das notícias de cunho mais informativo ao público geral. Ressalte-se que, em geral, a matéria é feita única e exclusivamente a partir de uma foto e da legenda publicadas pelo famoso. O jornalista se ocupa em fazer disso uma matéria, e o Instagram tem virado uma nova fonte de notícias nesse processo.

Entretenimento?

Acredito que o jornalismo deva ser formado também por notícias mais leves do que o factual pelo qual esperamos dia a dia. Soa ingênuo imaginar que só nos chamam a atenção as notícias que dizem respeito à nossa cidade ou que tenham um dado de interesse geral. Não, estimular o entretenimento e a diversão pode fazer parte de qualquer site de notícias, mesmo daqueles que não são “especializados nas notícias dos famosos”. Afinal, a curiosidade move o leitor – e o jornalista sabe disso. Por isso, tem propagado tanto a vida alheia.

Mas alardear os bastidores da vida dessas celebridades me parece um exagero dos últimos tempos. Acrescente a especulação àquela informação e você terá a repercussão do fato. Ou seja, notícia garantida por mais alguns dias.

Jornalismo de entretenimento, com uma leitura leve e despretensiosa, é uma coisa. Fazer estardalhaço com a vida alheia já é outro caminho. É pena que seja, cada vez mais, sem volta.

Prêmio I

Merece registro, junto com os parabéns, o Núcleo de Imagem do O POVO, pela conquista do 59º Prêmio Esso de Jornalismo, na categoria Criação Gráfica de Jornal. Pela segunda vez consecutiva, o jornal foi premiado nesta divisão. O trabalho vencedor deste ano foi o caderno “Sertão a ferro e fogo”, um suplemento especial de mais de 20 páginas que apresentou a marca de ferrar boi em narrativas obtidas no sertão do Ceará.

A concepção do trabalho é do Gil Dicelli, editor-executivo do Núcleo de Imagem do O POVO, que sente, por mais um ano, o gosto de ser o vencedor do principal prêmio do jornalismo brasileiro. Também contribuíram no projeto gráfico e na edição de arte do caderno especial premiado o Pedro Turano, a Luciana Pimenta e o Guabiras, profissionais queridos e competentes que fazem parte do O POVO. Parabéns aos artistas! O endereço para ler o caderno é: http://migre.me/mQzZE

Prêmio II

Outra premiação que fez O POVO se orgulhar na semana que passou foi dada ao repórter-fotográfico Edimar Soares, que venceu a subcategoria “Fotografia” do Prêmio Anamatra de Direitos Humanos 2014. A seleção é promovida pela Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).

A foto selecionada mostra torcedores, durante a Copa do Mundo, em Fortaleza, jogando uma garrafa dentro de um contêiner no qual estava uma catadora de lixo reciclável. A invisibilidade desses trabalhadores provoca uma reação angustiante em quem lê a foto. Ao Edimar, parabéns pela sensibilidade do registro.

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Daniela Nogueira é ombudsman do jornalO Povo