Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Vera Guimarães Martins

A Folha trouxe de volta nesta semana dois antigos colaboradores da coluna conhecida internamente como “vertical”, aquela longa tira de texto que ocupa de alto a baixo a última coluna à direita da página A2. Sim, leitor, trata-se de uma redundância, já que toda coluna é, por definição, vertical, mas o batismo genérico é consequência da alternância diária de seus titulares.

Na última segunda (2), deu-se o retorno do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que, titular do espaço por quase três anos, havia saído em junho do ano passado para disputar a eleição presidencial. Nesta última sexta, foi a vez da ex-ministra e senadora Marta Suplicy, que ali escreveu em 2011 e 2012.

Até a noite da própria sexta-feira, quando fecho este texto, a volta de Marta quase não havia despertado reações. A de Aécio, em contrapartida, foi recebida com desagrado por parte do leitorado.

“Não sou fã do governo do PT, sou mais um sofrido industrial neste país à beira do abismo, mas não vejo de que forma dar espaço nobre a um político que comemora a vitória de notórios corruptos no Congresso venha a colaborar para as instituições deste país”, escreveu o empresário Marcelo C. Rocha, referindo-se a uma foto de terça-feira, em que Aécio aparece cumprimentando o presidente do Senado, Renan Calheiros, pela derrota imposta a Dilma na rejeição do ajuste fiscal.

Outro leitor, Henrique Morita, manifestou o temor de que o tucano, derrotado na eleição presidencial, possa transformar o espaço em “local de manutenção de uma candidatura que não quer se deixar apagar, sobretudo debaixo do guarda-chuva fictício do impeachment”.

Não faltou quem visse no fato um sinal de admissão da preferência partidária do jornal, mas esse argumento esbarra no histórico da coluna, tradicionalmente aberta a diferentes correntes partidárias –à exceção das quintas, dia do brasilianista Kenneth Maxwell. Às terças, o colunista é Vladimir Safatle (PSOL), às quartas, Delfim Netto (PMDB), aos sábados, André Singer (PT), e aos domingos, Henrique Meirelles (PSD). Aécio representa o PSDB, e Marta entrou no lugar que foi de Marina Silva (Rede/PSB), que também saiu para disputar a eleição.

Cabe uma dúvida sobre a situação política instável de Marta, que ainda está no PT, mas vem discutindo sua transferência para o PSB, pelo qual pode sair candidata no próximo ano. Caso a mudança acabe não ocorrendo, como ficará a alternância partidária na coluna?

Nada muda, segundo a Secretaria de Redação. “Tanto André Singer como Marta Suplicy são mais do que apenas petistas. Ambos têm carreira própria. André tem uma carreira acadêmica importante e a senadora é autora e formadora de opinião.”

Desaparecido em sua casa

O ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo enviou nota em que critica uma reportagem que o descreveu como desaparecido. Segundo o texto, Bernardo não fora encontrado por oficiais da Justiça Federal do Paraná para depor como testemunha na Lava Jato.

O ex-ministro relata ter sido procurado por uma repórter da sucursal de Brasília na terça e ter dito a ela que estava em Brasília e que não havia sido notificado oficialmente da intimação. “Gleisi [Hoffman, senadora e mulher dele] e eu temos um apartamento em Curitiba, mas permanecemos a maior parte do tempo em Brasília. Nosso endereço é de fácil localização, pois moramos em apartamento funcional”, escreveu.

A reportagem da qual o ex-ministro se queixa não foi escrita pela sucursal, e sim pelo correspondente do jornal em Curitiba. Sem informação do contato prévio com a sucursal, o repórter ligou na quinta-feira para a assessoria da senadora no Paraná e em Brasília, mas não conseguiu obter a localização nem o contato do ex-ministro. “O texto, porém, deixa claro que quem não o localizou foi a Justiça e que, por isso, o depoimento foi adiado”, declara a “Agência Folha”.

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Vera Guimarães Martinsé ombudsman daFolha de S. Paulo