‘Freqüentemente, é o que não está no Washington Post que deixa os leitores insatisfeitos’, relata a ombudsman do diário, Deborah Howell, em sua coluna de domingo [15/6/08]. Mesmo em um período de corte de recursos humanos e financeiros, os leitores esperam que o jornal publique tudo o que consideram importante.
Exemplos recentes: nas últimas semanas, leitores criticaram a falta de menção ao 64º aniversário do Dia D, no dia 6/6 – quando, em 1944, soldados anglo-saxões desembarcaram nas praias da Normandia para libertar a França da ocupação nazista; reclamaram também do pouco destaque dado a uma cerimônia de Medalha de Honra e a um evento no dia 1/6 celebrando o 60º aniversário da fundação de Israel. A ombudsman esclarece que na seção ‘Style on the Go’, do dia 30/5, houve um grande destaque ao evento de Israel, sendo pequena a cobertura do evento no dia 2/6. ‘Foi uma grande celebração, com muitas pessoas, mas não se pode observar isto no Post. Havia apenas uma fotinho com três pessoas dançando’, criticou a leitora Sarah Butler.
Fundação de Israel
Marcia Davis, editora-assistente da editoria de cidade, alega que a celebração de Israel estava na lista de ‘matérias para cobrir’ somente se algum conflito ocorresse, pois havia rumores de uma manifestação pró-Palestina. A repórter pautada para o evento foi deslocada para fazer a cobertura de um final de semana violento na capital. Jacqueline Salmon, repórter encarregada de escrever sobre religião, foi à cerimônia, mas estava ocupada com outras matérias e só deveria escrever caso houvesse algum conflito – o que não aconteceu. A capa da seção de cidade e a primeira página já estavam com a diagramação fechada, por isso foi publicada apenas uma foto pequena no interior do jornal.
O Post já havia publicado duas matérias sobre o 60º aniversário – uma escrita por Griff Witte, que mostrava como israelenses e árabes viam de maneira diferente a fundação do Estado de Israel, e outra escrita por Michelle Boorstein, sobre a identidade israelense e judaica. Ainda assim, Michelle concorda que o evento merecia uma cobertura mais elaborada. ‘Foi a maior celebração em décadas da comunidade local judaica’, disse.
Medalha de Honra
A Medalha de Honra póstuma para o soldado Ross McGinnis, de 19 anos, que se jogou em uma granada para salvar a vida de seus companheiros no Iraque, recebeu apenas um parágrafo. Já haviam sido publicadas matérias maiores sobre McGinnis – quando ele morreu e no seu funeral. Para Carlos Lozada, subeditor da seção nacional, a extensiva cobertura do heroísmo do soldado pesou na decisão de como cobrir a premiação. Para Deborah, medalhas de honra são raras e a cerimônia merecia mais que um parágrafo.
Dia D
Já o Dia D é um assunto emotivo, assim como o dia 7/12, quando japoneses atacaram Pearl Harbor, em 1941. Para leitores mais velhos, estes dias merecem cobertura especial todos os anos. A ombudsman acredita que o diário não tem que celebrar um evento histórico todos os anos. O tempo apaga a importância e a tendência é relembrar as datas quando terminam em zero ou cinco. Assim, no ano que vem, no 65º aniversário do Dia D, o Post provavelmente terá uma matéria especial.