Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A eleição dos ‘valores morais’

A eleição americana passou e George W. Bush está reeleito. Em sua coluna de 7/11/04, o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, nota que, sejam democratas ou republicanas, muitas pessoas devem estar contentes simplesmente porque o pleito e a tensão que ele gera ficaram para trás. Diferentemente da última corrida presidencial, Bush venceu com uma vantagem difícil de ser questionada. Para Getler, o Post fez uma cobertura que, através de estatísticas, pesquisas e análises, deu ao leitor uma compreensão visual do resultado da eleição. As pesquisas de intenção de voto feitas pelo diário também anteciparam, de certa forma, o resultado.

O que chama a atenção do ombudsman nesse vazio pós-eleitoral, no entanto, é o resultado de uma pesquisa de boca-de-urna que mostra que, para 22% dos votantes, o mais importante na hora de escolher seu candidato foram os ‘valores morais’. Eles foram os primeiros de uma lista em que seguiam itens como política econômica, combate ao terrorismo e o Iraque – enfim, coisas que jornalistas normalmente julgariam ser as mais importantes. E 80% daqueles 22% mais ligados aos ‘valores morais’ escolheram Bush. Getler destaca que 23% do eleitorado dos EUA é branco e evangélico praticante, enquanto as redações são formadas, predominantemente, por cidadãos urbanos laicos.

O Post fez um bom trabalho ao tentar mostrar a situação de estados interioranos em que se concentram os eleitores conservadores, enviando repórteres a esses lugares. No entanto, sua cobertura acabou não refletindo a força que teria a questão dos ‘valores morais’. Getler assume que é muito difícil tratar de um tema como esse, mas acredita que, nas próximas eleições, haverá perguntas sobre eles nas pesquisas e, talvez, mais um ou dois escritórios de imprensa no sul e centro-oeste americanos.