Um extenso relatório publicado por um comitê do senado americano, no dia 9/7/04, foi enfático em concluir que deduções feitas pela comunidade de inteligência americana a respeito das armas de destruição em massa em poder do Iraque de Saddam Hussein foram exageradas ou não eram corroboradas pelas informações de que se dispunha a respeito. Segundo Michael Getler, ombudsman do Washington Post [18/7/04], o diário fez ampla cobertura do assunto.
Entre as matérias publicadas, a que foi alvo de mais reclamações foi a de Susan Schmidt, publicada no dia 10/7, sobre a parte do relatório que trata da viagem do ex-embaixador Joseph C. Wilson IV para a África com sua mulher, Valerie Plame, em fevereiro de 2002, em que investigou suposta tentativa de compra de urânio por Saddam. Valerie era agente secreta da CIA e isto foi tornado público pelo colunista Robert D. Novak, que é reproduzido por vários jornais, inclusive pelo Post. O caso teve muita repercussão e a origem do vazamento de informação que possibilitou a identificação da agente segue sendo investigada.
Para Getler, o texto de Susan refletia, de modo geral, as principais conclusões do comitê do senado. Alguns trechos poderiam ter sido escritos de modo diferente, mas a maioria das críticas a respeito não o convenceu. O problema maior, na visão do ombudsman, é um trecho em que a repórter, por engano, afirma que Wilson informou o governo americano de que o Iraque tentara comprar 400 toneladas de urânio de Níger em 1998, quando, na verdade, o país mencionado fora o Irã. A correção publicada pelo Post, no entanto, não deixou isso claro, dando margem a diferentes interpretações por parte dos leitores. ‘As correções do Post são enlouquecedoras’, escreveu um deles. ‘Às vezes a informação corrigida é cifrada a um nível quase secreto, por não fornecer maiores detalhes’. Getler conclui: ‘Agora sim, há algo com que todos podemos concordar’.