Daniel Okrent, editor público do New York Times, disse que um dos mais polêmicos artigos publicados no jornal nos últimos meses, de autoria de Peter Landesman, estava bem apurado. O texto, que saiu na revista do Times no dia 25/1/04, descrevia uma casa em Plainfield, Nova Jersey, que já abrigou um refúgio onde se praticava escravidão sexual. Okrent visitou o local e garantiu aos leitores que todos os detalhes da descrição de Landesman estavam corretos.
No entanto, nem todos os jornalistas vêem os fatos do mesmo ângulo. Em sua coluna de 19/2, Okrent diz que a reportagem, intitulada ‘The Girls Next Door’ (‘As garotas da porta ao lado’), começou a ser criticada horas após ser publicada na internet. Os críticos diziam ser alarmista, pouco convincente e pobre de fontes. Pouco depois, Okrent recebeu a primeira de uma série de mensagens de repórteres do próprio Times, expressando opiniões semelhantes, do ceticismo à indignação. ‘A antipatia de muitos redatores e editores pela revista do Times já tem décadas’, disse o ombudsman. Na rixa entre o time da revista e o do jornal, ‘ambos os lados são melhores na ofensiva do que na defensiva’.
O problema das fontes
É impossível ler uma edição do jornalão sem encontrar pelo menos uma vez o uso de fontes que não quiseram ser identificadas, em termos como ‘fontes dizem’ ou ‘analistas afirmam’. ‘A nova política do Times para fontes anônimas, anunciada na semana passada, pode vir a mitigar essa prática, mas um jornal moderno sem citações anônimas é como o Ártico sem gelo’, afirmou Okrent.
Repórteres de jornal costumam adotar uma dialética diária que consiste em contrapor a uma declaração polêmica a fala de alguém do outro lado. Já os redatores de revista, acreditando na primazia da narrativa, sustentarão visões contrárias até o fim do artigo. Para Gerald Marzorati, editor da revista de domingo do Times, escrever em revista ‘estimula o ponto de vista e a opinião’, ao contrário do jornal – na maioria das vezes.