No início de agosto, começaram a ser divulgadas notícias sobre uma investigação do governo americano que descobriu uma fraude em 15 universidades. Uma delas seria a Kaplan, de propriedade da Washington Post Company, dona do Washington Post.
O diário tem diversas regras para evitar possíveis conflitos de interesse que possam prejudicar sua credibilidade. Repórteres que escrevem sobre negócios e finanças, por exemplo, devem frequentemente revelar seus investimentos e bens para que editores avaliem se existem conflitos em determinadas pautas. Recentemente, a intranet da redação passou a divulgar uma lista de todas as empresas que pertencem ao grupo Washington Post, assim como os nomes de seus diretores. As instruções são claras: ‘quando escrevemos sobre algo que possa causar um impacto, positivo ou negativo, em um destes interesses, devemos ser o mais transparentes possível na revelação das relações’. A lista é extensa e as relações são complexas.
Uma matéria publicada na semana passada sobre os planos de uma oferta de ações públicas da General Motors ressaltava que, no ano passado, o governo de Barack Obama forçou a renúncia do executivo-chefe G. Richard ‘Rick’ Wagoner Jr, que ‘é agora membro do conselho da Washington Post Co’. ‘Mencionamos Wagoner na matéria para que pudéssemos revelar que ele está no nosso conselho’, diz o subeditor Alan Sipress.
Lucros
No caso das universidades, mencionar a relação do jornal com a Kaplan era especialmente importante: sua divisão que oferece educação superior, serviços de treinamento profissional e de testes foi responsável por 62% dos lucros totais do grupo no segundo trimestre. Sua unidade de ensino superior – que está sob investigação do governo – continuará sendo notícia nos próximos meses. ‘Vamos dar à Kaplan o mesmo nível de análise que daríamos ao restante da indústria’, promete Emilio Garcia-Ruiz, que lidera a equipe responsável pela cobertura de educação.
Segundo o ombudsman Andrew Alexander, o colunista Steven Pearlstein foi absolutamente transparente ao abordar a importância da Kaplan para o Post quando escreveu sobre a controvérsia envolvendo instituições de ensino. Ao notar que os lucros da Kaplan ajudaram a compensar os prejuízos do jornal, ele informou que ‘a redação do Post não tem nada a ver com a Kaplan, mas todos beneficiaram-se com seu sucesso financeiro’.