Em sua coluna de estreia [29/8/10] como ombudsman do New York Times, Arthur S. Brisbane explica os motivos que o levaram a aceitar o cargo. ‘Primeiro, o NYTimes faz diferença. Nenhuma outra organização de notícias americana tem os recursos e a ambição para alcançar de modo profundo e abrangente tantos temas como o NYTimes. O ombudsman lida com problemas que acontecem depois. É um tipo de jornalismo investigativo, CSI’ [de ‘crime scene investigation’, crime sob investigação] , brincou. Além disso, os próximos anos serão de desafios para o jornalismo e, portanto, um período decisivo. E, finalmente, completa Brisbane, qualquer jornalista teria dificuldades em dizer não à oportunidade estar neste momento no jornalão.
Ele é o quarto ombudsman do diário. O cargo que Brisbane ocupa agora não tem semelhanças com os seus antecessores, que em diferentes períodos trabalharam no NYTimes como repórter, colunista, editor, publisher e gerente corporativo. Como ombudsman, Brisbane não é empregado, mas um contratado independente. Ele não se reporta a ninguém no NYTimes e suas colunas não são editadas por nenhum editor. Por isso, integrantes da equipe não são obrigados a aceitar nenhuma sugestão dele. Segundo o acordo feito entre ele e o NYTimes, o ombudsman ‘é o representante designado dos leitores do New York Times‘. Ainda de acordo com o contrato, ele deve preparar comentários sobre as preocupações dos leitores, e as suas próprias, em relação a ‘cobertura/conteúdo/opinião/notícias’ do jornal.
Devido à grande quantidade de comentários de leitores, há uma estrutura para responder a todos. Brisbane não está sozinho na tarefa, como explica o editor-executivo Bill Keller. ‘Greg Brock, Phil Corbett e Bill Schmidt gastam grande parte de seu tempo lidando com questões como equilíbrio, precisão, padrões e critérios. Alguns casos são levados a mim ou à Jill Abramson, ou ainda ao conselho legal. Publicamos correções, cartas, comentários online e notas dos editores. Também tornamos editores e repórteres disponíveis para questões online, em uma seção chamada ‘Fale com a redação’’.
No entanto, isto pode não ser suficiente em uma era na qual leitores e outros críticos tentam lesar a credibilidade do NYTimes com um arsenal potente de ferramentas de comunicação, observa o ombudsman. ‘A aceleração do ritmo de notícias aumenta o risco de queda nos padrões. Isto pede mais vigilância’, comenta Keller. É um desafio. Ciclos mais rápidos de notícias, com menos tempo para edição, dão suscetíveis a mais erros. Os remédios para esta situação são a transparência e a humildade. ‘Se o NYTimes publicará mais e mais rápido as informações, terá que agir mais rápido ainda para corrigir os erros’, afirma Brisbane.