Wednesday, 04 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

A velocidade pode ser inimiga da precisão

Na era digital, a velocidade pode ser inimiga da precisão quando uma grande história surge, avalia o ombudsman do Washington Post, Andrew Alexander [14/1/11]. O Post e outras organizações de mídia foram lembradas disso no último final de semana do dia 8/1, quando corriam para divulgar o tiroteio durante um evento político em Tucson que deixou seis mortos e 12 pessoas feridas, entre elas a deputada democrata Gabrielle Giffords.

Para muitos leitores, a primeira notícia veio de um alerta por e-mail enviado para cerca de 700 mil pessoas inscritas em um lista para receber informações de grandes acontecimentos. O primeiro alerta noticiava que Gabrielle havia sido ferida no evento em Tucson e que sua condição não havia sido divulgada, com base em informações locais. O seguinte relatava que ela havia sido morta, segundo a CNN e a NPR. Assinantes da lista não sabiam qual notícia era verídica, ainda mais com o novo alerta, recebido duas horas depois, relatando que ela estava sob cuidado intensivo, com os médicos otimistas.

O alerta com informações da NPR e da CNN, sobre a morte da deputada, estava equivocado. Diante da pressão para divulgar um fato que não poderia ser imediatamente confirmado, o Post citou dois rivais de grande reputação. Alguns leitores reclamaram, furiosos, sobre o falso alerta da morte de Gabrielle. Outros ficaram mais chateados com o fato de o Post não explicar por que enviou a informação da morte para depois relatar que a deputada estava viva.

Debate

Houve discussão interna entre os editores do diário sobre quando os alertas por email devem ser enviados e quais seus propósitos. O editor-chefe para conteúdo digital, Raju Narisetti, tomou a decisão de enviá-los após o incidente em Tucson. Quando a notícia do tiroteio surgiu, ele enfrentou o dilema se deveria segurar as informações até que os repórteres pudessem chegar ao local, a mais de três mil quilômetros de distância, ou deveria enviar um alerta citando rivais e atualizar posteriormente com a própria apuração. Narisetti optou pela última opção. ‘Assumimos que os interessados iriam buscar notícias em outro lugar, seja no site do Post, na TV ou nas mídias sociais’, explicou. Mesmo com alguns veículos confirmando posteriormente que ela não havia morrido, o Post achou melhor adiar o envio de outro alerta, até confirmar se ela estava viva ou morta. Quanto ao envio de uma explicação, Narisetti alega que os alertas servem para informar os leitores das últimas notícias.

Deixando de lado a confusão dos alertas, o jornal agiu rapidamente para enviar repórteres ao local do tiroteio. Por acaso, dois já estavam em Tucson, por motivos pessoais. Em algumas horas, outros chegaram lá. No final de semana, mais de 70 estavam envolvidos na cobertura – para a versão impressa e online.