Quando o New York Times entrevistou o ex-secretário de Segurança Interna dos EUA Michael Chertoff, sobre segurança nos aeroportos, depois que um passageiro tentou explodir uma bomba em um avião no dia de Natal, ele defendeu que scanners de corpo inteiro deveriam ser instalados nos aeroportos. Chertoff não revelou, no entanto, que é consultor de uma empresa que fabrica este tipo de equipamento. Embora os repórteres Eric Lipton e John Schwartz tenham falado com ele duas vezes, ninguém chegou a perguntar, ou apurar, se ele tinha interesse financeiro no assunto. Os dois jornalistas concordam que deviam ter perguntado, mas afirmam ter ficado desapontados com o fato de ele não ter lhes fornecido a informação de maneira voluntária.
Há alguns anos, o ex-diplomata Peter Galbraith escreveu diversos artigos de opinião apoiando um Curdistão forte e independente. Editores que publicaram suas colunas só ficaram sabendo em novembro do ano passado que a ligação dos negócios de Galbraith a uma empresa de petróleo norueguesa no Curdistão lhe rendia milhões de dólares.
Estes e mais três exemplos de especialistas entrevistados para o NYTimes ou que tenham escrito artigos de opinião para o jornal resultaram em cinco notas de editores nos últimos dois meses – duas delas na semana passada –, cada uma admitindo que os leitores deveriam ter sido informados de conflitos de interesses. Na semana passada, o editor de padrões enviou aos jornalistas do diário um memorando pedindo ‘alerta constante’ para possíveis interesses de fontes especialistas. A fonte ideal seria inteiramente independente; mas, na realidade, as mais informadas costumam ter envolvimento com o tema, e justamente por isso sabem tanto sobre ele. Cabe ao bom jornalista descobrir se há conflito de interesses para revelar o fato aos leitores, defende o ombudsman.