Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Eduardo Lins da Silva

‘Um dos melhores jornais americanos, ‘The Christian Science Monitor’, anunciou há três semanas que vai deixar de publicar a partir de abril de 2009 sua edição diária impressa, que completa cem anos este mês.

Em vez dela, o ‘Monitor’ enviará aos assinantes todos os dias pela internet uma versão em PDF e manterá na web um site com desenho arrojado, novos conteúdos e atualização permanente.

Para os saudosistas do papel, terá uma revista impressa semanal, distribuída aos domingos, com reportagens interpretativas, análises, opiniões, boas fotos, tudo que ele oferece atualmente.

A notícia foi uma das que causaram mais impacto entre os aficionados do jornalismo impresso diário em todo o mundo. O ‘Monitor’ é sinônimo de qualidade há muito tempo. Sua circulação caiu do auge de 220 mil exemplares nos anos 1970 para os atuais 50 mil, e a tendência era continuar a baixar.

Embora seus diretores tenham dito que eles estavam antecipando o que todos os diários terão de fazer nos próximos cinco anos, a situação do ‘Monitor’ era muito peculiar, e não necessariamente indica uma tendência.

Ao contrário dos grandes diários, sua receita deriva quase toda da venda de assinaturas, não da publicidade. Deixar o papel diminui muito seus custos e praticamente não afeta a receita.

Veículos de maior circulação, como ‘The New York Times’ e ‘The Wall Street Journal’ dependem dos anúncios, e estes ainda são vendidos em muito mais escala no papel do que na internet.

Aliás, embora em todo o mundo aumente a audiência dos jornais na tela, seu faturamento publicitário tem crescido muito aquém da expectativa, e eles estão longe de ser o sucesso econômico que se previa há apenas alguns anos.

De qualquer maneira, não há dúvida de que o futuro da atividade passa pela realidade da internet. Pesquisa divulgada em maio pelo instituto Zogby e feita entre 704 executivos de primeiro escalão da indústria no mundo revela que 86% deles acreditam que a Redação dos veículos impressos tem que se integrar mais com a sua versão eletrônica e dois terços acham que em dez anos a maneira mais comum de consumir jornalismo será via on-line.

‘Os editores sabem a solução: inovar, integrar. Ou perecer’, resumiu o diretor do instituto, John Zogby.

Diante disso, como anda a Folha neste capítulo? Muito mal, segundo leitores que têm escrito periodicamente ao ombudsman. Jaime C. Silveira disse que cancelou sua assinatura do UOL, que mantinha só para ler a Folha, cansado de esperar por uma edição confortável de ler na tela, como a de diversos diários no Brasil e em outros países.

Gustavo Camargo, após conhecer edições eletrônicas de concorrentes deste jornal, pediu: ‘Avisa o pessoal que estão ficando velhos, fora de moda. Daqui a pouco terão de pintar o cabelo de azul’.

Ana Busch, responsável pela edição eletrônica da Folha e pelo jornal em tempo real Folha Online, diz que a primeira deve ser reformulada: ‘Temos um projeto para implantar uma versão com reprodução fiel das páginas do jornal, que seja prática, de fácil navegação e principalmente leve, ou seja, que possa ser consultada a partir de qualquer navegador ou tipo e velocidade de conexão. Esse é um grande desafio, mas estamos trabalhando para vencê-lo em breve’. Não disse quando. O jeito é esperar.’

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‘Afinal, o que Soninha adoraria?’, copyright Folha de S. Paulo, 23/11/08.

‘A vereadora e colunista desta Folha, Soninha Francine, recorreu ao ombudsman para reclamar do título de reportagem publicada por este jornal em 30 de outubro: ‘Soninha afirma que ‘adoraria’ participar da equipe de Kassab’.

A frase passou a circular como argumento político contra ela, que afirma ter dito o contrário. ‘Disse que adoraria ter poder, mas isso não significa que aceitaria participar da ‘equipe de Kassab’ (expressão que nunca usei) porque não poderia ter certeza de que isso significa ter poder de fato’.

Mandei a queixa à Redação, que respondeu: ‘O título está correto e a reportagem reproduz textualmente declaração da vereadora, gravada’.

A vereadora rebateu: ‘Nenhum trecho da entrevista -gravada, ótimo!- trará frase em que afirme que adoraria fazer parte da equipe de Kassab. Poder Executivo não é sinônimo de equipe do Kassab’.

A Redação voltou a sustentar o título, ‘correto e honesto’. A queixosa pediu ‘o arbítrio do ombudsman’, que solicitou acesso à gravação ou sua transcrição, o que lhe foi negado, sob o argumento de que a ele ‘cabe criticar o jornal, mas suas sugestões e observações não têm caráter deliberativo’.

Nunca sonhei que tivessem. Mas para emitir opinião justa e conscienciosa, precisaria ter todos os elementos. Com os de que disponho agora, considero que a Folha, no título em questão, distorceu as declarações da entrevistada.’

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‘Para ler’, copyright Folha de S. Paulo, 23/11/08.

‘‘A Internet’, de Maria Ercília e Antonio Graeff, Publifolha, 2008 (R$ 17,90) – pioneiros da web no Brasil contam história de sua expansão no país

‘A Rede’, de Juan Luis Cebrian, tradução de Lauro Machado Coelho, Summus, 1999 (a partir de R$ 24,08) – fundador do diário ‘El País’ discute a internet, em que seu jornal resolveu investir pesadamente

PARA VER

‘Mensagem para Você’, de Nora Ephron, com Tom Hanks e Meg Ryan, 1998 (a partir de R$ 12,80) – comédia romântica ingênua e bonitinha sobre os primórdios da internet, quando se apaixonar via correio eletrônico era novidade

‘O Preço de uma Verdade’, de Billy Ray, com Hayden Christensen, 2003 (a partir de R$ 21,90) – história baseada em fatos reais sobre brilhante repórter que inventava matérias com base no que lia na internet, e que foi desmascarado também por causa dela

ONDE A FOLHA FOI BEM…

América do Sul

Jornal dá prioridade ao subcontinente em seu noticiário internacional e se diferencia positivamente de todos os outros veículos

…E ONDE FOI MAL

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