Boa parte das reclamações recebidas pelo ombudsman do Washington Post [21/11/04], Michael Getler, na semana passada, foram sobre duas charges publicadas no sítio do jornal. A primeira, de Ted Rall, retratava uma classe de alunos com deficiência mental em alusão ao grupo que atualmente governa os EUA. ‘Não posso imaginar um ser humano que ache que o ato de desenhar isso seja algo divertido. E não posso acreditar que o jornal a considerou adequada para imprimir’, escreveu um leitor, aparentemente ignorando o fato de que o desenho não saiu impresso, apenas no sítio.
A outra charge, de Pat Oliphant, representava a nova secretária de Estado, Condoleezza Rice, de forma caricata, o que, para algumas pessoas, denotava racismo – a secretária é negra. ‘Uma coisa é ser anti-Bush e anti-Rice, mas publicar um desenho racista para tentar provar seu ponto de vista é indesculpável’, comentou um leitor.
Getler explica que a equipe do jornal é muito cuidadosa com o que sai em sua versão impressa, mas que, em seu sítio de internet, há partes que são diretamente abastecidas por terceiros – caso dessas duas charges. Nenhum funcionário do Post as viu antes que entrassem no ar. Ainda assim, ficavam numa área pouco evidente, aonde só chegaria quem realmente as estivesse procurando. O ombudsman afirma que ficou claro que parte das queixas que recebeu era de gente que sequer viu do que se tratava, apenas foi estimulada por alguma campanha organizada contra o jornal, que acaba sendo prejudicado por rumores imprecisos.
Outras pessoas argumentaram que, independente do fato de alguém estar controlando o conteúdo, o Post é responsável por tudo aquilo que sai em seu portal, o que está certo. Por isso mesmo, a charge de Rall foi tirada do ar. O editor-executivo do Washingtonpost.com, Doug Feaver, disse que a figura de Oliphant não foge aos padrões normais das caricaturas e, por isso, vai ficar no sítio, mas entende que outras pessoas possam não concordar com sua opinião.