‘Análise sobre imagem, auto-estima nacional e ficção revela detalhes interessantes sobre essa adoção
Poucas imagens têm tanta força de comoção popular quanto um choro de vencedor no último bloco do Jornal Nacional, um pouco antes da novela. Os olhos de quem vê, atentos, já estão preparados para o embate eterno entre candura e vilania extremos que terá mais um desdobramento nos próximos minutos, no folhetim. A ressonância de um choro humano de verdade, e célebre, um pouco antes das celebridades em novela povoada, afinal, por não-humanos, pode ser contundente. Há poucos dias, Daiane dos Santos, ginasta porto-alegrense, chorou, após contar para uma câmera vidrada, em atmosfera cenográfica artificialmente intimista e austeramente iluminada, meia dúzia de coisas sobre sua trajetória de menina humilde que venceu.
Em 1999, antes de tornar-se craque nas técnicas de solo na ginástica feminina, feito que conseguiu amparada por amadurecimento estilístico relevante e, antes, graças à conformação física alien e à capacidade de explosão brutal que ostenta, Daiane, menina de estatura, baixíssima, e pernas, abundantes, dignas de contos de fadas, conseguiu uma medalha de prata no salto sobre o cavalo. Foi em Winnipeg, em uma edição bonita, e esvaziada de talentos, dos Jogos Pan-Americanos que, no Brasil, foi noticiada e documentada por uma das mais saborosas e obcecadas coberturas esportivas que se viu na TV nacional.
O trabalho foi uma espécie de colação de grau da ESPN Brasil, canal pago, que, no ano seguinte, reeditaria o modelo jornalístico, com a mesma disciplina, em formato e em programação, no complexo olímpico de Sydney, quando a dimensão agigantou-se. A Globo não estava lá, no grande passo em Winnipeg, não mostrou nenhum rosto afofado de ternura e úmido de lágrimas, nem a casa proletária de ninguém.
A ESPN Brasil, enquanto outros meios permaneciam em repouso, desde então, passou a seguir periodicamente os passos e a evolução, observando avanço de mazelas e resistência de virtudes, ou o contrário, da estrutura interna que vem regendo a ginástica no Brasil nos últimos anos. E, claro, também a evolução das atletas. Aliás, há menos de 2 anos, falava-se mais em Daniele Hypólito, certamente a ginasta mais completa já labutada e forjada em solos brasileiros. A consagração maior de Daiane, a ‘força’, é recente, vem de dois anos para cá, e tem sua razão em performances esculturais e de fato prodigiosas no solo. Os resultados acordaram todo mundo, já que, na cultura esportiva brasileira, basta ser primeiro.
Não é pouca coisa ter, por exemplo, inventado um movimento, que, após demonstrado em competição oficial, acabou sendo batizado com o sobrenome da gaúcha. Daniele, a ‘técnica’, um pouco antes dessa ‘Daiane Mania’, conseguiu em Sydney o resultado mais significativo da ginástica brasileira em Jogos Olímpicos. A festa foi menor, decerto. A febre Daiane é mais latejante, porque a menina é negra, cresceu com recursos modestos dentro de uma casa periférica e foi desacreditada em seu início no esporte. Daiane encarna também um arquétipo, étnico e social, oportuno em um Brasil 2004.
Em um Rio Grande não tão negro (entretanto com negros desfrutando de situação social razoavelmente confortável em comparação com outros Estados), mas bem politizado, Daiane surge como sintoma mais do que interessante de labor rigoroso na associação entre caráter, imagem e contexto político. Agregado às pernas de heroína de revista em quadrinhos e ao rosto de pureza de uma boneca de porcelana, uma carga simbólica atualíssima e poderosa de ‘valor brasileiro’ nos tempos de governo Lula. O Rio Grande do Sul é, curiosamente, morada de um PT forte e consistentemente arraigado nas estruturas, urbanas e administrativas. Voltemos ao ponto: Daiane e Globo.
Daiane tornou-se uma especialista nas técnicas de solo (é deficiente em outras variações da modalidade) e realmente é produto humano e visual perfeito para alimentar essa instituição, de forte passaporte brasileiro, a orgia da auto-estima nacional em torno do ídolo, sofrido e fenomenal, enquadrado em horário nobre. Aqui, não se trata de informar, de aprofundar. A ordem é formar, esculpir e perfumar uma imagem.
Daiane é demais, só que o projeto nacional da linguagem Globo é mais. É curioso notar a atenção carinhosa por parte da emissora depois de alguns anos de quase total limbo e alienação quanto à rotina esportiva da ginasta. É óbvio e natural que, com resultados expressivos, marcas, o olhar da grande mídia mude. Daiane passou a existir, e não foi apenas para a Globo. Porém, no caso da Globo, temos um projeto corporativo, político e midiático mais sério e bem acabado. Algo que passa camuflado nas entrelinhas do sorriso de pesadelo desinfetado que brota na cara de Fátima Bernardes.
Trata-se de abraçar afetuosamente aquele, o Daiane da vez, que reflete os contornos do ‘sonho brasileiro’. A Globo torna-se, assim, a proprietária da imagem do júbilo. Dona moral e grife indissociável do registro de um país miscigenado, plural e alegre que vence apesar das contrariedades e de eventuais senzalas. Serve para alinhamento com qualquer doutrina, com esta ou com qualquer outra que vier, com qualquer poder, em qualquer modelo.
O importante é que sempre esteja lá a mãe Globo, com sua generosa e maternal benção documental do choro e da emoção dignificante. Descoberta a mãe da criança. Em suma, a porta-voz de nosso talento heróico e improvisador para sobreviver e conquistar em um mundo que não foi medido e pensado exatamente para nós.
Nada como a limpeza dessas lentes Globais para santificar e simplificar, em um rosto imaculado, uma vida inteira. Esta vida é reduzida a uma logomarca 3D da emoção humana e brasileira, impacto talvez mais malicioso e refinado do que o banal e moral sensacionalismo de outras emissoras. Os filtros tratam de cobrir o que há de hipócrita e perigoso nisso, mas não o que há de superficial e aproveitador. A mensagem que fica é a de guarda, zelo, certa proteção sobre o que toca o coração do povo. A câmera íntima arranca lágrimas de dentro e de fora. Uma montagem sonora, com Brasileirinho como eixo, berra como se estivéssemos vivendo um conto de ficção científica melancolicamente bizarro, à la Ray Bradbury. A edição de imagens faz, engenhosa e reluzente, Daiane mais Globo, portanto, mais Brasil.’
Marcelo Marthe
‘O Big Brother sou eu’, copyright Veja, 28/04/04
‘Se depender do carioca J.B. de Oliveira – o Boninho, diretor do Big Brother Brasil -, uma tarefa aguarda os participantes da próxima edição do programa: eles serão obrigados a ler o livro 1984, do inglês George Orwell, que inspirou o nome da atração. Na obra, há uma entidade conhecida como Grande Irmão, que tudo vê e a todos controla. ‘Quero deixar claro que há um Grande Irmão no comando do programa’, diz Boninho. Como uma de suas atribuições é vigiar, dar ordens e reprimir os concorrentes desde os bastidores, quem desempenha esse papel no pedaço, claro, é o próprio diretor. Hoje, o domínio desse Grande Irmão se estende para além da casa do Big Brother. Boninho tornou-se referência na Rede Globo quando o assunto é reality show. ‘O segredo é incentivar o tempo todo a participação do público, pois o brasileiro adora isso, e dar um ar de novela às tramas que surgem durante o programa’, diz Boninho. Filho de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-todo-poderoso da Globo, o novo guru dos reality shows se criou nos corredores da emissora. Mas sua carreira deslanchou mesmo há quatro anos, quando produziu o primeiro sucesso desse gênero no país, No Limite. Boninho amargou, é verdade, um fracasso no ano passado: O Jogo, uma mistura insossa de dramaturgia e reality show. Mas Big Brother eclipsou a derrapada, e manteve seu cacife em alta. Ele acaba de receber uma nova missão: dirigir a terceira edição da gincana musical Fama e implementar várias mudanças no formato da atração, que deve estrear em junho.
Como diretor do Big Brother, Boninho comanda duas etapas cruciais na criação do reality show: a escolha dos concorrentes e a seleção do que vai ao ar. Boninho jura que certos detalhes picantes sobre o elenco da recém-encerrada quarta versão do programa eram ignorados pela produção. Por exemplo, a detenção da participante Juliana na adolescência, por porte de drogas, e o fato de que a argentina Antonela teria em seu currículo uma peça pornô. ‘Se a participante fosse honesta o suficiente para dizer que é garota de programa ou que foi presa por causa de entorpecentes, é claro que ela não entraria no Big Brother’, afirma ele. Em vez de investigar esse tipo de coisa, a seleção se concentra em outros tópicos: os candidatos passam por uma bateria de exames que inclui teste de HIV. Quanto à edição, o diretor não se abala com as acusações dos eliminados que se dizem prejudicados pela forma como são mostrados. ‘Esse papo de perdedor é clássico. Se as pessoas nas ruas identificam fulano como chato ou sicrana como barraqueira, vamos realçar isso’, diz.
O elenco do último Big Brother se destacou pelo pendor para a baixaria. Sabe-se que isso incomodou a cúpula da Globo em pelo menos um momento: foi solicitado a Boninho mais pudor ao mostrar os amassos entre Juliana e o lutador Marcelo. ‘O nosso Big Brother é fichinha perto da versão alemã, que é pura fornicação’, comenta o diretor. O elenco também se destacou pela rebeldia. Em várias ocasiões, Boninho, o Grande Irmão, teve de entrar em cena. Durante uma aparição no programa, a apresentadora Ana Maria Braga propôs aos participantes o desafio de colocar um ovo cozido numa garrafa. ‘A Ana Maria falou mais do que devia’, diz o diretor. Irritado, ele pediu que os participantes esquecessem a história do ovo. Eles não esqueceram. às 3 e meia da manhã, botavam fogo numa garrafa cheia de álcool. Boninho ordenou que a brincadeira acabasse e anunciou, como castigo, o cancelamento de uma festa. ‘Os senhores são malucos incendiários’, ralhou.
Em sua adolescência, no fim dos anos 70, Boninho já dirigia clipes para o Fantástico. ‘Ser filho do Boni me permitiu pular etapas’, reconhece. No trabalho, colecionou desafetos como o diretor Daniel Filho. é atribuída a este último a frase ‘O Boni fez muita coisa boa, mas também fez o Boninho’. A antipatia é uma via de mão dupla. Quando seu pai se desligou da Globo, em 1997, o diretor passou por sua fase mais difícil na emissora, que incluiu um período na geladeira. Com o sucesso de No Limite, isso começou a mudar. Boninho casou-se pela primeira vez, aos 21 anos, com a socialite Narcisa Tamborindeguy. A união durou pouco e ele não gosta de falar no assunto. ‘Se Narcisa tem mágoa de mim, que guarde para ela’, diz. O diretor tem uma filha de 19 anos com ela e um filho de 8 anos de seu segundo casamento. Aos 42, está casado pela terceira vez, com a atriz Ana Furtado. O stress do Big Brother teve um efeito visível sobre sua silhueta: no último programa, ele engordou 10 quilos – atualmente, pesa 97. Alguém vai encarar o Grande Irmão?’
PLENÁRIA FNDC
‘FNDC convoca sua XI Plenária’, copyright Boletim de Divulgação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – nº 36, 26/4/2004
‘Encontro anual pretende reunir representantes de mais de 50 entidades na cidade de Goiânia. O objetivo central vem do espírito do tema: Consolidar um Projeto Nacional para as Comunicações no Brasil. No programa, revisão dos principais documentos do Fórum, debate sobre a organização para ações efetivas nos estados e eleições para a Coordenação Executiva e os conselhos Deliberativo e Fiscal.
A Coordenação Executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) está convocando suas entidades nacionais e regionais associadas, e todos os interessados, a participarem de sua XI Plenária. A nova assembléia do FNDC será realizada de 21 a 23 de maio no Umuarama Plaza Hotel, em Goiânia (GO). Informações detalhadas estão disponíveis clicando-se aqui.
O tema central da Plenária será a consolidação de um projeto nacional para as comunicações brasileiras. São esperados mais de cem participantes representando, no mínimo, 60 entidades. Estarão sob análise das entidaes participantes dois dos principais documentos do Fórum: seu Estatuto Social e as Bases de um Programa para a Democratização da Comunicação no Brasil. Ambos serão submetidos ao trabalho de revisão e atualização de forma e conteúdo. Aprovado em julho de 1994, durante a V Plenária do FNDC, em Salvador, o Programa do Fórum deverá passar por aperfeiçoamentos no sentido de reafirmá-lo como referência de projeto nacional para a área das comunicações no Brasil. Conceitos como diversidade cultural, convergência tecnológica e sociedade da informação, que não existiam na agenda do início dos anos 90, deverão estar na pauta dos debates.
No caso do estatuto, que será adequado ao novo Código Civil, o esforço será de enquadrar o texto jurídico às mudanças que a sociedade e a política mundial experimentaram na última década. Na época em que o estatuto foi redigido e registrado, há quase nove anos, o Brasil ainda engatinhava frente ao fenômeno do Terceiro Setor e da democracia participativa.
O encontro
Como já ficou consagrado historicamente, os dois dias e meio de Plenária prometem ser de muita discussão e avaliação. Na noite da abertura, o programa (leia a íntegra clicando aqui) prevê um debate aberto com a Coordenação Executiva e o jornalista Daniel Herz, um dos fundadores do Fórum e membro do Conselho de Comunicação Social. No sábado, será a vez dos delegados e participantes fecharem os textos do novo Estatuto o do Programa. A discussão partirá de duas teses-guia, que deverão ser publicadas pelo Conselho Deliberativo do FNDC até o dia 3/5.
O domingo iniciará com as eleições das entidades que integrarão a Coordenação Executiva e os conselhos Deliberativo e Fiscal no período 2004-2006 (leia a dinâmica da eleição nas normas da XI Plenária). A Plenária será encerrada com a elaboração de um plano de lutas baseado nos principais desafios que se apresentam em relação à conjuntura nacional. A intenção da Executiva foi de elaborar um temário que tenta abranger as principais discussões sobre a área e a mobilização necessária para pôr em prática as ações aprovadas.
Datas previstas
O calendário da XI Plenária definido pela Coordenação Executiva prevê duas semanas de esforço concentrado das entidades regionais e comitês regionais para apresentação de teses e formalização das inscrições das entidades participantes. Veja como ficaram as datas:
* 3/5/2004 – 2ª feira – Apresentação, por parte do Conselho Deliberativo, dos textos-base para a atualização do documento ‘Bases de um Programa para a Democratização da Comunicação no Brasil’ e para a reformulação do Estatuto Social do FNDC;
* 7/5/2004 – 6ª feira – Formalização da associação ao Fórum de Entidades Nacionais e Entidades Regionais, registro de Comitês Regionais instalados e solicitação de inscrição, por Entidades Nacionais e Regionais, associadas ou não, de Observadores a serem enviados à XI Plenária;
* 10/5/204 – 2ª feira – Divulgação da lista oficial das Entidades Nacionais, Comitês Regionais e Entidades Regionais habilitadas a participar da XI Plenária e credenciar delegados e observadores;
* 14/5/2004 – 6ª feira – Apresentação, à Coordenação Executiva, de Teses e Propostas a serem debatidas na XI Plenária;
* 17/5/2004 – 2ª feira – Distribuição das Teses e Propostas encaminhadas para o debate na XI Plenária
Minas e Maranhão já têm comitês pela democratização
Minas Gerais e Maranhão são os mais novos estados que passam a contar com comitês regionais do FNDC. Nos últimos dois meses, entidades de diferentes origens promoveram articulações que resultaram em 15 novas associações ao Fórum.
Em Belo Horizonte, foram três dias de debates e atividades que resultaram na criação do Comitê pela Democratização da Comunicação de Minas Gerais, em 27 de março. Por inciativa da Abraço mineira e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado, com apoio do Conselho Regional de Psicologia 6ª Região, do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura e do Conselho Federal de Psicologia, realizou-se uma audiência pública na Assembléia Legislativa, seminário ‘Queremos todos no controle’ e o painel ‘Perspectivas para a Democratização da Comunicação. Segundo uma das coordenadoras do Comitê Minas, os eventos possibilitaram uma articulação significativa de movimentos sociais preocupados com os rumos das políticas de comunicação em Minas. O Comitê foi fundado com oito entidades da sociedade civil e a bandeira da instalação de um Conselho Estadual de Comunicação, previsto no artigo 230 da Constituição Estadual de 1989 e nunca instalado. Compõem o Comitê Mineiro o Conselho Regional de Psicologia (4ª região), a Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, a ONG TVER, a ONG NET, o Jornal Brasil de Fato e a Consulta Popular.
No Maranhão, a iniciativa partiu da Associação Maranhense de Imprensa (AMI), do Instituto do Homem e da Associação Maranhense de Formação de Governantes. O Comitê pela Democratização da Comunicação do Maranhão foi criado no dia 14 de abril e inicialmente será formado por sete entidades. Além das três citadas estão na lista as seções regionais da Abraço e da OAB, a Agência de Notícias da Infância Matraca e a ONG Travessia. De acordo com José de Ribamar Lima Santana, da AMI, uma das primeiras áreas de interesse do comitê também será a luta pela implantação de um conselho estadual de comunicação. Com as duas novas adesões, o FNDC possui hoje comitês em oito estados. Além de Minas e Maranhão, a luta pela democratização da comunicação está organizada em São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Goiás e Bahia. Na próxima Plenária, espera-se ainda a instalação de comitês em Pernambuco e no Distrito Federal.
Sempre é tempo de você participar do Fórum. Faça contato com os comitês regionais e comissões pró-comitês do FNDC em seu estado (veja lista abaixo). Caso na sua região ainda não exista esta iniciativa, contribua para criá-la reunindo um mínimo de cinco entidades e instale seu comitê. Informações você encontra em www.fndc.org.br/comoseassociar.html
Bahia – Jonicael Cedraz (jonicael@ufba.br)
Distrito Federal – Bráulio Ribeiro (braulioribeiro@pop.com.br)
Goiás – Maria José Braga (mjbraga@terra.com.br)
Maranhão – José Ribamar Lima Santana (jrlsantana@uol.com.br)
Minas Gerais – Milton Bicalho (miltonbicalho@terra.com.br)
Pernambuco – Rosário de Pompéia (rosario@cclf.org.br)
Rio Grande do Sul – Marcelo Souza (marcelo@engenhocomarte.com.br)
Rio de Janeiro – Márcio Câmara Leal (marciocleal@globo.com)
Santa Catarina – Eliane Travassos (litravassos@uol.com.br)
São Paulo – Terlânia Bruno (terlania@obore.com.br)’
BAND & O DIA
‘O Dia e Bandeirantes firmam acordo’, copyright MMOnline, 22/04/04
‘Na próxima segunda-feira, dia 26, o jornal O Dia e a Bandeirantes, firmam acordo de cooperação na Associação Comercial do Rio. A parceria visa a uma integração para melhor noticiar o Estado do Rio de Janeiro. O evento, às 11h, contará com a presença do ministro das Comunicações Eunício Oliveira, da governadora Rosinha Garotinho, da diretora-presidente do Dia Ariane de Carvalho Barros e do ´presidente da Bandeirantes Johnny Saad.
Além de uma aliança de conteúdo, o acordo espera rentabilizar e complementar as informações entre as duas mídias nas mais variadas ações. No começo desse ano, por exemplo, trabalharam em conjunto na realização da Corrida de São Sebastião, e há um mês os repórteres do Dia participam com flashes ao vivo, direto da redação, nos noticiários Jornal do Rio e do Band News RJ.’
CRÔNICA ESPORTIVA
‘Bateu, levou: jornalismo e violência’, copyright Folha de S. Paulo, 23/04/04
‘Quem sabe -a academia apronta cada surpresa- ainda não aparece uma tese ensinando que, quando um técnico de futebol manda seu atacante ciscador cavar um pênalti, na verdade ele quer dizer para pegar uma pá e tirar um pouco de grama e terra do que no tempo de Friedenreich se chamava marca dos 11 metros. Vai ver é linguagem de boleiros.
Na corporação dos treinadores inexiste surpresa. De onde menos se espera alguma coisa é que ela não sai. às vésperas da decisão que deu o título do Rio ao Flamengo, o técnico vascaíno Geninho bradou em um treino: ‘Ficou parado, chuta o tornozelo dele’.
Os colegas treineiros saíram em sua defesa: foi maneira de falar, idioma do futebol, não mandou bater.
No jornalismo esportivo, o que também era previsível, Geninho teve amplo respaldo. A despeito da condenação de quem ouviu um incentivo à violência, pareceu majoritária a opinião de que, ao mandar chutar o tornozelo de quem fica parado, Geninho não estava mandando chutar o tornozelo de quem fica parado. Só queria reforçar a marcação.
Agora mesmo não faltará a condenação jornalística: requentando assunto, não tem do que falar, deve ter passado o feriado na praia e perdeu a rodada inaugural do Campeonato Brasileiro.
Nem uma coisa nem as outras. Apagar da memória um episódio como o da semana passada contribui para que ele se repita.
Três dias antes de o técnico sancionar a Lei de Geninho, o rubro-negro Felipe infernizara o Vasco com seus dribles no abril vermelho e preto. Felipe pára antes de driblar. Dribla parado. E tem andado com um tornozelo baleado.
Casca de abacaxi, cheiro de abacaxi e gosto de abacaxi -abacaxi é. E se não for? Quer dizer que, se não fosse em Felipe, tudo bem? Podia chutar?
Irresponsável não é condenar Geninho. é a leniência do jornalismo com a violência no futebol. E alguém acha que é só Geninho? Ouvi a pergunta como argumento para deixar pra lá o episódio. Pelo contrário: que sirva como lição aos truculentos.
Quando certa feita Geninho gritou ‘pega!’, e o lateral Roger pegou e foi expulso, havia dúvidas sobre a mensagem. O emissor jurou que não quisera dizer o que entendera o receptor. é do jogo. Não dá para igualar o incerto ‘pega’ com a evidência do ‘chuta!’. Mesmo sabendo que os códigos dos meios têm significados só compreensíveis a estes.
Quem melhor esclareceu a pendenga foram os jogadores do Vasco. Entenderam a ordem. Bateram tanto que houve ‘apenas’ quatro expulsões devido à parcimônia do árbitro. Coutinho não chutou o tornozelo. Rebelde, acertou Felipe mais em cima, quase no joelho.
As misérias do jornalismo não devem intimidá-lo a cumprir a missão de fiscal dos interesses de leitores e espectadores. A busca de decência no futebol não se opõe à defesa da ética nas Redações. Geninho não disse uma frase infeliz. Deu uma ordem criminosa.’
VIOLÊNCIA & JORNALISMO
‘Radialista é assassinado a tiros na fronteira entre Paraguai e Brasil’, copyright O Estado de S. Paulo, 23/04/04
‘O radialista brasileiro de origem paraguaia Samuel Román, de 36 anos, foi assassinado na noite de terça-feira em Capitán Bado, a 500 quilômetros de Assunção, que faz divisa com Coronel Sapucaia, Mato Grosso do Sul. Ele tinha prestado recentemente depoimento à polícia da cidade brasileira, na apuração de um escândalo de jogo e citou nomes de políticos influentes de Sapucaia.
Filho de paraguaios, o radialista nasceu em Sapucaia. Román dirigia o programa de notícias A Voz do Povo, na rádio de Capitán Bado Ñu Porã – guarani para Campo Lindo.
A polícia informou que, na terça-feira, o radialista foi abordado por dois homens em uma moto. Um deles disparou 13 tiros de pistola 9 milímetros, na frente de um dos filhos de Román. O comandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel José Ivan de Almeida, seguiu para a fronteira para acompanhar as investigações.
Segundo a imprensa sul-mato-grossense, o radialista foi convocado a depor no início do mês porque seu carro estava na garagem do imóvel onde supostamente funcionava um cassino. Apontado como dono do estabelecimento, o empresário Jorge Mukai foi preso.
Ontem, três brasileiros suspeitos do crime foram presos no Paraguai e deportados para o Brasil: Ricardo Antonio Machado, de 33 anos; Fabiano Lucena, de 18, e Luciano Gregorio de Lucena, de 23.’
FUSÃO SONY / MGM
‘Sony pode oferecer US$ 5 bilhões para ter Metro-Goldwyn-Mayer’, copyright Gazeta Mercantil, 23/04/04
‘A Sony, segunda maior fabricante de produtos eletrônicos de consumo do mundo, e duas companhias de aquisição de controle acionário podem comprar o estúdio cinematográfico Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) por US$ 5 bilhões, disseram fontes familiares ligadas às empresas. A Sony, a Texas Pacific Group e a Providence Equity Partners investirão US$ 1,5 bilhão à vista e financiarão o restante da transação com dívida, segundo as fontes. A Sony, sediada em Tóquio, já é dona da Sony Pictures Entertainment, que inclui o estúdio Columbia Pictures.
Se efetivada, a aquisição pode dobrar o tamanho do arquivo de filmes da Sony para cerca de 8 mil filmes, acrescentando os títulos da MGM, como os filmes de James Bond. A Sony poderá ampliar seu arquivo de 85 mil horas de programas de televisão com os 10 mil episódios de TV da MGM, incluindo a antiga série ‘Quinta Dimensão’. Ganhando esses ativos, a Sony também adquirirá o fluxo de caixa da MGM, que segundo um analista pode alcançar de US$ 150 milhões a US$ 200 milhões este ano.
‘Isso é muito bom para a Sony’, disse Mark Greenberg, gerente dos US$ 938 milhões em ativos da Invesco Leisure Fund, que detém mais de 750 mil ações da MGM. ‘O valor da MGM é seu arquivo pós-Segunda Guerra Mundial, o maior de Hollywood. É a lógica’. A MGM emitiu uma nota informando que continua propondo que seu conselho aprove planos para um dividendo de US$ 8 por ação. Essa pode ser a terceira vez que o bilionário Kirk Kerborian, que controla 74% da MGM, vende o estúdio. Kerborian tentou, sem sucesso, fundir seu estúdio com a Sony Pictures em 2001.
O preço de US$ 5 bilhões implica um preço por ação de US$ 21, disse o analista da Lehman Brothers, Anthony DiClemente. As ações fecharam em US$ 17,65 na terça-feira, um dia antes da notícia sobre a negociação se tornar pública. ‘Ao nosso ver, o valor justo é de US$ 19 a ação’, disse DiClemente, que classifica as ações da MGM como ‘na média do mercado’ e não as detém. ‘Se Kirk conseguir vender por US$ 21 a ação, na nossa opinião, isso será um fim hollywoodiano para a MGM’, disse DiClemente. As ações da MGM saltaram US$ 2,10, ou 12%, para uma alta de 52 semanas de US$ 19,75.
As empresas de mídia de grande porte estão adquirindo ativos para ganhar conteúdo como filmes, e os meios para distribuí-los. A News Corp., de Rupert Murdoch, pagou em dezembro US$ 6,6 bilhões por uma participação controladora no serviço de TV via satélite DirecTV para ganhar uma fatia do mercado de TV paga dos EUA. A NBC, da General Electric, informou na terça-feira que a Federal Trade Commission (FTC) aprovou seu plano de comprar os ativos de entretenimento nos EUA da Vivendi Universal, por US$ 14 bilhões.
A MGM registrou, no ano passado, um prejuízo de US$ 161,8 milhões sobre vendas de US$ 1,88 bilhão. O estúdio vai anunciar seus resultados financeiros do primeiro trimestre dentro de uma semana. Para o ano fiscal encerrado em 31 de março, a Sony lucrou ¥ 88 bilhões (US$ 803,79 milhões) sobre vendas de US$ 68,5 bilhões. O lucro da atividade cinematográfica da Sony despencou 82% para US$ 51,15 milhões no trimestre com término em 31 de dezembro, o período mais recente para os quais as estimativas estão disponíveis, devido à falta de filmes de sucesso. Bloomberg News’
REALITY SHOWS
‘De ambulante a superprodutor’, copyright Veja, 28/04/04
‘
Nenhum produtor personifica o sucesso dos reality shows como Mark Burnett. Esse inglês de 43 anos, radicado na Califórnia, conquistou um latifúndio na TV americana. Até quinze dias atrás, duas das três maiores audiências do país tinham sua grife: The Apprentice, estrelado pelo bilionário Donald Trump e cuja final foi ao ar no dia 15, e Survivor: All-Stars. Esse último é o oitavo de uma série que se iniciou em 2000 com Survivor, primeiro grande sucesso do gênero nos Estados Unidos. Matriz do brasileiro No Limite, é uma gincana disputada num lugar selvagem. Burnett – que já ganhou a vida como vendedor ambulante de camisetas numa praia californiana – figura na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo recém-publicada pela revista Time. é tido como uma usina de idéias e conhecido pelo poder de persuasão. Exemplo: abordou Trump pela primeira vez mesmo sem conhecê-lo, aproveitando a deixa de uma gravação numa de suas propriedades. O empresário, que já dissera não a outras propostas de reality shows sobre sua vida, rendeu-se a suas idéias. ‘Burnett é um visionário’, diz Trump.’