Na semana passada, o ombudsman do Washington Post, Patrick B. Pexton [12/11/11], recebeu muitos telefonemas e emails sobre o escândalo envolvendo Joe Paterno, técnico do time de futebol americano da Universidade Estadual da Pensilvânia (conhecida como Penn State), que foi demitido após seu adjunto ter sido acusado de pedofilia – Paterno teria sido informado do caso por outro funcionário do time, e não o denunciou à polícia.
Muitos dos leitores acharam que a cobertura do Post não teve muita profundidade e dependeu muito da opinião de colunistas. Para Pexton, quando comparado ao New York Times e ao USA Today, o Post realmente foi mais lento para escrever sobre o tema e, quando o fez, a cobertura estava, na maior parte, nos artigos de opinião.
No dia 5/11, o ex-coordenador de futebol americano da universidade, Jerry Sandusky, foi preso acusado de abusar sexualmente de oito meninos ao longo de vinte anos. Leitores da versão impressa doPost só tomaram conhecimento do escândalo no dia seguinte, na coluna de Mike Wise, na seção de Esportes, questionando, de maneira apropriada, o papel de Paterno, que era chefe de Sandusky. Não houve matéria.
Matemática
O NYTimes, por sua vez, publicou uma matéria de capa. No dia seguinte, o Post publicou uma matéria da Associated Press na terceira página da seção de Esportes. O NYTimes publicou duas matérias assinadas por repórteres de sua equipe; o USA Today publicou uma chamada na capa para uma matéria na seção de Esportes. A cobertura seguiu mais ou menos semelhante ao longo da semana – o que irritou os leitores do Post.
No total, o Post publicou sete colunas e cinco matérias, duas delas apenas online. O único artigo de capa foi uma coluna de Thomas Boswell. Já o NYTimes publicou 15 matérias ao longo do mesmo período, incluindo quatro de capa, mais três colunas. O jornal também fez um esforço para dar um foco nacional ao caso – o que ele refletia sobre o poder do futebol americano universitário e o esporte universitário, de maneira geral. O USA Today publicou 17 matérias – três delas de capa, mais três colunas.
Cobertura justa
Segundo Matt Vita, editor de Esportes do Post, a cobertura do diário foi justa. “Tivemos pessoas em campo na maior parte da semana. Além disso, nossos colunistas são o esqueleto da nossa seção e, quando publicamos comentários provocadores e interessantes de Mike Wise, John Feinstein, Sally Jenkins, Tracee Hamilton, Jason Reid e Tom Boswell, estamos prestando a nossos leitores um tremendo serviço. Estamos trazendo mais para uma pauta sobre um campus universitário que normalmente não faz parte da nossa cobertura”, disse.
Na versão online, a cobertura do Post foi mais extensa porque publicou dezenas de matérias da AP e seus muitos blogueiros trataram do assunto. No entanto, a maior parte da receita do jornal vem do impresso. Embora o estado da Pensilvânia esteja fora da área de cobertura do Post e os recursos do jornal sejam limitados, o escândalo foi grande o suficiente para merecer mais destaque, defendeu o ombudsman. O esporte universitário é extremamente importante nos EUA, pois são dos times das universidades que saem os jogadores profissionais. Além disso, Joe Paterno, hoje com 84 anos, é um dos mais conhecidos e respeitados treinadores de futebol americano universitário do país. Ele ocupava o cargo na Penn State há 46 anos e pode-se dizer que sua demissão provocou comoção nacional.