Na semana passada, a seção infantil do Washington Post, ‘KidsPost’, trouxe um artigo sobre um menino de 10 anos que tem como pais um casal de mulheres – sua mãe biológica e a companheira dela. Um quadro junto a essa matéria mostrava o ponto de vista daqueles que se opõem à união entre pessoas de mesmo sexo.
Tracy Grant, editora do suplemento, diz que muitos pais escreveram agradecendo por um assunto como esse ser explicado pelo jornal. No entanto, outros não gostaram de ver seus filhos expostos a essa temática, que consideram ‘inadequada’. ‘Não pretendo deixar que o Post determine quando é uma boa hora para falar às minhas crianças sobre os pontos mais delicados do casamento’, escreveu um leitor.
Tracy responde que as crianças, de qualquer maneira, acabam tendo acesso a matérias sobre assuntos como esse, seja pela TV, rádio, internet ou pelo Post. A diferença é que elas são feitas para adultos e, por isso, não respondem às dúvidas dos pequenos. ‘Após semanas reportando sobre o casamento gay (…), ficou claro que, mesmo sendo um tema difícil de tratar, é um assunto que o KidsPost deveria abordar, retratando não só a vida de uma criança, mas também o sentimento da maioria do país de que essa não é uma boa coisa’.
Em sua coluna de 21/3/04, o ombudsman do Post, Michael Getler, afirma que as reclamações dos leitores são compreensíveis, mas que, em sua opinião, o assunto foi bem apresentado, apesar de sua delicadeza. ‘Como um homem de notícias, sou a favor de informar as pessoas, inclusive as jovens’. Getler concorda, no entanto, que no diário em geral faltam matérias com um enfoque positivo, ou pelo menos neutro, daqueles que se opõem ao casamento gay. Neste sentido, o Post poderia ser mais balanceado.