Nas últimas semanas, alguns leitores questionaram se o Washington Post está sendo agressivo o suficiente na cobertura dos problemas envolvendo a Kaplan, divisão educacional da Washington Post Company – e responsável por metade dos lucros de todo o grupo. A Kaplan e outras empresas de educação têm atraído o interesse do Congresso e do governo de Barack Obama por conta dos baixos índices de graduação e o recrutamento agressivo de estudantes.
O Post vem cobrindo o tema, incluindo uma investigação governamental sobre as suspeitas de que recrutadores da Kaplan e outras empresas encorajaram fraudes e usaram práticas de marketing condenáveis, comenta, em sua coluna, o ombudsman do jornal, Andrew Alexander. Há um mês, o repórter Nick Anderson escreveu uma reportagem detalhada sobre a campanha da Kaplan e outras companhias de educação para bloquear ou limitar propostas de regulamentação que poderiam reduzir o financiamento federal de seus programas. A matéria citou Donald E. Graham, presidente e executivo-chefe do Post, que vem fazendo lobby com legisladores. O Post também publicou alguns editoriais contra as regulamentações. Seja em matérias ou em editoriais, o jornal deixou claro o seu interesse no tema.
Matérias em andamento
Ainda assim, foi pouco – pelo menos na visão dos leitores. Nas últimas semanas, longas reportagens de rivais do jornal continham acusações danosas à Kaplan. Uma matéria investigativa publicada no dia 10/11 na primeira página do New York Times incluía acusações de práticas condenáveis da companhia por ex e atuais funcionários. Além disso, foi divulgado que a Kaplan e outras empresas estariam sob investigação de um procurador-geral da Flórida. Já a Bloomberg News divulgou recentemente uma matéria sobre as práticas da Kaplan para recrutar veteranos militares. O Post tem uma parceria com a Bloomberg, mas o artigo não apareceu no jornal impresso ou em seu site.
Funcionários da Kaplan refutam a maior parte das acusações e alegam que as regulamentações propostas afetariam de maneira injusta escolas com fins lucrativos que tenham como público-alvo alunos de baixa renda. As acusações e as propostas vêm afetando a lucratividade da divisão educacional do grupo Washington Post.
Segundo Emilio Garcia-Ruiz, editor da equipe que cobre educação, há mais matérias sobre o tema em produção. Para o ombudsman, a cobertura deve ser breve e à frente dos rivais. Além disso, deve ser profunda, completa e, se for o caso, crítica à Kaplan. Se isto não acontecer, a credibilidade do jornal pode ser afetada. Membros da redação do Post sugeriram que, para garantir a cobertura independente, as matérias sobre o caso poderiam ser feitas por uma equipe de fora do jornal, talvez repórteres veteranos que aceitaram o plano de demissão voluntária nos últimos anos. Uma outra sugestão seria contratar jornalistas investigativos de organizações como a Pro Publica.