O Washington Post publicou na semana passada uma reportagem de Libby Copeland sobre a prisão de um dos grafiteiros mais conhecidos da capital americana, que assinava suas pichações com o apelido Borf. Trata-se de um estudante de artes plásticas de 18 anos, cujo nome é John Tsombikos. No texto, a jornalista revela que havia feito quatro entrevistas com ele antes de ser capturado, mas que, como o jovem exigia permanecer no anonimato, resolveu não publicar o material, apesar de saber, por outras fontes, de quem se tratava.
O ombudsman do jornal, Michael Getler, em sua coluna de 17/7/05, escreve que o texto de Libby era fascinante, mas que já esperava que muitos leitores não estariam de acordo com sua publicação, por considerarem que tal exposição glorifica o vandalismo praticado pelo pichador. Getler conta também que recebeu diversas mensagens criticando o fato de que o jornal, apesar de saber quem era Borf, não o denunciou para as autoridades. ‘Que bom que seus repórteres protegeram esse criminoso principiante. Como residente da capital, espero que a punição inclua a restituição do que foi gasto pela cidade para limpar essa sujeira’, dizia uma delas.
Afinal, por que o Post protegeu a identidade de Tsombikos? A editora responsável pela seção onde saiu a matéria de Libby, Deborah Heard, explica: ‘Às vezes, ter uma conversa confidencial com alguém é o único modo de entrar numa história. Quando começamos a apurar sobre Borf, não sabíamos quem ele era. Ele nunca nos disse seu nome. Libby continuou falando com este homem, esperando que conseguiria persuadi-lo a identificar-se, enquanto reportava sobre o assunto com base em outras fontes. Sua prisão nos deu a informação para confirmar sua identidade e nos liberou para usar as entrevistas que tínhamos feito com ele’. O editor-executivo do diário, Leonard Downie Jr., também comentou as críticas: ‘Nossa política é de notificar as autoridades imediatamente se entramos em contato com alguém que sabemos que cometeu um crime sério ou ameaça fazer mal a alguém, inclusive a si mesmo’.