O ombudsman do Washington Post, Michael Getler, saiu de férias, mas o jornal não pára. O pensamento de que milhares de e-mails e telefonemas de leitores se acumulam em Washington enquanto ele está na praia fez com que escrevesse uma coluna ‘extraordinária’. Uma das reportagens que gerou mais polêmica nas últimas duas semanas foi a de Lyndsey Layton sobre o verão de 1998, como parte de uma série de textos sobre ‘verões memoráveis’ para os moradores da capital americana. A matéria, acompanhada de quatro fotos de Monica Lewinsky, tratava da invasão de jornalistas na cidade com o estouro do escândalo envolvendo o então presidente Bill Clinton e sua estagiária.
O problema apontado pelo público foi que o texto saiu no dia seguinte ao discurso de Clinton na Convenção Nacional do Partido Democrata, evento que ganhou a primeira página daquela mesma edição. ‘Não ter valor jornalístico, ser sem propósito e vir no dia seguinte da fala de Clinton certamente me fez pensar se houve alguma motivação política’, escreveu um leitor.
A editora da seção Metro, que publicou a matéria de Layton, se justificou dizendo que aquela série sobre ‘verões memoráveis’ havia sido planejada com antecedência e que, por isso, ninguém se deu conta da combinação infeliz de datas. Para completar, afirma que o texto, sob nenhuma interpretação, pode ser visto como anti-Clinton. Ele se concentraria na experiência vivida pelos residentes de Washington em 1998. ‘Não acredito que haja uma conspiração em andamento aqui’, escreve Getler. O ombudsman admite, contudo, que ficou surpreso ao ver o texto no jornal e lamenta que o Post, por falta de atenção de sua equipe, tenha alimentado a percepção de que é politicamente tendencioso.