Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Crítica interna


’25/07/2005


Os jornais de DOMINGO e de SEGUNDA têm dois assuntos destacados: os desdobramentos da crise provocada pelo ‘mensalão’ e o assassinato do brasileiro em Londres confundido com um terrorista.


‘Mensalão’:


DOMINGO


Folha – ‘Valério ameaça contar o que sabe’, ‘Lula mantém aprovação, mas crise afeta imagem’, ‘Ex-diretor diz que Gushiken influenciava fundo do BB’.


‘Estado’ – ‘Situação de falência: PT deve R$ 160 milhões’, ‘Gravações comprometem ex-assessor de Palocci’ e ‘BMG e Rural receberam R$ 600 milhões de fundos estatais’.


‘Globo’ – ‘CPI já investiga bancos e empresas do valerioduto’, ‘Na clandestinidade, Dirceu prepara seu contra-ataque’ e ‘O Brasil depois da crise’.


Nas revistas:


‘Veja’ – ‘A chantagem – 200 milhões para ficar calado. A história secreta de como Marcos Valério emparedou o governo ao ameaçar contar tudo’.


‘Época’ – ‘Caixa dois – A farsa. Dinheiro fantasma serviu para acobertar negociatas, pagar mensalão e bancar a máquina do PT’.


‘IstoÉ’ – ‘Desilusão – Avalanche de denúncias de corrupção deixa políticos em pânico, decepciona e estressa os brasileiros’.


SEGUNDA


Folha – ‘PT diz que não aceita extorsão’.


‘Estado’ – ‘Lula vai às bases para enfrentar oposição’.


‘Globo’ – ‘PT desafia Valério a comprovar empréstimos’.


Morte em Londres:


DOMINGO


Folha – ‘Morto pela polícia inglesa era inocente e brasileiro’.


‘Estado’ – ‘Polícia de Londres matou brasileiro’.


‘Globo’ – ‘Brasileiro foi morto por engano em Londres’.


SEGUNDA


Folha – ‘Atirar para matar continua, afirma polícia britânica’.


‘Estado’ – ‘Atitude do governo britânico irrita Brasil’.


‘Globo’ – ‘Ministro elogia polícia que matou brasileiro’.


SEGUNDA


Painel do Leitor


O jornal não se manifesta a respeito da primeira carta do ‘Painel do Leitor’ de hoje, ‘Coluna’, assinada por Marco Aurélio Garcia. Ele afirma que a colunista do jornal lhe atribuiu uma frase que não é dele. Das duas, uma: a frase é dele, e o jornal deveria reiterar a sua autoria; a frase não é dele, e o jornal deveria admitir que errou com uma correção na seção ‘Erramos’.


Tem razão em parte o ex-secretário-geral da Presidência da República, Eduardo Jorge, na carta ‘José Dirceu’. Ele manifesta ‘estranheza’ pelo fato de o jornal não ter publicado a íntegra da nota oficial do deputado José Dirceu na sua Edição Nacional. Seja pela razão que apresenta – a publicação da nota permitiria, na sua visão, revelar o ‘cinismo’ de José Dirceu -, seja pela intenção do deputado – a de se defender do que chama de ‘linchamento’ – o jornal tinha de ter publicado a nota na edição de hoje. E as acusações do deputado deveriam ter tido respostas dos jornais e revistas mencionados.


Escândalo do ‘mensalão’


O ‘Estado’ já traz na sua primeira edição de hoje a informação de que a secretária Karina Somaggio pede R$ 2 milhões para posar nua para a ‘Playboy’. Na Folha, a informação só entrou na Edição SP.


Esporte


Segundo o texto ‘Falta de pontaria mina São Paulo, diz Autuori’ (pág. D5), ‘a observação de Autuori vai de encontro ao que os números do Datafolha registraram contra Santos, Brasiliense e São Caetano’. Acho que o autor queria escrever que os números do Datafolha confirmam a avaliação que Autuori faz do time, e não que contestam. A verificar.


DOMINGO


‘Painel’


A nota ‘Afinidades baianas’ trata Cícero Lucena como ‘ex-prefeito da Paraíba’.


A nota ‘Confiando no futuro’ informa que ‘a GDK anunciOu a construção, na Bahia, de um complexo de R$ 100 milhões para produzir plataformas’. Na nota oficial que pagou para sair na pág. A3, a GDK diz que o investimento é de R$ 150 milhões. A verificar.


Escândalo do ‘mensalão’


O infográfico ‘Saques mostrados na quebra de sigilo’ (pág. A10) não informa que Carlos R. de Macedo Chaves trabalha para uma prefeitura petista em cargo de confiança.


No caso do saque de Carlos R. de Macedo Chaves, o ‘Globo’ de domingo apresenta um novo personagem, Carlos Manoel da Costa Lima, ex-subsecretário estadual na gestão de Benedita da Silva. Segundo o jornal, Costa Lima admite que retirou R$ 100 mil via Carlos Chaves para o pagamento de despesas eleitorais e que não ‘contabilizou’ o dinheiro.


O infográfico ‘48 dias de desmentidos’ é um avanço em relação ao tratamento que o jornal vem dando às informações publicadas no varejo. Mas deveria ser bem aperfeiçoado, incluindo mais fatos paralelos que o jornal deu destaque, mas que agora vão se perdendo pelo caminho. Um exemplo: Furnas. O fato: o deputado Roberto Jefferson acusou, na Folha, a existência de um esquema dentro da empresa. A queda: todos os diretores acusados foram afastados. A auditoria: investigações internas não encontraram irregularidade.


Não entendi a última pergunta da entrevista com Henrique Pizzolato: ‘O ex-ministro Gushiken soube detalhes do contrato de put?’. A entrevista se refere várias vezes a ‘put’, mas não explica o que seja.


A entrevista exclusiva com Marcos Valério (‘Marcos Valério ameaça revelar esquema’, pág. A10) adota a versão oficial do próprio empresário e de Delúbio Soares -’os recursos foram repassados ao PT (mediante contratos de empréstimos entre suas empresas e o partido) para financiar campanhas eleitorais de petistas e da base aliada’ – que vem sendo contestada pela oposição e mesmo por petistas da CPI. O jornal deveria ter deixado claro que aquela era a versão oficial dos acusados.


Jornal velho


Os exemplares que as bancas do Rio vendiam ontem não traziam a entrevista com Marcos Valério e nem detalhes do assassinato do brasileiro em Londres. O jornal chegou envelhecido. Os exemplares para os assinantes estavam atualizados.


22/07/2005


A notícia mais importante, na minha avaliação, está na manchete do ‘Valor’: ‘Bancos vasculham as contas do PT e 21 clientes’. Segundo o jornal econômico, por determinação do Banco Central toda a rede bancária está fornecendo informações sobre as movimentações das contas de uma lista de 22 pessoas físicas e jurídicas encabeçada pelo PT. Ou seja, a investigação financeira vai além das solicitações feitas pela CPI no Banco Rural e no Banco do Brasil.


A manchete da Folha de hoje tinha de ter deixado claro que o deputado Roberto Brant, que admitiu que recebeu dinheiro da Usiminas através de uma conta bancária de Marcos Valério, é do PFL. A notícia se justifica por duas razões: o aparecimento de recurso privado no esquema Valério e a revelação de um deputado da oposição. A sigla do partido, portanto, deveria estar no título. Tal como saiu, ‘Deputado diz que recebeu da Usiminas via Valério’, fica parecendo que pode ser um deputado do PT ou da base aliada porque todos os envolvidos até agora fazem parte destes partidos. A mesma crítica vale para a manchete da página A5, ‘SMPB repassou doação da Usiminas, diz Brant’.


O jornal precisa ter uma atenção maior porque isso não é um detalhe. O segundo título da capa do jornal sobre a crise, ‘Publicitário deu R$ 60 mil para escritório de petista’, e a notícia da prisão de um político, ‘PF prende ex-prefeito tucano de João Pessoa’, identificam os partidos. Por que a diferença de tratamento?


Não está claro o texto da primeira página sobre os ataques terroristas de ontem em Londres (‘Londres sofre novos atentados a bomba; não houve mortos’). O que ocorreu, pelo que li na própria Folha e em outros jornais, foi a explosão de quatro bombas, e não ‘quatro tentativas de explosão’. Não foram tentativas, houve as explosões. A mesma crítica vale para o texto da capa de Mundo. O texto (‘Duas semanas depois, Londres é alvo de novos ataques terroristas’) fala em ‘quatro tentativas de explosão de bombas’ e a linha fina e a arte se referem a ‘explosões’.


O escândalo do ‘mensalão’ e os atentados em Londres também dividem o alto das páginas do ‘Estado’ e do ‘Globo’:


‘Estado’ – ‘No BB, R$ 50 mi e cheques a Mentor’ (Manchete que exige tradução) e ‘Terror volta a atacar Londres’.


‘Globo’ – ‘Procuradoria investiga elo de Delúbio com Máfia do INSS’ e ‘Bombas e pânico voltam a Londres’.


Como outros jornais retrataram as novidades de ontem do escândalo do ‘mensalão’: ‘Presente de R$ 79 mil’ (‘Correio Braziliense’, referência ao Land Rover que Silvio Pereira ganhou de um diretor da GDK), ‘Lula substitui Olívio por aliado de Severino’ (‘Zero Hora’), ‘Caixa 2 irriga eleições em MG’ (‘Estado de Minas’), ‘Tucanos também bicam o mensalão’ (‘O Dia’), ‘Políticos do PFL e PSDB também fizeram saques em contas de Valério’ (‘Gazeta do Povo’, Curitiba).


Escândalo do ‘mensalão’


Sob o ponto de vista da crise política, a novidade é o surgimento de indícios que mostram que o esquema de Marcos Valério também beneficiou partidos de oposição. A investigação das fontes de captação (até agora só foram investigados os saques; nesta semana, a Folha falou em ‘empresas’ e, hoje, na Usiminas) vai levar, enfim, o caso ao setor privado. E a ampliação da quebra de sigilo (mais bancos estão prestando informações, segundo o ‘Valor’) e do período investigado pode atingir deputados do PFL e do PSDB e elevar a crise a um novo patamar. Quem explorou bem estes novos componentes foi o jornal ‘Valor’ de hoje.


A análise de conjuntura da Folha, na pág. A13, restringe a avaliação às tentativas de diálogo do governo com a oposição e a mudança de discurso oposicionista depois da entrevista de Lula em Paris (‘Lula tenta abrir diálogo com a oposição’ , ‘Eventual impeachment já é debatido’ e ‘Aleluia defende afastamento do presidente’). Segundo o ‘Valor’, a possibilidade de identificação da origem do dinheiro que abasteceu o esquema Valério pode provocar uma ‘operação abafa’ ‘porque isso fragilizaria todo o sistema político nacional, várias legendas, homens públicos, empresas e bancos’.


A Folha ainda não captou este momento.


O texto ‘Eventual impeachment já é debatido’ (pág. A13) registra como saídas para a crise propostas dos deputados Roberto Jefferson e Fernando Gabeira que podem ser classificadas de golpes. De alguma forma o jornal deveria ter deixado claro que qualquer ‘saída’ para a renúncia ou impedimento do presidente que não passe pela posse do vice-presidente é golpe. Poderia ter feito um texto com constitucionalistas ou mesmo citado a Constituição para esclarecimento dos leitores. Nestas horas começam a aparecer mil idéias, mas a Constituição é clara: o vice assume.


Na reportagem sobre o deputado Roberto Brant (‘SMPB repassou doação da Usiminas, diz Brant’, pág. A5), o jornal deveria ter ouvido o PFL para saber o que pretende fazer neste caso. Assim como o PSDB, no caso da Prefeitura de Nova Lima.


Fez bem o jornal em publicar a história da entrevista de Lula em Paris contada pela repórter que o entrevistou, ‘Fiz o que todo jornalista deveria fazer’. É uma versão importante.


Acho que faltou o jornal analisar as medidas tomadas ontem pelo governo federal, como a extinção de cargos de confiança e a criação da Super-Receita (‘Governo acaba com 14 mil cargos políticos’, pág. A11). Foram medidas acertadas? Demagógicas? Vão significar realmente mais economia e/ou melhor gestão? O jornal não analisou nem repercutiu.


Segundo o ‘Valor’, ‘Auditoria constata fraude em contrato da DNA com a Eletronorte’. Segundo o ‘Globo’, um relatório reservado do MPF contém a transcrição de gravações que comprometeriam Delúbio Soares, José Dirceu e Roberto Jefferson com a máfia do INSS.


Detalhes:


O perfil do deputado Paulo Rocha (PT-PA), ‘Líder petista que caiu é mais um da ala de Dirceu’, não informa a sua profissão, apesar de mencionar que dirigiu a CUT em Belém entre 84 e 90.


Está errada a legenda de uma das fotos da pág. A4 da Edição Nacional. Quem aparece é Roberto Costa Pinho, e não o senador Delcídio Amaral.


Deveria ter havido alguma remissão no caderno Brasil para a abertura da coluna ‘Mercado Aberto’, ‘Valério recebeu R$ 300 mi em 2 anos’. Segundo a nota, foram R$ 400 milhões em cinco anos.


21/07/2005


Opções diferentes nas manchetes:


Folha – ‘Sócia de Duda sacou de conta de Valério’.


‘Estado’ – ‘CPI já identificou 46 pessoas e saques de R$ 25 milhões’.


‘Globo’ – ‘Delúbio não convence e CPI suspeita de lavagem’.


Escândalo do ‘mensalão’


A Edição São Paulo da cobertura do escândalo do ‘mensalão’ está hoje mais organizada do que em outros dias. Várias reportagens já não se limitam a relatar os fatos do dia e acrescentam análises ou recuperam informações já perdidas, o que facilita a compreensão do que se está noticiando. Mas, na minha opinião, ainda está longe de arrumar as notícias e separar o que já é fato do que ainda é apenas suposição. Para isso, precisa consolidar os dados colhidos até agora nas várias instâncias de investigação e confrontá-los com as acusações iniciais e as evidências de crimes e irregularidades. Nem os valores financeiros estão sendo consolidados. É impossível nesta altura do campeonato o leitor ter uma idéia de quanto de dinheiro já foi rastreado. A cada momento surgem cifras novas.


Acho que o noticiário ainda está muito retalhado.


Alguns problemas na edição de hoje que, como disse, está melhor do que as de outros dias da semana.


– O jornal informa, na pág. A4, na arte ‘Saques mostrados na quebra de sigilo’, que não há informação sobre nove sacadores de dinheiro das contas de Marcos Valério. Alguns deles, no entanto, estão identificados, e inclusive ouvidos, na pág. A9 da Edição SP no texto ‘Tesoureiro da campanha de prefeito petista fez saque em conta de agência’.


– Sumiu, na Edição SP, o depoimento do policial David Rodrigues Alves à Corregedoria da Polícia Civil de Minas (‘Policial confirma saque de R$ 4,9 mi do Rural’, pág. A8 da Ed. Nacional). A Folha tinha conversado com o policial e publicou, na edição de ontem, que ele negava os saques. Era importante o novo depoimento do policial.


– O ‘Jornal Nacional’ já havia informado ontem à noite que o dinheiro para o pagamento do Land Rover de Silvio Pereira saiu de uma das contas da GDK de Salvador (‘Dinheiro para quitar jipe de Silvio Pereira saiu de agência de Salvador’, informa o ‘Estado’ de hoje, com base no ‘JN’).


– O jornal continua apenas reproduzindo as declarações dos depoimentos da CPI. O relato do depoimento de ontem de Delúbio Soares é uma repetição do que falou, sem a preocupação de acrescentar uma análise do que foi dito ou indicar suas conseqüências ou desdobramentos. É um relatório.


A Folha tem novas informações importantes, como o depoimento da funcionária de Marcos Valério à Polícia Federal (‘Entregava dinheiro a estranhos, diz diretora’), a revelação de que começam a aparecer ‘doações’ de empresas privadas (‘Caixa 2 do PT recebeu R$ 48 mi de empresas’, o cruzamento de informações sobre os saques (‘Saques para PP e PL coincidem com votações’) e uma nova frente, com a Caixa Econômica Federal (‘Relatório denuncia desvio da Caixa para campanhas do PT’).


O ‘Estado’ também tem uma informação nova muito importante que não vi na Folha: ‘Valério movimentou R$ 100 milhões no Banco de Brasília em 2 anos’.


Desconserto


O texto ‘Relógio da Ceagesp será reformado’, em Cotidiano, tem um ‘concerto’ horroroso na linha fina do título.


20/07/2005


A CPI dos Correios começa a expor as primeiras provas de que deputados de vários partidos sacavam dinheiro nas contas das empresas de Marcos Valério. Esta foi a principal informação de ontem e é a manchete dos jornais.


Folha – ‘Papéis provam saques de deputados’.


‘Estado’ – ‘Documentos provam que PT, PL e PP recebiam de Valério’.


‘Globo’ – ‘Quebra de sigilo prova que Valério pagava a deputados’.


Escândalo do ‘mensalão’


As coberturas dos três grandes jornais estão muito parecidas, todas montadas a partir dos novos documentos analisados pela CPI dos Correios (na Folha, ‘Documentos ligam saques a deputados; crise se agrava’), do depoimento do ex-secretário do PT na CPI, da reprodução da única investigação jornalística realizada ontem (o rastreamento feito pela Globo da compra do Land Rover de Silvio Pereira) e das crises do PT e do governo Lula.


A edição da Folha está pobre porque apenas edita os muitos fatos de ontem sem a preocupação de consolidar os dados, de arrumar o quebra-cabeça que vai ficando mais nítido com as novas peças. Não há a preocupação de relacionar as novidades aos fatos já conhecidos de modo a ajudar o leitor a entender o que está acontecendo e a separar informações relevantes de informações secundárias.


A cobertura do depoimento de Silvio Pereira na CPI (‘À CPI, ex-secretário-geral nega nomeações’, pág. A9) apenas resume o que o ex-secretário falou para as câmaras de TV e que os telejornais, as rádios, os sites e os blogs já tinham reproduzido à exaustão. Não há, na edição, o cuidado de relacionar as novas declarações a outros depoimentos e a fatos já conhecidos, de buscar contradições, de apontar buracos nas respostas. O que os deputados petistas acharam do depoimento dele? E os da oposição? Que medidas a CPI pode tomar a partir do depoimento dele? Segundo o ‘Estado’, ‘CPI vai investigar ligações de Silvio Pereira com contratos da Petrobrás’.


A única arte da página é uma edição de frases que apenas reforçam a ênfase no declaratório.


Acho que falta ao jornal juntar os fatos, organizá-los tendo como referência as principais acusações e os crimes que envolvem. Os escândalos não têm fim. A cada dia surgem novas denúncias e fatos novos que comprovam parcialmente as acusações de corrupção. Mas como estamos editando apenas com a perspectiva do varejo, dos casos separados, o leitor fica sem o acompanhamento do conjunto. Algumas artes e textos de consolidação ajudariam a organizar melhor a cobertura.


O jornal ‘Valor’ tem um reportagem mais abrangente do que a da Folha a respeito das movimentações das contas de Marcos Valério. A Folha relaciona apenas três partidos da base aliada (‘Valério pagou a políticos do PT, PP e PL’) enquanto o jornal econômico banca que ‘Saques envolvem PT, base aliada e oposição’. O jornal tem de estar atento às acusações e/ou provas que também envolvam os outros partidos. Isso não significa relegar o veio principal da investigação, que é o ‘mensalão’ que seria pago para deputados da base aliada. Mas testemunhos e documentos estão chegando muito perto dos partidos de oposição.


Ficou desproporcional a edição de duas fotos grandes de Maria Christina Mendes de Almeida na página A6 da Edição SP. Faria sentido se a legenda fizesse alguma referências às duas fases retratadas (1996 e 2004). Como saiu, me pareceu calhau fotográfico.’