Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Cuidado: jornalistas xeretando


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 1 de outubro de 2010


 


ELEIÇÕES


Eliane Cantanhêde


Xeretando


Flagrado ao celular com o ministro Gilmar Mendes, supostamente para virar no tapetão um placar de 7 a 0 no Supremo, Serra provocou os jornalistas: ‘O que vocês estão xeretando?’.


Pois é, xeretar faz parte da natureza do jornalismo (e do jornalista), e foi xeretando que a imprensa livre e crítica descobriu as maracutaias de Collor, a venda de votos da reeleição de FHC, o mensalão da era Lula e o festival de nepotismo, negociatas e caixinhas de Erenice, braço direito de Dilma.


Assim, o que impressiona na história é a sem cerimônia de Serra ao pedir para falar com o ministro e depois chamá-lo de ‘presidente’, justamente em meio ao julgamento de uma ação proposta pelos adversários -contra a exigência de dois documentos para votar. É o cúmulo da imprudência e da arrogância. É por essas e outras que, na hora de arrancar, Serra engasga.


Aliás, quando duas rodadas do Datafolha acusaram uma nítida tendência de queda de Dilma, abrindo uma real perspectiva de segundo turno, os governistas reagiram à la PT, e a oposição, à la PSDB.


Um se rearticulou, neutralizou a boataria da internet contra Dilma e botou no colo dela as cúpulas evangélicas, que conduzem milhões de votos. O outro perdeu o prumo. Nem só por inocência ou por acaso.


Aécio Neves correu a se posicionar na ‘sucessão geracional’ tucana, o que correspondeu a enterrar Serra (quase literalmente); o afilhado Gilberto Kassab (DEM) anunciou aumento da passagem de ônibus em São Paulo a quatro dias da eleição; Serra escorregou numa resposta sobre aposentadorias que deveria estar na ponta da língua.


Enfim, o telefonema a céu aberto para Gilmar Mendes apenas coroa o esforço antissegundo turno.


Escrevo antes do debate da TV Globo, mas não será surpresa se, no último e decisivo confronto, quem mais precisava brilhar esmaecer. Se isso ocorrer, a eleição acaba no domingo. A ver e conferir.


 


 


Fernando de Barros e Silva


Zé Mané & Beto Richa


O fotógrafo Moacyr Lopes Junior e a repórter Catia Seabra fizeram aquilo de que o presidente Lula não gosta: bom jornalismo. Flagraram o momento em que José Serra pediu a ligação e falou ao celular com Gilmar Mendes, no início da tarde de anteontem.


Poucas horas depois, o ex-presidente do Supremo faria um exótico pedido de vista, interrompendo o julgamento do recurso do PT contra a exigência de apresentação de dois documentos para votar. O placar já era então de 7 a 0 pela desnecessidade da dupla documentação.


Retomado ontem o julgamento, a exigência caiu por 8 votos a 2, mas Mendes, mesmo derrotado, aproveitou a sessão para marcar posição e mandar seus recados.


Sintomático, no entanto, foi seu comentário na véspera, antes de saber que o telefonema de Serra viria a público: ‘Daqui a pouco, apenas um desenho a lápis será necessário para provar que o Zé Mané é o Zé Mané’. O caso está resolvido, mas será preciso muito mais do que uma nova frase de efeito para desfazer a evidência de que um outro Zé, que nada tem de Mané, buscava no ministro, a quem chamou de ‘meu presidente’, um aliado para reverter a tendência do julgamento.


Do episódio, fica reforçada a sensação de que os tucanos contavam com esse excesso legal para afastar uma parte dos mais pobres e menos instruídos das urnas.


E, por falar em Mané, o candidato tucano ao governo do Paraná, Beto Richa, vem contando com a mão da Justiça do Estado para barrar a divulgação de pesquisas eleitorais, entre elas duas feitas pelo Datafolha. O nome disso é censura.


Não se sabe se Richa será eleito. Mas, no decorrer da campanha, ele chegou a ser saudado como uma liderança emergente no país. De que tipo de líder estamos falando?


Com sua atitude obscurantista, o filho de José Richa está se revelando um político de província, uma figura tacanha e de pendores autoritários. Se o futuro do PSDB for esse, coitado do PSDB.


 


 


Folha terá transmissão ao vivo no dia da eleição para cobertura especial


A Folha promove neste domingo uma inédita cobertura eleitoral on-line e em vídeo, com transmissão ao vivo pela Folha.com.


Além de diversos flashs durante todo o dia da eleição, acompanhando a votação dos principais candidatos, logo após o fechamento das urnas haverá entradas ao vivo com comentários e análises sobre as últimas pesquisas e os dados do TSE.


A partir das 20h, a TV Folha levará ao ar com um programa especial. Também será possível acessar a programação por iPad e iPhone.


Com apresentação do repórter especial Fernando Rodrigues, a atração contará com análises e comentários ao vivo de colunistas e jornalistas da Folha, como Clóvis Rossi, Maria Cristina Frias, Fernando de Barros e Silva, Gilberto Dimenstein, Eliane Cantanhêde, Valdo Cruz, Renata Lo Prete, Mônica Bergamo, Vinicius Torres Freire e Josias de Souza.


Outros colunistas do jornal, como Danuza Leão, Janio de Freitas, Michael Kepp e João Pereira Coutinho, bem como os correspondentes do jornal pelo Brasil, também participarão diretamente do programa, via áudio.


A equipe de correspondentes no exterior mostrará a repercussão da eleição brasileira fora do país.


Ao lado de convidados do mundo político e do diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, Fernando Rodrigues e a equipe do jornal vão acompanhar a marcha das apurações, com base em informações obtidas ao vivo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), e discutir as perspectivas pós-eleitorais.


O programa especial contará ainda com uma câmera que circulará pela Redação, para apresentar comentários da equipe que participa da cobertura eleitoral.


O chargista João Montanaro também participará da transmissão.


 


 


MÍDIA E POLÍTICA


Antonio Carlos Magalhães Junior


Democracia exige liberdade de expressão


Não é de agora que este governo busca meios de manietar, controlar, moldar os meios de comunicação aos seus interesses, como se fosse papel da imprensa apenas fazer eco ao que o governo, qualquer governo, deseja ou entenda que deva ser divulgado.


O primeiro indício foi a tentativa de expulsão do jornalista que ousou comentar certos hábitos presidenciais -um caso que ficou para o folclore político, especialmente diante do que veio depois.


Reportemo-nos à NBR, que de cabide de empregos transformou-se em mais um braço governamental a favor da campanha da candidata do presidente. Como é possível uma emissora de TV estatal ser escalada para fazer a cobertura da candidata do governo?


Será isso o que o PT entende por imprensa livre? Tivemos também o episódio do conselho de jornalismo, que o governo tentou criar e que teria poderes até mesmo para cassar registro de jornalistas.


Em seguida, veio a Conferência Nacional de Comunicação, um evento chapa-branca, cujo nome subvertia o real significado de seu objetivo, que era propor meios de controle da imprensa, com propostas como a tentativa de criação do tal conselho de jornalismo, sob influência, claro, do aparelho sindical, que domina e é dominado pelo partido oficial.


Propunha também a volta da famigerada Lei de Imprensa; a imposição de cotas de programação; e, para coroar, a criação de mecanismos para o que eles chamam de controle social da mídia, e que eu prefiro chamar de censura a soldo de uma ideologia específica.


Houve também o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, recheado de temas absolutamente inaceitáveis, como, claro, novamente as ameaças à imprensa e à liberdade de expressão.


O jornal espanhol ‘El País’, o mesmo que em 2009 elegeu o presidente Lula personalidade do ano, chegou a afirmar, em editorial, que as recomendações do PNDH eram semelhantes às medidas adotadas por países que o jornal chama de ‘eixo bolivariano’. Não é por acaso. A ameaça à liberdade de expressão aparece nesses episódios e prossegue no plano de governo da candidata, aquele assinado ‘sem ler’ e logo escondido.


Não há como tergiversar: o controle sobre a imprensa é, sim, projeto deste governo, que teve, semana passada, nova etapa cumprida com a manifestação, organizada pelo partido oficial e seus sindicatos, mas instilada, instigada, quase convocada pelo próprio presidente.


Por ocasião da CPI da Petrobras, quando o Congresso esteve submetido à vontade do Executivo, eu disse que o próximo passo deste governo seria tentar controlar a imprensa. Lamentavelmente, minha previsão se confirmou: a ameaça que ronda a liberdade de imprensa agora é mais real do que nunca.


Como esperado, a reação da sociedade não tardou. Entidades representativas, como ANJ e OAB, já reagiram aos ataques à imprensa.


Um manifesto em defesa da democracia e da liberdade de imprensa foi rapidamente subscrito por personalidades como Hélio Bicudo, D. Paulo Evaristo Arns, Miguel Reale Junior e Ferreira Gullar.


Albert Camus certa vez disse que uma imprensa livre poderia ser boa ou má, mas que, certamente, uma imprensa sem liberdade seria apenas má. Espero que não tenhamos que aprender esta lição da pior maneira possível.


ANTONIO CARLOS MAGALHÃES JUNIOR, 58, professor universitário, é senador pelo DEM-BA.


 


 


Lula ataca mídia, mas diz que não teria sido eleito sem ela


Em entrevista concedida ontem ao site ‘Carta Maior’, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar a imprensa, mas admitiu que, sem ela, não teria sido eleito presidente. ‘Não reclamo muito da imprensa porque eu acho que cheguei onde cheguei por causa da imprensa.’


Lula disse que alguns meios de comunicação possuem ‘compromisso partidário’. E reclamou das notícias negativas sobre seu governo dizendo que, se dependesse da mídia, teria ‘menos 10 de aprovação, estaria devendo pontos’.


Ele também criticou a cobertura eleitoral da imprensa.


‘Seria mais fácil que alguns meios de comunicação assumissem, categoricamente, seu compromisso partidário. E aí, a gente ficaria sabendo quem é quem, mas não é assim que funciona no Brasil. Parece tudo independente, mas é só ver as manchetes que a independência termina onde começa.’


Lula se disse um ‘defensor juramentado da liberdade de expressão e da democracia’.


O presidente recebeu críticas nos últimos dias após atacar a imprensa pela divulgação de notícias sobre irregularidades na Casa Civil.


 


 


IMPRENSA


Jornalistas & Cia. faz homenagem a 15 repórteres do país


Para comemorar seus 15 anos de existência, a newsletter Jornalistas & Cia. decidiu homenagear os 15 repórteres mais premiados do país. Destes, dois são da Folha: Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal, e Fernando Rodrigues, da Sucursal de Brasília. A solenidade ocorreu ontem no Club Homs, em SP.


Os concursos que serviram de base para a escolha dos jornalistas foram os prêmios Esso, Embratel, Ayrton Senna, Vladimir Herzog, Comunique-se e Claudio Abramo. O resultado final foi obtido após a análise de 1.150 premiações concedidas a partir de 1995.


A edição especial da newsletter -enviada a 35.000 jornalistas de todo o país- traz um perfil dos 15 repórteres e relembra seus principais trabalhos, com destaque para a cobertura de Sérgio Dávila sobre a Guerra do Iraque, em 2003, e a série de Fernando Rodrigues, em 1997, sobre a compra de votos para a emenda da reeleição de FHC.


Os demais homenageados são: Caco Barcellos (Globo); Chico Otávio (‘O Globo’); Eliane Brum (‘Época’); Marcelo Canellas (Rede Globo); Lucas Figueiredo; Andrei Meirelles (‘Época’); Sérgio Ramalho (‘O Globo’); Carlos Wagner (‘Zero Hora’); Cid Martins (Rádio Gaúcha); Mauri König (‘Gazeta do Povo’); Ana Beatriz Magno (UnB); Sílvia Bessa (‘Diário de Pernambuco’); e Amaury Ribeiro Jr. (Record).


Amaury Ribeiro era ligado ao ‘grupo de inteligência’ da pré-campanha de Dilma Rousseff’, que elaborou dossiê contra pessoas próximas ao candidato José Serra (PSDB).


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


O último presente


Com chamada de capa, a ‘Economist’ publica o editorial ‘The handover’, algo como a passagem do bastão, conclamando Lula a ‘let her go’, deixar que ela se vá. A revista aposta que Dilma vence, se não no primeiro, no segundo turno. Elogia fartamente os oito anos de Lula, mas alerta que ‘ainda há grandes riscos à frente’ e não é certeza que Dilma terá ‘a força ou o desejo para enfrentá-los’, embora tenha se mostrado ‘administradora capaz e vigorosa’.


Argumentando que ‘o Brasil precisa de líder forte e independente’, avisa sobre três desafios, corrupção, o papel do Estado na economia e política externa, que são ‘perfeitamente administráveis’. Mas para que ‘Ms. Rousseff tenha autoridade para cumprir a tarefa apropriadamente, precisa sair da sombra de Lula’. Fechando o texto, ‘como seu último presente a seu país, ele deve deixar que ela faça isso’.


//’VAI SURPREENDER O MUNDO’


A ‘Economist’ também transcreve uma longa entrevista que fez com o presidente e publica a reportagem ‘O legado de Lula’. Abre ouvindo uma vendedora de flores, para quem Lula foi ‘o melhor presidente de todos os tempos’, e Marcelo Neri, da FGV, que descreve, na economia, ‘o melhor momento em toda a história do Brasil’.


A revista destaca, entre as declarações de Lula, que ‘estamos começando a assentar os passos para que os mais pobres comecem a ascender à classe média’. Questionado se ainda pretende voltar, ‘Você pode ter certeza de uma coisa: eu estou indo embora’.


E questionado sobre a sua candidata: ‘Dilma vai surpreender o mundo’.


//A MALDIÇÃO DOS JUROS


A ‘Economist’ lamenta que ‘uma das coisas mais impressionantes desta campanha eleitoral foi a ausência quase total de debate sobre políticas’. O argentino ‘Clarín’ encontrou um, ao destacar ontem que a Petrobras, ‘emblema do Brasil’, foi ‘tema fundamental da campanha’ -dada pelo governo como ‘símbolo de desenvolvimento’, mas na qual a oposição vê ‘mau uso de recursos’.


Ao fundo, o ‘Financial Times’ deu artigo de Tony Volpon, do grupo financeiro japonês Nomura. Sob o título ‘Dilma pode quebrar a maldição do juro do Brasil’, defende que, para tanto, ela reduza os gastos públicos ‘de maneira transparente, aberta’, em ação ‘arrojada e surpreendente’.


Comprovar A estatal alemã Deutsche Welle destaca que o ‘Próximo presidente terá que comprovar a liderança internacional do Brasil’. Ouviu da chancelaria da União Europeia que ela hoje ‘reconhece por completo o papel global crescente do Brasil’. E de Federico Foster, da Universidade de Colônia, que ‘Lula mostrou ao mundo coisas novas e áreas novas em que seu país poderia contribuir’ e ganhou ‘notável presença’, tomando espaço das potências.


Poupança Seguindo com sua cobertura extensiva da eleição, a BBC fez longa reportagem sobre ‘O legado de Lula’, ouvindo brasileiros de diversas regiões. E ressalta o conselho dado pelo colunista Martin Wolf ao próximo governo, para que eleve a poupança nacional de 20% para 30% do PIB.


Sem o pai Em análise, o britânico ‘Guardian’ diz que ‘o penúltimo milagre do metalúrgico que virou presidente foi passar sua enorme popularidade para uma mulher quase desconhecida’, cujos ‘passos ele vai dirigir da sombra por anos’. Já a Reuters, em despacho de Caetés, Pernambuco, ressalta que o próprio ‘Brasil encara a vida sem ‘o cara’. No texto, destaca frase de Maria da Penha: ‘É uma pena que ele está indo embora. É como se estivéssemos perdendo nosso pai’.


Mediador Sob o título ‘O mediador emergente’, o espanhol ‘El Mundo’ faz um balanço da política externa. ‘O presidente aproveitou o crescimento para projetar-se no exterior’, afirmou, ouvindo críticos como o diplomata Roberto Abdenur, para quem ‘Lula teve sorte’.


ESCÂNDALO Contra a corrente no exterior, o ‘Wall Street Journal’ destacou ontem que ‘Escândalo torna obscura eleição no Brasil’. Mas o correspondente John Lyons sublinha que ‘Ms. Roussef não foi implicada’


 


 


ARGENTINA


Governo tenta reduzir clientes do Grupo Clarín


O governo Cristina Kirchner iniciou campanha para reduzir a lista de clientes da Fibertel, provedor de internet do Grupo Clarín, com quem briga na Justiça. E-mail enviado para 50 mil pessoas anuncia que a empresa está operando ilegalmente e convoca usuários a migrarem para outra empresa.


 


 


TECNOLOGIA


Mariana Barbosa


Dono de iPad é mais receptivo a anúncio, segundo pesquisa


Usuários de iPad costumam ser jovens do sexo masculino e tendem a ser mais receptivos à propaganda.


É o que mostra um estudo feito pela consultoria Nielsen com 5.000 usuários de dispositivos móveis, como o Kindle (leitor de livros da Amazon), smartphones, videogames portáteis, além do iPad.


Do total de entrevistados, 400 são proprietários de um iPad. Desses, 65% são do sexo masculino, e 63%, menores de 35 anos.


Já os usuários do Kindle tendem a ser mais abastados e também mais instruídos. Dos donos de Kindle, 44% ganham mais de R$ 136,4 mil (U$ 80 mil) por ano. Já entre os usuários de iPad, 39% estão acima dessa faixa de renda. A fatia dos mais abastados cai para 37% entre os donos de iPhone.


O Kindle é também o dispositivo com o maior número de mestres e doutores: 27%.


O estudo mostra ainda que os usuários do tablet da Apple são os mais receptivos a propaganda. Para 39% dos donos de iPad, os anúncios veiculados no aparelho são ‘novos e interessantes’.


Entre os donos de outros aparelhos que se conectam à internet, somente 19% dos entrevistados consideram a publicidade interessante.


E quase a metade dos donos de iPad (46%) disse ‘curtir’ anúncios interativos -ante 27% dos proprietários de outros aparelhos móveis. Os donos do tablet da Apple também são os mais receptivos a realizar compras depois de ver uma propaganda no aparelho.


Mas os proprietários de iPad e de outros dispositivos têm opiniões parecidas sobre conteúdo patrocinado por anunciantes: 59% de todos os entrevistados consideram ‘OK’ receber propaganda se isso significar acesso gratuito a conteúdo.


 


 


INTERNET


Amanda Demetrio e Rafael Capanema


Google Street mostra corpos em BH e Rio


O Google Street View colocou no ar imagens de corpos registradas no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. O serviço (maps.google.com.br), que estreou ontem em 51 cidades do país, faz imagens panorâmicas de ruas. A empresa informou ontem que vai retirar as imagens.


As fotos se espalharam rapidamente pelo Twitter, poucas horas depois do lançamento do serviço no país.


De acordo com a assessoria de imprensa do Google, as imagens do Street View trazem um link por meio do qual o usuário pode denunciar imagens impróprias.


As imagens dos corpos haviam sido denunciadas e seriam tiradas do ar ‘nas próximas horas’, informou a empresa. Até o fechamento desta edição, uma delas havia sido removida, mas outras ainda estavam no ar.


Além das imagens de corpos, internautas brasileiros já começaram a localizar e a divulgar em blogs e redes sociais imagens de prostitutas, pedestres vomitando e pessoas se expondo.


Nem todas as ruas das 51 cidades brasileiras contempladas pelo Street View foram fotografadas. Favelas do Rio, por exemplo, não estão disponíveis. O Google afirmou que pretende preencher essas lacunas aos poucos.


Além de São Paulo, Rio e Belo Horizonte, o Street View já está disponível em cidades de áreas metropolitanas, como São Bernardo do Campo (SP), Niterói (RJ) e Curvelo (MG), além de cidades históricas de Minas, como Ouro Preto, Diamantina, São João Del Rei e Tiradentes.


Os veículos especiais do Google continuarão a registrar imagens de outras cidades -o objetivo é cobrir 90% do país em dois anos. O Google tem planos de incluir em breve outras capitais.


 


 


FUTEBOL


Sérgio Rangel


TV pública paga R$ 4 mi por Série C


Criada há cerca de três anos com a ambição de se tornar a rede pública nacional de comunicação, a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) decidiu entrar no mercado milionário das transmissões esportivas.


A partir de 9 de outubro, a TV Brasil, em parceria com as emissoras públicas locais, vai exibir os jogos finais da Série C do Campeonato Brasileiro, a terceira e penúltima divisão do futebol nacional.


A assinatura do contrato será no início da próxima semana, no Rio. Pelo acordo, a EBC vai pagar cerca de R$ 4 milhões aos dirigentes da CBF, que repassará o valor aos oito clubes envolvidos na disputa da competição.


‘A Série C foi a forma que encontramos para chegar a este mercado. Com a Copa e a Olimpíada confirmadas para o Brasil, queremos aumentar a participação do futebol na nossa grade. Isso já era uma determinação do nosso conselho curador’, disse Marco Antônio Coelho, superintendente de rede da EBC.


Para viabilizar a transmissão, a empresa fechou duas cotas -uma com a Petrobras, outra com a Caixa Econômica Federal. Cada contrato sairá por R$ 700 mil. Nos próximos dias, mais duas cotas deverão ser vendidas.


O orçamento da EBC em 2010 é de cerca de R$ 400 milhões. Pela lei que criou a empresa, a publicidade de produtos e serviços é proibida, o que limita o interesse de grandes anunciantes privados. Em 2009, além de estatais como Petrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES, a EBC teve patrocínio da Vale, mineradora brasileira privatizada há 12 anos, mas com participação de fundos de pensão de empresas estatais.


Nos jogos da Série C, a empresa também vai poder explorar toda a publicidade estática ao redor do campo.


Para garantir audiência, a TV Brasil mexeu no horário dos jogos. Algumas partidas serão transmitidas às 10h. O primeiro jogo pela manhã será Macaé-RJ x Criciúma-SC.


A competição conta também com a participação do Chapecoense, de Santa Catarina, dos paraenses Paysandu e Águia, além do Salgueiro, de Pernambuco, do ABC, do Rio Grande do Norte, e do Ituiutaba, de Minas Gerais.


Coelho informou que a EBC pretende transmitir a Série C desde o início na próxima edição. Em 2011, a empresa vai exibir os Jogos Mundiais Militares, competição que ocorrerá no Rio e reunirá dezenas de atletas olímpicos.


‘Nossa intenção não é entrar na disputa milionária da Série A. Lá, os valores são absurdos. O que queremos é colocar a bola para rolar aqui e tratar, por enquanto, dos desprezados’, declarou o superintendente da EBC.


Os direitos de transmissão da primeira divisão do Nacional valem cerca de R$ 600 milhões. Já os da Série B custam cerca de R$ 60 milhões.


 


 


Na Argentina, transmissão do futebol é estatal


A transmissão do Campeonato Argentino foi estatizada em 2009. A presidente Cristina Kirchner comprou os direitos por R$ 250 milhões por ano, o dobro do que pagavam as empresas TyC e TSC, antigas detentoras. A TyC é do grupo Clarín, que está em confronto com o governo.


A decisão de Cristina foi vista como uma jogada para recuperar sua popularidade. Os jogos eram exibidos em canais pagos.


 


 


TELEVISÃO


Laura Mattos


Globo garante a anunciante que Gerson não é criminoso


O que Gerson (Marcello Antony) faz de tão misterioso no computador ‘não é algo ilegal, é tratável e é algo do cotidiano’. Ele terminará ‘Passione’ como um vencedor. Tudo isso foi garantido pela Globo à Goodyear, que patrocina o personagem, segundo Rui Moreira, diretor de marketing da empresa.


‘A gente tem um acordo com a Globo de que não pode ser nada negativo para a marca, que não é relacionado a crime e é algo que tem tratamento’, disse à Folha.


‘Não teria como a Goodyear ajudar em algo ilegal. A única ação nesse caso seria tirarmos o patrocínio, mas isso [aparecer assim na trama] não teria sentido para nós. Sabemos que é tratável e que é uma coisa do cotidiano.’


Gerson é corredor de Stock Car, da qual a Goodyear, na vida real, é fornecedora oficial de pneus. Em ‘Passione’, é patrocinado pela marca e usa seu carro e uniforme. Quando sofreu um acidente, teve depressão e tentou se matar, a Goodyear entrou na história para apoiá-lo. Em cena, um ator no papel do próprio Moreira diz que a empresa está ao seu lado.


‘Sabíamos que teria altos e baixos. Discutimos [com a Globo] que não fosse nada que prejudicasse a imagem da marca. Percebemos que a recaída seria uma oportunidade para mostrar o quanto a Goodyear apoia as pessoas’, afirmou Moreira.


Um cartaz com o Programa de Saúde Goodyear, que trata funcionários com dependência química, entrou em cena.


Moreira conta que não sabia que Gerson seria viciado em algo no computador -o que ele vê na tela será revelado neste mês. Já se especulou que seria pedófilo e até viciado em cenas de sexo com animais. ‘Fico assustado quando leio essas coisas na internet [risos], mesmo sabendo que que ele será um vencedor. As reuniões com a Globo me tranquilizam um pouco.’


A Globo afirma que ‘apresenta o perfil dos personagens ao anunciante e que Gerson não é um vilão, apenas tem problemas’.


Bebê 1 A Fox, dona do Baby TV, enviou nota sobre críticas do Instituto Alana publicadas ontem na coluna. A ONG acionou o Ministério Público dizendo que o canal não deve ser divulgado como algo positivo para bebês.


Bebê 2 A nota: ‘Baby TV oferece uma escolha de qualidade para pais que optaram por incluir a TV entre as atividades de seus filhos. O intuito do canal não é substituir nenhuma forma de educação.’


Bebê 3 Mais: ‘É sem comerciais, cenas de violência, desenvolvido com a ajuda de experts no comportamento infantil para que seja adequado à capacidade de entendimento de crianças mais novas. O único objetivo é estimular a interação entre pais e filhos.’


 


 


LIVRO


Fernanda Ezabella


É bom para o jornalista ser mais observador do que participante


Malcolm Gladwell tem uma teoria e quer que você pense a respeito.


Na verdade, são algumas teses e muitas histórias curiosas, coletadas em 14 anos de trabalho como repórter da revista ‘New Yorker’.


‘O que se Passa na Cabeça dos Cachorros’, lançado neste mês no Brasil, reúne 21 dessas reportagens de fôlego. Algumas partem de um assunto banal e enveredam por caminhos quase científicos, como uma sobre por que não há tantas variedades de ketchup como de mostarda.


Outras fazem o inverso: falam de assuntos intrincados e chegam a conclusões compreensíveis para leigos. Exemplos disso são os textos sobre soluções inusitadas para os sem-teto nas grandes cidades ou sobre como a falência da Enron poderia ter sido evitada.


‘Meus artigos são planejados como uma convocação, quero detonar uma discussão. Quero que as pessoas pensem sobre o que normalmente não pensam.’


As reportagens são sempre tão comentadas que hoje o jornalista é abordado nas ruas de Nova York, onde mora. ‘Às vezes me dão ideias muito boas [para textos]’, diz Gladwell, que viaja o mundo dando palestras (esteve em São Paulo duas vezes).


O nome do novo livro vem de um artigo sobre Cesar Millan, apresentador de ‘O Encantador de Cães’ (exibido no Brasil no Animal Planet).


Malcolm, 47, tem outros três títulos, todos best-sellers nos EUA, onde já venderam mais de 8 milhões de cópias: ‘Fora de Série – Outliers’, ‘O Ponto da Virada’ (editados no Brasil pela Sextante, R$ 29,90, 48 págs. e 288 págs., respectivamente) e ‘Blink – A Decisão num Piscar de Olhos’ (Rocco, esgotado).


Cada um destrincha algumas de suas ideias. Em ‘Outliers’, ele afirma que o sucesso de um indivíduo ‘fora de série’ é resultado de muitas variantes incontroláveis e não tanto do talento. Já em ‘Blink’, fala do poder da intuição e sobre como analisamos pessoas sem pensar.


Folha – Como foi revisitar suas reportagens antigas para o novo livro?


Malcom Gladwell – Sempre que você olha para as coisas que escreveu, algumas o constrangem, outras o fazem muito feliz. Separei minhas favoritas, que passaram pela prova do tempo. Às vezes, seu pensamento muda ou você se sente mais inteligente sobre aquele assunto. É o mesmo caso com qualquer obra de arte. Às vezes, o tempo é generoso; às vezes, não.


Você se considera um ‘outlier’ [fora de série]?


[Silêncio] Não, não acho. Sou alguém que escreve sobre eles. Quando uso o termo no livro, realmente me refiro a esses tipos de gênios, não a pessoas comuns como eu.


Qual a teoria, então, para explicar quatro best-sellers?


Acho que isso se chama sorte. E tive oportunidades enormes. Comecei numa época em que jornais ainda eram poderosos e gastavam com treinamento de jovens repórteres. Depois, fui para a ‘New Yorker’. Só por estar lá escrevendo você ganha público e credibilidade. Meus editores são brilhantes, melhoram muito minhas matérias. Portanto, estive em situações muito mais fáceis de conseguir sucesso do que a maioria dos jornalistas. Acho importante reconhecer a sorte.


Você é meio jamaicano, nasceu na Inglaterra, foi criado no Canadá e mora em Nova York. Qual é a sua nacionalidade?


É engraçado, sou bem brasileiro, todo misturado, não? Mas eu me identifico como canadense, eu cresci lá. Mas é preciso entender que ser canadense é meio como ser brasileiro -você pode ser muitas coisas ao mesmo tempo.


Como essa mistura ajudou na sua carreira?


Acho que é vantajoso ser um ‘outsider’ [intruso] nos EUA, você vê coisas de uma perspectiva mais fresca. Acho que é sempre bom para o jornalista ser um pouquinho de fora, mais observador do que participante.


Daria alguma dica para quem está começando agora no jornalismo?


Nos dias de hoje, é importante ter uma área de especialidade. Porque o jornalismo, para sobreviver, tem que ser inteligente, oferecer algo que não se acha em qualquer lugar. Se estivesse começando agora, adoraria ter uma especialidade.


O que fez a diferença para a ‘New Yorker’, que conseguiu aumentar sua circulação em mais de 20% nos últimos dez anos?


Num momento em que o mundo ficou bem mais complexo, as pessoas perceberam que precisavam de fontes inteligentes de comentário em suas vidas. E é isso o que somos. Somos o lugar aonde as pessoas vão para entender o mundo.


O QUE SE PASSA NA CABEÇA DOS CACHORROS


AUTOR Malcolm Gladwell


EDITORA Sextante


TRADUÇÃO Ivo Korytowski


QUANTO R$ 39,90 (400 págs.)


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 1 de outubro de 2010


 


MÍDIA E POLÍTICA


Sandra Cavalcanti


Qual é o preço da liberdade?


Estamos vivendo dias constrangedores. Muita gente no Brasil não tem a menor noção do que seja exercer uma atividade pública. Tanto representantes do povo como esmagadora parte do próprio povo, todos demonstram que não sabem fazer a correta distinção entre o que é público e o que é privado.


O comportamento da maioria dos cidadãos e dos governantes revela esta realidade: os conceitos de bem público e de bem privado aparecem sempre muito misturados, de forma confusa e até ardilosa, sufocados pelos interesses particulares de pessoas, famílias, corporações, sindicatos, ONGs suspeitas e seitas pseudorreligiosas.


Os resultados dessa criminosa contaminação são aterradores. Populismo, demagogia, uso perverso dos meios de comunicação, acirramento dos ressentimentos entre categorias sociais. Total falta de transparência no gerenciamento dos tributos arrecadados, nepotismo, enriquecimentos inexplicáveis. E o pior: o apodrecimento dos valores morais. Por isso tem sido tão deprimente enfrentar o que vem sendo trazido à tona nestes últimos tempos.


Não adianta alegar que em épocas anteriores também havia pilhagem do bem comum. Sabemos disso. Mas havia reação. Havia quem se escandalizasse. Havia quem se envergonhasse… Hoje, não. A impunidade está sendo aceita. Virou regra geral. Parece que todo o talento de nossa gente se aplica à fantástica criatividade de novas modalidades de golpes.


Pior do que isso é ter de aturar, na mídia, as declarações e as explicações dos nossos caciques. Pedem respeito às suas pessoas incomuns. Exigem consideração por sua biografia. E o fazem alegando valores republicanos!


É muito cinismo!


É muita arrogância!


A palavra República nada tem que ver com esses comportamentos. República não é nada disso. A expressão res publica, que herdamos da língua latina, significa coisa pública. A República, portanto, cuida da coisa pública. Seu objetivo principal é o bem comum.


Ser republicano é dar primazia ao bem comum. Significa que cabe ao político cuidar do bem comum. Significa que a atividade política se desenvolve na área da justiça. E se vincula integralmente à ética. Sem ética não há política nem políticos. Sem justiça não há política nem políticos.


Diante do panorama que temos à nossa vista, vale a pergunta: de que cuidam os políticos em nosso país, nestes tempos negros? A resposta é aterradora: só pensam em chegar ao poder. Ficar no poder. Usufruir o poder. Gozar o poder. Aproveitar o poder. Tirar vantagens do poder.


Acontece que na verdadeira República o poder só existe para que alguém exerça a tarefa de governar. É isto o que os brasileiros devem exigir de quem chega ao poder: cuidem apenas de governar.


O significado republicano de governar exige zelo pelo bem comum, honesto gerenciamento dos recursos públicos, prestação de contas rigorosa de todos os atos e respeito às leis. As leis, na República, são votadas para ser cumpridas por todos, governantes e governados.


Não é isso o que estamos vendo, mas exatamente o contrário. Os encarregados de zelar pelo bem comum cuidam somente de interesses particulares, partidários, ideológicos, sindicais, corporativos e familiares. Desdenham dos objetivos do bem comum. Apropriam-se dele sem nenhum sinal de vergonha ou constrangimento.


E é nesta realidade deprimente que o Brasil, no domingo, vai escolher de novo seus governantes! Raras vezes vivi um clima pré-eleitoral tão esquisito. Tão absurdamente apalermante! Qual vai ser a reação de nosso povo diante de tudo o que vem acontecendo, como uma enxurrada em dias de tempestade? Onde está a indignação de nossa gente?


Encarapitado no planalto goiano, o governo vive fora da vigilância da população. Ali é quase milagre escapar da contaminação. O presidente, seus subordinados, os senadores, os deputados, os ministros, os membros do Judiciário e mais os aliciantes amigos dos Poderes, todos os que atuam nesse ambiente à parte do País respiram o dia inteiro as vantagens e os privilégios; os conluios e os conchavos marcaram a implantação da capital. Em Brasília, tudo o que é coisa pública está pronto para virar coisa privada! Ninguém conhece limites. Emprego para aliado, protegido, marido, filho, esposa, nora, sogra, avó… Supostas verbas indenizatórias. Luz, telefone, passagens, gastos com as bases, malícias nos artigos das medidas provisórias, espertíssimas emendas orçamentárias, concorrências de fachada, licitações com cartas marcadas, recibos e notas frias. Enfim, um labirinto burocrático infernal, onde o poder jamais cuida do bem comum.


Qual a solução? Existe alguma? Existe. Mas para isso é preciso que apareçam lideranças de verdade. Não há de ser com a UNE subordinada de hoje, nem com candidatos que se escondem sob as ordens de marqueteiros.


Qual o caminho? Tentar acabar com a passividade do eleitor brasileiro. Dando-lhe voz. Dando-lhe meios para exigir dos partidos a indicação de nomes sérios. Dando-lhe meios para cobrar fichas limpas. Sem isso, nada feito. Pelo sistema de hoje, nosso voto não passa de um simples voto de boas-festas, de parabéns, de pêsames ou de louvor. Os partidos atuais não vivem pela força de seus filiados atuantes. Sobrevivem por causa de alianças passivas com o poder. Essa mudança tem de ser feita. Quem fará? Nós! Cabe a nós lutar para garantir a liberdade de opinião e o direito de escolha. Nossa liberdade está prestes a ser agredida. Mas nós vamos reagir. A imprensa mudou o mundo, mas a internet ainda mudou mais. Essa revolução é a nossa força. A turma que está no poder quer impedir a nossa praça!


Na hora de votar, lembre-se disso. O preço da liberdade é a eterna vigilância. Vigiai e orai! Quantos somos? Onde estamos? Qual nosso alvo? Dia 3 de outubro vamos reproclamar a República?


PROFESSORA, JORNALISTA, FOI DEPUTADA FEDERAL CONSTITUINTE, FUNDOU E PRESIDIU O BNH NO GOVERNO CASTELO BRANCO


 


 


Evandro Fadel


Juiz censura Ibope no Paraná a pedido de Richa


O juiz auxiliar Luciano Carrasco, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, acolheu pedido da coligação da candidatura do ex-prefeito de Curitiba Beto Richa (PSDB) ao governo do Paraná e proibiu a divulgação de pesquisa do Ibope prevista para amanhã, véspera das eleições.


Registrada sob n.º 22.938/2010 no TRE para ouvir 2.002 pessoas entre 29 de setembro e 2 de outubro, é a sexta pesquisa com divulgação impugnada no Estado.


Richa que liderava as pesquisas passou a impedir a divulgação quando os números começaram a apontar empate técnico com o candidato do PDT, Osmar Dias. O argumento é de ‘inconsistência do plano amostral’, uma das exigências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).


‘Não se sabe de onde foram colhidos os porcentuais que deram ensejo aos índices anteriores’, afirmou Carrasco, ao acolher a representação. A pesquisa anterior, também impugnada, estava registrada no TRE e deveria ter sido divulgada em 23 de setembro.


De acordo com o juiz, outro problema refere-se à fonte dos índices de ponderação. No pedido de registro, o Ibope citou que utilizaria os dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) de 2008. ‘Já existe o de 2009, cuja diferença relevante foi trazida pelo jornal Gazeta do Povo na matéria do dia 29/09/2010, o que revela distorção que não pode ser levada para a amostragem’, disse Carrasco.


A diretora do Ibope, Márcia Cavallari, afirmou que o instituto estava recorrendo. Segundo ela, o Ibope fará até o fim das eleições 140 pesquisas no País e todas têm o mesmo formato de registro, com a mesma fonte de dados para amostra, mas só houve impugnação no Paraná. ‘A legislação diz que tem de informar, mas não obriga a usar esta ou aquela fonte’, disse. Para ela, no Pnad 2009, que saiu no início de setembro, ‘proporcionalmente não há mudança significativa na comparação da base de dados’.


Censura. A Associação Nacional de Jornais (ANJ) condenou, em nota, o que considera ‘censura prévia e violação da liberdade de expressão’. ‘Fica evidente e a ANJ lamenta que seja desrespeitado o princípio constitucional da liberdade de expressão, o direito do cidadão de receber informações que são pertinentes neste momento’, disse o diretor executivo da ANJ, Ricardo Pedreira. Para ele, a intenção de ocultar informações por parte do candidato do PSDB fica clara, a partir do momento em que não houve questionamento quando as pesquisas eram vantajosas a ele.


Osmar Dias criticou o rival. ‘O Brasil inteiro está estarrecido, inconformado. Ninguém aceita que sejam censurados todos os institutos de pesquisa, principalmente, os eleitores’, disse. Richa responsabilizou o Judiciário: ‘Só a Justiça Eleitoral tem poder de impedir divulgação de pesquisas ou impugná-las e ninguém mais.’


 


 


CRISE NO EQUADOR


Equador força TVs a transmitir cadeia


O governo do Equador ordenou ontem a todos os canais de televisão e rádio do país que suspendessem por tempo indeterminado sua programação normal e passassem a emitir o sinal da rede pública, pela qual estão sendo transmitidas declarações de ministros e autoridades críticas aos policiais sublevados.


Após a declaração do estado de exceção, a Secretaria Nacional de Comunicação da presidência equatoriana enviou um e-mail aos diretores dos principais canais de televisão e de rádio de todo o país exigindo que eles retransmitissem o canal Ecuador TV, Gama TV e a Radio Pública.


Uma das redes de TV mais críticas ao presidente, a Teleamazonas, que foi tirada do ar por 72 horas por transmitir ‘informações não confirmadas’, em dezembro, colocou uma tarja no vídeo para informar que as imagens eram parte de uma ‘cadeia nacional obrigatória’.


Outras redes de TV, como a Ecuavisa e o Canal Uno, também interromperam sua programação para entrar em cadeia nacional. Na transmissão, ministros e autoridades do governo discursavam exaustivamente sobre os acontecimentos envolvendo Correa e policiais rebelados.


Desde que assumiu o poder, em 2007, Correa tem ameaçado seguir os passos do venezuelano, Hugo Chávez, e não renovar a concessão de emissoras de TV privadas. A polarização entre o presidente e a imprensa do país acirrou-se depois que Correa declarou que ‘todos os meios de comunicação e os jornalistas são inimigos de seu governo’.


Como parte de sua luta contra a imprensa, Correa elaborou um projeto, que atualmente está em debate no Congresso, que prevê a criação do Conselho Nacional de Comunicação e Informação (CNCI), que fiscalizará todos meios de comunicação. O novo órgão, controlado por aliados de Correa, teria a incumbência de avaliar o conteúdo de notícias e aplicar sanções. O CNCI terá ainda a atribuição de renovar, a cada ano, a licença das redes de rádio e TV. Na semana passada, sete parlamentares opositores denunciaram os planos do governo à Organização dos Estados Americanos (OEA). Segundo eles, o projeto limita a liberdades de expressão no país. / REUTERS e AP


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


CQC ficará na cola de políticos na votação


Como se não bastasse persegui-los durante todo o ano, o CQC atormentará candidatos e celebridades como parte da cobertura das eleições, no domingo, na Band. O CQC Eleições, comandado por Marcelo Tas, espalhará seus integrantes pelas ruas de São Paulo, Rio e Porto Alegre, na cola de políticos e famosos votando. Rafinha Bastos, Mônica Iozzi, Danilo Gentili ficarão em São Paulo, Marco Luque perseguirá o presidente Lula. No Rio estarão Rafael Cortez e Felipe Andreoli. Caberá a Oscar Filho seguir a candidata Dilma Rousseff em Porto Alegre. O CQC Eleições terá ainda um curta-metragem de 15 minutos sobre um político corrupto que é desmascarado por eles.


70 ações de merchandisings, de 33 marcas diferentes, já estão garantidas em A Fazenda 3. O reality quer dobrar o faturamento com esse tipo de ação.


‘Não, minha mãe está assistindo. Eu tenho família!’ Mulher Melancia no programa ‘família’ da vez, A Fazenda, recusando-se a fazer dança sensual, o que fez minutos depois.


Além dos merchandisings, que vão de tintura de cabelo a ração para cachorro – sim, haverá outro cãozinho Max – a Record pretende faturar com A Fazenda 3 (com intervalos e patrocínios) 25% a mais do que na última edição do reality show.


O SBT lança oficialmente a campanha do Teleton no dia 18, no programa da Hebe.


2012 tá longe, certo? Para o Sportv, não. O canal pago estreia hoje o programa quinzenal A Caminho de Londres, que trará reportagens especiais sobre os próximos Jogos Olímpicos.


O R7, portal da internet da Record, completou um ano, mas vale apenas R$ 8,7 mil , segundo o site www.bizinformation.org.br, que avalia em reais o valor de sites e portais. O Globo.com está avaliado no site em R$ 97, 6 milhões.


Fausto Silva vai gravar as edições de janeiro de seu programa na Globo- temporada de férias – em novembro e dezembro.


O Multishow estreia no dia 17, às 22h30 Psicose? Não, psicótica, série que mostra todas as neuras que podem pirar uma pessoa no primeiro encontro. A atriz Natália Klein assina o roteiro e protagoniza a série.


As atuais exposições da Faap, Memórias Reveladas e Tékhne, serviram de cenário para Ti-ti-ti, da Globo. As cenas gravadas por lá vão ao ar na terça-feira.


Maria Adelaide Amaral estava certa. Ti-ti-ti realmente ganhou uma esticada, mas terminará mesmo em março, para evitar que a sucessora, Robôs e Dinossauros, pegue o carnaval logo em seu início.


Atual garoto-propaganda das Casas Bahia, Rodrigo Faro aumentou em mais de dez vezes seu cachê em comerciais desde que emplacou na Record. Chega a ganhar R$ 2 milhões por campanha.


 


 


 


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