O editor público do New York Times [28/11/04], Daniel Okrent, recebeu um abaixo-assinado com cinco mil nomes acompanhados de comentários e reclamações, protestando contra o fim da lista de eventos culturais do jornal. Ao todo, o calhamaço compreendia 615 páginas. Há algumas semanas, a editoria cultural do diário resolveu criar uma nova seção, chamada The Guide, em que aparecem fotos e comentários curtos sobre pouco mais de 20 eventos que acontecem ao longo da semana. As antigas listas de programação abrangiam mais de 300 peças, exposições e shows.
O argumento dos editores é de que uma seção não pretende substituir a outra. No entanto, observa Okrent, do jeito como as coisas foram feitas, foi inevitável que os leitores fizessem essa associação – foi como ‘trocar uma sinfonia por um jingle‘, escreve. Os editores ponderam que as antigas listas, por serem demasiados extensas, não permitiam incluir informações suficientes sobre cada evento. Sequer o preço dos ingressos era publicado. Segundo eles, somente um profundo conhecedor de arte poderia aproveitá-las, acrescentando que, de qualquer maneira, continham somente dados que facilmente poderiam ser encontrados em outro lugar.
Okrent concorda que as informações eram poucas e em letras miúdas, mas aponta que, para os fãs de algum artista – que não são poucos em Nova York –, basta ver seu nome e o horário de sua apresentação. ‘Talvez Jodi Kantor e Jonathan Landman (respectivamente editores de Artes e Lazer, e Cultura) queiram dizer ao meu amigo Schulte, leitor vitalício do Times e maníaco por música vocal, que ele deva planejar sua semana pelas páginas da Time Out New York‘, provoca o editor público.
Os editores reagiram mal às críticas dos leitores e chegaram a atribuir o abaixo-assinado a um esforço dos produtores de eventos, que queriam ver suas exposições e espetáculos novamente no diário. No entanto, o editor-executivo Bill Keller já admite que pode haver nova reformulação. ‘Estamos dando muita atenção aos leitores que preferem o velho sistema, na esperança de encontrar um compromisso que supra suas necessidades’, disse. Possível solução será aumentar a seção de entretenimento que sai às sextas-feiras. Quanto a The Guide, para Okrent, apesar de ter sido concebido com a melhor das intenções, o fato de restringir o universo artístico nova-iorquino a uma pequena seleção feita por um autor torna a seção um ‘fracasso’.