No dia do tiroteio em Tucson, no Arizona, que feriu gravemente a deputada Gabrielle Giffords, a NPR divulgou que ela havia morrido no atentado. Já a Associated Press optou por segurar esta informação. Segundo a editora-executiva da AP, Kathleen Carroll, os telefones da agência ficaram congestionados com reclamações sobre a não divulgação da informação pela AP e o fato de a agência ter deixado a NPR ter dado a notícia primeiro. No NYTimes não foi diferente. De acordo com o editor de padrões, Greg Brock, muitos indagaram onde estava o jornalão nisto tudo.
Sem dúvida, a pressão para divulgar as últimas informações foi intensa. A diferença entre a AP e o NYTimes na ocasião foi que a AP segurou corretamente a informação – incorreta – da morte de Gabrielle. Já o NYTimes apressou-se em dar as últimas informações no site. Gabrielle não morreu no episódio e o erro foi rapidamente corrigido. O caso mostra uma escolha filosófica importante enfrentada pelos editores em uma era que transformou o modo como organizações de mídia lidam com a informação.
Ciclo contínuo
É verdade que, quando existiam apenas os jornais impressos, editores algumas vezes tinham de tomar decisões difíceis sobre a precisão da reportagem tendo em vista seu prazo de entrega. No entanto, o fornecimento das notícias digitais em um ciclo contínuo aumenta drasticamente o volume e a dificuldade destas decisões. Organizações como o NYTimes agora devem se perguntar: o quanto da nossa reputação devemos expor em nome de ser o primeiro a dar a notícia ou pelo menos de não ser o retardatário?
Esta decisão – ser ágil ou preciso – é grandiosa, alguns acreditam, e deve definir daqui para frente as reputações das organizações de mídia. Outros, incluindo Bill Keller, editor-executivo do NYTimes, alegam que esta é uma falsa dicotomia: é possível fazer ambos. No entanto, não é esta a opinião de Tim McGuire, acadêmico e ex-presidente da Sociedade Americana de Editores de Jornais. ‘Isto está se transformando em uma escolha: serei o primeiro? Será esta a minha marca ou a credibilidade? Não acredito que é possível ser ambos’.
Realmente, é difícil conseguir reunir as duas características. A AP é uma exceção. A agência tem funcionários em 300 escritórios em todo o mundo e, portanto, estaria mais bem posicionada do que qualquer outra organização para estar in loco quando o fato ocorrer. O NYTimes, ao contrário da AP, não tem 300 sucursais em todo o mundo. Por isso, deve contar, mais do que a AP, com outras organizações de mídia para estar in loco quando algum fato acontecer.