Em sua primeira coluna de 2012, o ombudsman do New York Times, Arthur S. Brisbane, abordou o desafio do jornal de manter a liderança no jornalismo americano, analisando cinco temas que requerem bom senso.
Um deles é a campanha presidencial; para jornalistas do NYTimes e seus colegas, este evento requer que editores garantam equilíbrio, precisão e justiça na cobertura. Em sua colunado dia 4/12, Brisbane escreveu sobre o impulso dos jornalistas de impor suas próprias narrativas na disputa presidencial, uma dinâmica que pode ocultar o que os candidatos estão realmente dizendo. Como a recente primária em Iowa mostrou, a nomeação do candidato republicano resiste a qualquer narrativa coerente.
No início da campanha, o NYTimes decidiu cobrir sem grandes estardalhaços o deputado Ron Paul, do Texas, e o ex-senador da Pensilvânia Rick Santorum – que lutam pela indicação para concorrer com o democrata Barack Obama. O recente forte desempenho de ambos mostrou o quão difícil é para o jornal captar o desenrolar do roteiro da corrida presidencial. Em sua cobertura dos resultados da semana passada, em Iowa, o diário agiu rapidamente para estabelecer novas narrativas: New Hampshire, onde ocorre a segunda primária, pode não ser tão importante agora (uma premissa que mina Mitt Romney, que acredita que se trata de um local importante); esta é uma campanha longa; e Rick Santorum é a nova estrela ascendente. A batalha pela nomeação do candidato republicano está ensinando aos jornalistas uma lição: seja humilde, pois ninguém sabe o que virá em seguida.
O outro tema é a cobertura que o jornal faz de si mesmo. Parte do desafio para se manter na liderança vem do volume e da frequência excepcionais da cobertura da campanha por novos rivais, como o site Politico. Há uma onda de organizações de mídia com verba para investir na cobertura e que, assim como o NYTimes, estão competindo não apenas por leitores, mas por anunciantes na arena digital. Uma delas é a agência Reuters, que em dezembro divulgouo valor pago pela New York Times Company pela saída da executiva-chefe do grupo, Janet Robinson. Segundo a Reuters, ela receberia não apenas US$ 4,5 milhões (o equivalente a R$ 8,3 milhões), valor divulgado também pelo NYTimes, mas também seria elegível para receber US$ 10,9 milhões (R$ 20 milhões) em benefícios de aposentadoria. Já em relação a cobrir seus colegas, o NYTimes é mais agressivo. Em uma matéria do dia 13/12 sobre a saída do editor do Los Angeles Times, Russ Santon, foram citadas fontes anônimas alegando que ele “não tinha os melhores interesses dos repórteres em mente” – o que foi negado por Stanton.
A crise da dívida europeia também merece atenção. Em agosto, o ombudsman afirmou que os investimentos pesados no blog DealBook, centrado em Wall Street, seriam melhor alocados na cobertura dos acontecimentos devastadores na zona do euro – o que foi feito em novembro e dezembro.
Uma outra questão importante é a do gás natural. Para Brisbane, em 2012 é preciso atenção para uma cobertura mais ampla do gás de xisto, que está se tornando um grande assunto de energia – presente nas seções de economia, nacional e metropolitana. A cobertura parece fragmentada e algumas vezes contraditória desta maneira. Para Dean Baquet, chefe de redação, o NYTimes irá coordenar melhor este assunto este ano e terá um editor para garantir que todo mundo saiba em que cada um está trabalhando.
Uma outra pauta que merece cuidado é a guerra de aviões teleguiados. No ano passado, Brisbane pediu ao jornal que pressionasse a administração do presidente Barack Obama para revelar a base lógica e legal dos ataques de aviões teleguiados, especialmente no caso de Anwar al-Awlaki,cidadão americano morto no Iêmen. No dia 20/12, o diário pressionou o Departamento de Justiça a revelar seu raciocínio. Este foi um passo valioso, que demonstra a liderança do NYTimes e o papel indispensável de uma imprensa livre.