Monday, 04 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Paulo Rogério

“‘Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.’ Joseph Pulitzer, jornalista

Nem o ombudsman ficou livre dos erros do – ainda – trabalho artesanal de edição. A coluna do último domingo (11) teve todo um tópico cortado, segundo a Chefia de Redação, responsável pela revisão e fechamento da coluna, por uma falha técnica. Com a ausência, o texto de abertura ficou sem muito sentido. Diante disso a solução encontrada para manter a maior transparência possível – mesmo sacrificando o conteúdo dessa semana – é repetir todo o texto original, agora, com a inclusão da nota ‘Superficialidade’, excluída da versão inicial.

Borbulhas de dúvidas

A chegada das primeiras estacas que marcam o início das obras de construção do Acquário do Ceará, na Praia de Iracema, provocou um novo e intenso debate durante a semana nos veículos do Grupo O POVO – jornal, rádio, TV e Portal. Uma polêmica que segue desde o anúncio do projeto, há mais de quatro anos, e que promete continuar, se depender dos leitores. A produtora Maithê Gurgel, por exemplo, diz que já procurou em órgãos oficiais informações sobre o projeto e como será financiado, sem ter sucesso. Apela para que o jornal faça matérias investigativas sobre a construção.

O leitor Júlio Lira é mais incisivo e acusa o jornal de estar passando ao largo sobre a dispensa de licitação das obras do aquário. ‘Por que não foi feita uma reportagem investigativa sobre este tema?’, questiona. De fato, a questão ainda não foi bem explicada pelo jornal mesmo diante das inúmeras matérias publicadas. Somente de sábado (3) até sexta-feira (9), foram publicadas sete matérias sobre o Acquário nas editorias de Opinião, Radar e Economia, além de ser o tema principal da coluna Política por dois dias.

Superficialidade

Apesar da quantidade, ainda há muito a se explorar. Questionou-se o local e a importância da obra e até o futuro da população do entorno. Mas nunca se discutiu profundamente a legalidade da operação que beneficiou empresa norte-americana com uma obra de R$ 250 milhões. É isso o que os leitores questionam. A editora-executiva do Núcleo de Negócios, Neila Fontenele, disse que ainda está apurando informações. ‘Temos tentado saber se houve ou não licitação. No caso da brasileira CG Construções Ltda (que fará a primeira etapa) houve. No da americana, não conseguimos confirmar’.

Ora, o edital de inexigibilidade da licitação foi publicado no Diário Oficial dia 26 de maio de 2011, discutido em audiências públicas e debatido na AL. Não é novidade. O documento é, inclusive, a principal bandeira do grupo denominado ‘Quem dera ser um peixe’, que tem levantado questionamentos técnicos e financeiros. Muitos deles que o jornal pode responder. É só fugir da factualidade e investir em textos de análise e investigação. Ainda há tempo para isso.

Atualizando

A nota acima era para ter sido publicada domingo (11). De lá para cá houve um progresso. Na sexta-feira (16), o jornal publicou manchete de página em Economia com as dúvidas do grupo sobre a licitação. A editoria ouviu o Governo, membros do grupo e o Tribunal de Contas do Estado. Faltou uma manifestação do Ministério Público, que o movimento ainda promete acionar.

O jornal continua, entretanto, sem aprofundar a discussão sobre os motivos que levaram o Estado a optar por não realizar licitação e, principalmente, se esses motivos estão suficientemente comprovados. Perguntas não faltam: Será que só essa empresa tem capacidade para construir a obra? Qual empresa irá construir os aquários do Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul? Quem fornecerá o material marinho? Quem administrará o aquário? Haverá concurso ou será terceirizado? Enfim, há muito para ser esclarecido e a imprensa ainda tem adotado uma postura de pouca fiscalização.

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FOMOS BEM

SAÍDA DE RICARDÃO

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FOMOS MAL

SEM ESPAÇO

Excesso de anúncios em Radar, exatamente a página com as últimas notícias do dia.”