Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

“Na nossa profissão, convivemos a todo momento com a angústia do erro.’ – Ricardo Gandour, jornalista

O leitor Jackson Pereira qualificou a matéria ‘Transporte público – Fim do sistema amador em Fortaleza’, publicada na edição de quarta-feira (1º/8) e que abriu a série ‘Ônibus que movem a economia’, como superficial e sem aprofundamento. Ele diz que a reportagem não comparou como era o sistema de transportes e como ficou para que os leitores tivessem uma ideia se houve avanço. ‘Uma matéria que trata de mudanças, tem que trazer comparações.’

David Costa Filho fez comentário semelhante no O POVO On line. ‘Não tem nenhuma novidade em relação ao sistema de antes da licitação’. Para provar a tese, o leitor confrontou dados. ‘Etufor no Anuário 2010 – frota de 1.844 ônibus; O POVO, em 2012, 1.900 ônibus. O precário sistema continua’. Segundo relatório oficial da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), na realidade Fortaleza tinha, em junho de 2010, um total de 1.748 ônibus. Em dois anos então foram 152 veículos a mais. Esses números não foram analisados.

Exageros

Os leitores têm razão. A matéria apresentou muitos números, mas não fez análises em relação a equipamentos ou atendimento. Para quem utiliza transporte público, a afirmação ‘Fim do sistema amador’ chega a ser exagerada. As filas explicam isso. É só olhar nas ruas para desacreditar no título. O editor-executivo do Núcleo de Negócios, Jocélio Leal, concorda na falta de aprofundamento e comparação. ‘A propósito, é comentada pelo presidente da Etufor, Ademar Gondim’. Na verdade, o gestor comparou apenas a forma das permissões serem dadas – de linhas para áreas.

O jornal é que deveria ter feito a análise para deixar o leitor refletir se o que o poder público tem feito é suficiente. Em março de 1981, segundo revela nota publicada na seção ‘O POVO é História’, as filas e horários já eram as principais reclamações dos usuários de ônibus. Cena que não mudou. Para Jocélio, a expressão ‘Uma nova era’ usada na capa do jornal daquela edição ‘traduz o novo momento do sistema diante da primeira licitação’. A meu ver, para afirmar a novidade é preciso saber como era. E isso faltou.

Correria ou negligência?

Na coluna do dia 4 de dezembro já alertava aqui a importância da Redação agilizar a correção. A promessa feita pela chefia, na época, era de mudar procedimentos para diminuir prazos que chegavam há até dois meses. Passados oito meses, porém, o problema permanece, causando grandes acúmulos – o que afeta a imagem do produto – e a consequente publicação de várias correções em uma única edição.

Foi o que aconteceu no sábado (28). Nada menos que oito Erramos foram publicados. Um deles, da editoria Ceará, se referia a matéria publicada dia 21 de junho, portanto, há mais de um mês. O fato se repete em outras editorias. Esportes, por exemplo, corrigiu erros cometidos dias 13 e 16 de julho. Quase 15 dias depois. Um tempo que não se justifica, mesmo diante da correria que envolve a produção de um jornal diário.

Explicações

A Chefia de Redação afirmou que a orientação é para que haja rapidez na publicação. Questionei os editores executivos dos quatro núcleos da Redação sobre os motivos da demora. Tânia Alves, de Cotidiano, disse que desde a última semana o Núcleo decidiu delegar para ‘um dos editores adjuntos a tarefa de acompanhar assunto para que o reparo seja feito o mais rápido possível’. Já Magela Lima, de Cultura & Entretenimento, disse que um dos problemas que enfrenta é o adiantamento de grande quantidade de edições trabalhadas. ‘No mais, tentamos manter a seguinte lógica: erro apontado entra na edição mais próxima com fechamento em aberto’. Os demais – Conjuntura e Negócios – não responderam até o fechamento da coluna.

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