“Jornalista é peixinho de aquário: colorido e faz gracinhas. O escritor é o peixe de mar profundo. O sol não entra, mas ele tem o oceano todo’ Carlos Heitor Cony, escritor.
Nem só de violência, crises econômicas, denúncias ou debates políticos vive o jornalismo. O jornal deu um belo exemplo disso, na edição de segunda-feira (6). Provou que a sensibilidade ainda faz a diferença na hora de descobrir e contar uma história. O caderno ‘Expedição Cocó’ mostrou ao leitor do O POVO um mundo novo escondido dentro da cada vez menos verde Fortaleza. Um mundo cheio de formas e cores. Uma realidade a poucos metros de nossos olhos e que a gente teima em não enxergar, mesmo passando a poucos metros do local.
Foram 16 páginas de surpresas, em uma publicação com formato especial e que permitiu ao leitor ter a sensação de estar no meio da floresta, quase ouvindo o canto dos pássaros ali retratados. Um trabalho de fôlego da equipe que participou de todo projeto. E de uma sensibilidade pra lá de apurada do jornalista Demitri Túlio que passou 1.000 dias embrenhado no Parque Ecológico do Cocó até obter todo material.
Elogios
Os leitores reconheceram a boa apuração, primeiro passo para a excelência do material. Pela internet Antônio Sérgio parabenizou a equipe. ‘Excelente iniciativa que parte do amor à Natureza, nossa casa, nossa mãe’. ‘É, talvez, o maior documento de defesa ambiental do Parque do Cocó’ salientou Maurício Matos também pelo Portal. Vários outros engrossaram o coro de elogios. O leitor Carlos Martins destacou a importância do que foi apurado para as gerações futuras.
Apenas uma leitora destoou da maioria. Regina Alves Simões, que disse ser bióloga, afirmou que as imagens obtidas são falsas. ‘Nem quando o Vicente Pinzon por aqui andou existia uma fauna tão abundante’. Para ela a reportagem foi encomendada pelo Estado para justificar a retirada de gatos da área – pauta tratada no dia seguinte. Uma injustiça da leitora diante da seriedade de todo registro. Demitri garante que o material é todo do Cocó e que a segunda parte do caderno, que será publicada amanhã, traz ainda muito mais surpresas.
Constrangimento
Volta e meia a discussão sobre o uso ou não de imagens de presos reaparece. O leitor Expedito Guanabara Júnior, que atua na área dos direitos humanos, criticou o jornal pela publicação, domingo (5), na editoria Fortaleza, da foto de acusados de participação em assalto a banco. A imagem, em duas colunas, mostra três presos, entre eles uma mulher, algemados, cabisbaixos, encostados na parede da delegacia e observados por um policial. ‘Estou questionando o tratamento dispensado pelas autoridades, que deve se pautar pelo respeito à dignidade humana’ afirmou.
Reflexão
Para o leitor o jornal sempre se preocupou em evitar constrangimentos e pré-julgamentos. Dessa vez, para o leitor, não houve esse cuidado diante da atitude da Polícia ao apresentar os presos em coletiva. ‘Teria o jornal mudado de filosofia?’ questiona. A editora-executiva do Núcleo de Cotidiano, Tânia Alves, garante que não. ‘No O POVO evita-se colocar fotos de pessoas presas, mas não é proibido. Quando se publica imagem do tipo é aconselhável não utilizar fotos das pessoas mostrando o rosto’. A meu ver, nesse caso, mesmo sem mostrar o rosto dos suspeitos, houve o constrangimento, já que todos ainda são suspeitos. O tema, porém, merece sempre sofrer uma reflexão.
Esquecido pela mídia
Finalização das alças do túnel da Avenida Humberto Monte, na Parquelândia.
FOMOS BEM
DOCUMENTO DEBATE
Especial com 90 perguntas e respostas mostrou propostas de candidatos em Fortaleza
FOMOS MAL
EXONERAÇÃO
Jornal noticiou atrasada a troca na direção da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará”