Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Paulo Rogério

“'Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu.' Mateus 18:18

'O que você vai fazer depois que deixar de ser ombudsman?'. Essa foi a pergunta que mais ouvi nos últimos três anos. O engraçado é que já tinha uma resposta pronta na cabeça. No primeiro ano, era preciso e rápido: 'Volto para a Redação!'. Veio 2011 e a resposta mudou de tom e velocidade. Já era mais lenta: 'Acho que volto para a Redação'. Hoje, enfim, chegou o dia de sair da teoria e encarar a parte prática. E a resposta mudou: 'Estou voltando para a Redação'. Era isso que as pessoas queriam saber, ainda em 2010: Como encaro essa volta?

De um primeiro momento até juvenil, desafiador, para outro bem diferente. Maduro, um momento de missão cumprida, mas de uma incógnita angustiante. Foram três anos avaliando o jornal, criticando e elogiando colegas – mais o primeiro ponto do que o segundo – e isolado do convívio da Redação não é um tempo a ser desprezado. Provoca mudanças.

Ser ombudsman não é um monstro como muitos jornalistas pensam. Os ouvidores de outros órgãos podem atestar isso. Como qualquer outro cargo de chefia, a função exige tomada de decisões, conhecimento jornalístico, do processo industrial, da distribuição, dos horários. Exige poder de avaliação do produto, sensibilidade, paciência, tolerância e conduta. Como profissional, volto para a Redação bem mais sensível ao que o leitor pretende ver. O debate diário com o público garantiu essa bagagem, esse novo olhar.

A incógnita vem do lado pessoal. Apontar erros, discutir opiniões, muitas vezes publicamente, não é uma atitude bem compreendida pelo ser humano. Com o jornalista não é diferente. Embora tenha evitado citar nomes, optando em analisar o trabalho e não o autor, a aceitação da crítica nem sempre foi boa. Debates acirrados foram travados internamente, muitos até extrapolando a questão jornalística. Por isso essa incógnita no retorno. O tempo dirá.

Sentimento especial

A partir de amanhã o jornalista Erivaldo Carvalho (foto) é o novo ombudsman do O POVO. Começa um novo ciclo. Entro de férias, retornando ao jornal em fevereiro. Fica aqui o agradecimento público a Luciana Dummar, presidente do Grupo de Comunicação O POVO, pela confiança na escolha em 2010 e nas duas reconduções que se seguiram – finalmente agora poderemos voltar a nos falar! Importante também destacar a prestativa colaboração da chefia de Redação, dos editores e dos gestores do jornal na resposta aos questionamentos dos leitores.

Muito do que fez o ombudsman nestes anos deve-se, entretanto, a leitores como José Mário, Dona Leila, Vanderberg, Luciano Ferraz, Cláudio Martins, entre outros anônimos. Gente que é muito mais que uma simples voz no telefone ou um endereço de e-mail. São pessoas que querem um jornalismo de qualidade, de respeito a valores, de informações precisas e que, acima de tudo, possuem um sentimento especial pelo O POVO.

Indicativos

Se há um ponto em comum nos últimos três anos é o teor da queixa dos leitores. A maior parte delas é com os constantes erros de Português. Há chiadeira com os erros de informação com números, datas, nomes etc. Por outro lado o jornal é elogiado quando investe em reportagens especiais, amplia coberturas, denuncia erros e cobra as autoridades. Esse é o caminho a ser seguido. No último balanço do trimestre foram registrados 127 erramos, com 161 atendimentos, sendo 97 por telefone. No ano foram 600 atendimentos e 534 Erramos publicados.”