“‘Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho’ Mario Quintana, jornalista e poeta
Nas últimas semanas, O POVO vem transformado as páginas de Ceará em, praticamente, a ‘editoria da Seca’. Para lá goteja o noticiário do problema por que passa todo o Ceará, neste que já desponta como um dos anos mais traumáticos nesse quesito. Explicando o ‘todo o Ceará’: em Fortaleza, podemos até, diretamente, sentir apenas o bafo da quentura pela falta de chuva. Mas a sequidão atinge a todos, de forma muito mais ampla e cotidiana. Político e economicamente. Social e culturalmente. Primeiro, foram as previsões pouco otimistas da quadra chuvosa. Agora, a agonia do racionamento de água. Como sabemos, esse drama é pai e mãe de muitos outros, que vão do arraso de pastos e plantios à carestia na mesa do cearense. O jornal tem procurado levar a situação a seus leitores/internautas. Mas é uma cobertura que, se não está aquém, precisa se preparar para dias de muito mais demanda jornalística. A tendência, salvo uma intervenção de São José, festejado nesta terça-feira, dia 19, é o agravamento do quadro.
O olhar é sempre limitador a distância
É justo dizer que já tivemos pontos altos na pauta sobre a falta de água. Um caderno especial, Planeta Seca, chegou a ser publicado no ano passado. Mas, assim como a chuva, a cobertura tem de ser perene. No dia a dia. Edição pós edição. O grande desafio para a Redação vem poucos meses depois que o jornal deixou de circular no Interior. Também ficamos sem correspondentes. Por consequência, estamos submetidos à sempre precária apuração, via telefone ou internet, ou a viagens, em quantidade e percursos irrisórios. Em travessias jornalísticas assim, o olhar distanciado é sempre limitador. Tudo somado e considerado, O POVO está sob o risco de ser tangido pelos fatos, ações governamentais ou concorrência. Portanto, na iminência de perder, nessa área de cobertura, uma de suas marcas: o protagonismo transformador e a capacidade de abraçar causas. Sem priorizar a cobertura, não adianta apelar para o santo padroeiro.
Espaço é condizente, diz editor
A pedido do ombudsman, o editor-executivo do Núcleo de Conjuntura do O POVO – onde está abrigada a editoria de Ceará -, jornalista Guálter George, enviou a seguinte resposta à Coluna: ‘O volume de matérias publicadas nos últimos meses e o conteúdo que elas apresentam, inclusive como resultado de investimentos determinados pelo deslocamento de equipes ao Interior do Estado, são indicações claras do nível de interesse editorial com o qual temos tratado do assunto da seca em nossa pauta. Portanto, avalio que o espaço oferecido é condizente com a sua inquestionável importância. Nossa preocupação tem sido de manter uma boa vigilância no noticiário, acompanhando o que é gerado a partir das instâncias públicas e privadas mais diretamente relacionadas com a crise, especialmente nos últimos seis meses. Assim é que existem tentativas de contatos praticamente diárias, entre outras, com a Funceme, CPTEC/Inpe, Fetraece, Faec, além do que pode resultar da cobertura já normalmente feita nos parlamentos onde o assunto é mais constantemente tratado: Assembleia Legislativa e Congresso Nacional’.
‘Abordagem diferenciada permanente’
Segue outro trecho da resposta: ‘Há, além disso, várias iniciativas nossas não atreladas à factualidade. O tema seca foi tratado, com mais aprofundamento, em pautas de domingo de Política e em espaços especiais como o ‘Entrei na história’, enfim, o tratamento editorial oferecido está no nível que costumamos oferecer às temáticas que são elevadas a uma categoria que lhes garanta uma abordagem diferenciada permanente. Claro que temos consciência de que o muito que for não será suficiente para atender toda a demanda de um drama que atinge por igual, praticamente, quase todos os municípios do Ceará. Portanto, dentro da briga diária por espaços, há justiça na forma como a temática seca tem sido tratada no O POVO’.
FOMOS BEM
Sugestões do leitor. Sempre pontos altos nas edições. Boas pautas, bem executadas pelas editorias
FOMOS MAL
Poucos mapas.
Há situações em que não adianta detalhar em textos. Só uma imagem resolve”