Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Em véspera de ano eleitoral, estados gastam 1,69 bi em propaganda


Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 24 de maio de 2010


 


PROPAGANDA


Plínio Fraga


Estados desembolsam R$ 1,69 bi em propaganda


‘O governo tucano do Estado de São Paulo foi o que mais gastou com propaganda e publicidade no país -quase um quinto de R$ 1,69 bilhão que as administrações estaduais desembolsaram na véspera do ano eleitoral.


Sozinho, o governo federal teve gastos publicitários de R$ 1,119 bilhão em 2009.


O gasto estadual com propaganda por habitante mais alto é o do Distrito Federal, seguido de Tocantins, Goiás e Rio Grande do Sul.


Cada cidadão do DF pagou R$ 80,56 pela propaganda da gestão José Roberto Arruda (então no DEM); os tocantinenses desembolsaram, cada um, R$ 24,51 para promover o governo de Marcelo Miranda (PMDB).


Os goianos arcaram, cada um, com R$ 19,34 para as campanhas de Alcides Rodrigues (PP), e os gaúchos, com R$ 18,98 para custear atos de divulgação da governadora Yeda Crusius (PSDB).


RENDA


O tucano José Serra, que deixou o governo de São Paulo em razão da candidatura à Presidência, gastou mais com propaganda do que com os programas de transferência de renda do Estado.


O Renda Cidadã atende a 137,3 mil famílias com ganho mensal de até R$ 200 por pessoa, pagando R$ 60 por mês, com recurso orçamentário de R$ 97,4 milhões em 2009.


No Orçamento de São Paulo, a rubrica publicidade e propaganda registra gastos de R$ 311 milhões, mas o governo afirma que o desembolso com divulgação foi de R$ 247,3 milhões.


O restante do dinheiro, diz o governo, foi gasto por órgãos como a Assembleia Legislativa (R$ 17,7 milhões).


Cada paulista desembolsou R$ 7,81 no ano passado para pagar propaganda. Só nos cinco primeiros meses deste ano, São Paulo já gastou mais R$ 95,3 milhões com esse tipo de despesa.


JUSTIFICATIVA


Em nota, o governo paulista justificou o investimento em razão de ‘novos desafios de comunicação’. Exemplifica com a lei contra o fumo e o programa Nota Fiscal Paulista. ‘São ações que só têm razão de existir com a efetiva comunicação à população.’


Na administração petista da Bahia, o governador Jaques Wagner gastou R$ 108,5 milhões com propaganda, a um custo de R$ 7,71 para cada baiano. O petista investiu em segurança pública R$ 26,6 milhões, um quarto do que gastou com divulgação.


Cada cidadão brasileiro pagou R$ 6,08 pela propaganda do governo Lula.


Em oito anos, Lula despendeu R$ 7,7 bilhões na área, o suficiente para custear quase sete meses de benefícios aos 11 milhões de famílias do programa de transferência de renda federal.


Apesar de a justificativa ser a necessidade de informar a população sobre a gestão, os Estados, por diversas vezes, estabelecem algum vínculo com campanhas.


Na Bahia, Jaques Wagner usou na narração de comercial o ator Reinaldo Gonzaga -que fez o mesmo papel na campanha de Lula. O governo de SP usa o locutor Ferreira Martins, conhecido das campanhas tucanas desde a primeira eleição de FHC.’


 


 


Congresso aprova nova lei para regular contratos


‘A dificuldade para fiscalização e definição dos serviços de publicidade e propaganda levou à aprovação pelo Congresso de uma lei, que entrou em vigor neste mês para reger o setor.


A nova legislação começou a ser elaborada após o chamado escândalo do mensalão, em 2005, esquema de repasse de verba para parlamentares da base que usava agências do publicitário Marcos Valério como fachada.


A nova lei exige que os governos façam licitação e define quais serviços podem ser oferecidos pelas agências de propaganda. Havia governos que incluíam na mesma conta serviços de assessoria de imprensa, relações públicas e até patrocínios a eventos.


Se os serviços prestados são de difícil fiscalização, o conteúdo das propagandas não é menos polêmico.


A eventual vinculação entre propaganda administrativa e campanha levou o procurador regional eleitoral do Rio Grande do Norte a abrir procedimento administrativo para investigar o gasto de R$ 23,8 milhões da gestão Wilma Faria (PSB).


ANO ELEITORAL


‘Em ano eleitoral não deveria haver propaganda institucional de governo nem propaganda partidária. Seria mais honesto com o eleitor’, afirma o procurador Ronaldo Sérgio Chaves Fernandes.


O procurador reconhece a dificuldade de distinguir entre informação administrativa relevante e promoção do governante. ‘É como propaganda subliminar. Só dá para examinar caso a caso.’


Para obter os dados dos gastos em propaganda, a Folha procurou os Tribunais de Contas, os governos estaduais e as Assembleias Legislativas. Não há uma padronização de dados.


Em parte dos casos, o gasto total com publicidade só aparece nos balanços entregues aos Tribunais de Contas até junho do ano seguinte ao da despesa. Muitas Assembleias têm acompanhamento da execução orçamentária diariamente, mas só da administração direta.


Governos estaduais usam empresas da administração indireta para custear propagandas, mas esses gastos só serão detectados na análise da prestação de contas entregue aos TCEs.’


 


 


REINO UNIDO


Duquesa britânica é flagrada vendendo ‘acesso’ a príncipe


‘Sarah Ferguson, duquesa de York (Reino Unido), foi flagrada negociando pagamentos em dólar e libra em troca de ‘acesso irrestrito’ ao seu ex-marido, o príncipe Andrew, filho da rainha Elizabeth 2ª.


O flagra, arquitetado pelo tabloide ‘News of the World’ com direito a registro em vídeo, deixou a duquesa ‘arrasada’, conforme a sua portavoz.


Ferguson confirmou a autenticidade da filmagem e lamentou ‘qualquer embaraço que possa ter causado’.


Embora a revelação cause constrangimento, não existe indício de que a duquesa tenha agido de maneira ilegal.


Conhecida como Fergie, a duquesa aparece na filmagem cobrando o equivalente a R$ 1,4 milhão em troca do acesso ao príncipe que, diz ela, ajudaria seu interlocutor, um repórter disfarçado de empresário, a fechar ‘negócios lucrativos’.


De acordo com o tabloide, após cobrar US$ 40 mil em espécie como adiantamento e 500 mil libras por meio de transferência bancária para sua conta corrente pessoal, Ferguson insistiu que 1% de todo o negócio fosse revertido para seu trabalho de caridade, erguer escolas na Ásia.


Em um dos encontros, ela chegou a pedir a assinatura de um contrato de confidencialidade.


O repórter negou, e as conversas continuaram.


Desde o divórcio, a duquesa já escreveu livros infantis, fez séries na TV e foi portavoz do Vigilantes do Peso.


No vídeo, ela reclama da péssima situação financeira.


O tabloide destaca que o príncipe Andrew não sabia das promessas da ex-mulher, de quem se divorciou em 1996. O Palácio de Buckingham não comentou o caso.


No vídeo, Ferguson diz que Andrew ‘nunca aceita um centavo por nada’.’


 


 


TELEVISÃO


Andréa Michael


Crescimento da publicidade pode chegar a 15% no ano


‘Mais aquecido que o esperado por conta da Copa e das eleições, o mercado publicitário cresceu 25,1% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2009.


Desde janeiro, R$ 5,44 bilhões foram investidos em nove mídias, segundo balanço do Projeto Inter-Meios que será divulgado hoje.


A projeção para o crescimento médio do faturamento do setor em 2010 era de 10%.


Agora pode chegar a 15%, segundo Salles Neto, presidente da Editora Meio&Mensagem, que faz o Inter-Meios.


‘É um crescimento exponencial, acima da média de qualquer outro setor da economia, ou seja, esse desempenho não está nas eleições’, diz Salles Neto.


Ele explica que em regra o Mundial e a disputa eleitoral não injetam mais recursos no mercado, só fazem concentrar seu fluxo no primeiro semestre.


Porém, diante do aumento expressivo registrado neste ano, a conclusão é que há mais dinheiro.


‘Esse resultado decorre do desempenho da economia.’


A TV aberta segue como a preferida dos anunciantes, com 62,96% do volume de investimentos.


Recebeu R$ 3,42 bilhões no trimestre.


A internet foi a mídia que mais cresceu: 37,57% desde janeiro, captando R$ 234,78 milhões. Detém 4,31% dos investimentos.


Jardim Estão avançadas as negociações do diretor artístico da TV Cultura, Marcelo Amiky, para coproduzir com a canadense Lenz uma série infantil inglesa que mistura animação e ‘live action’. Voltado para crianças na pré-escola, o produto já foi premiado em festival no Japão. A consultora Beth Carmona acompanha.


Microfone Celso Portiolli, apresentador do ‘Domingo Legal’ (SBT), acaba de comprar as rádios FM Santa Cruz, em Ribeirão Preto, e Ótima, em Pindamonhangaba.


Fumaça Em homenagem ao Dia Mundial sem Tabaco (31/5), o GNT exibe na véspera o documentário ‘Fumando Espero’, de Adriana Dutra, sobre o víciodo fumo. Traz entrevistas de anônimos e famosos, entre os quais Eduardo Moscovis e Carla Camurati.


Gênio Especialista em comunidades de fãs na internet, Madeline Flourish Klink foi contratada como consultora da Globo para acompanhar os projetos da emissora na área. Hoje com 23 anos, ela ficou conhecida no mundo em 2004, quando coproduziu uma das maiores redes para os aficionados em Harry Potter.


Lousa Do dia 24 ao 27, sempre às 21h45, a Univesp TV exibe no ‘Ponto Cinema’ os longas ‘A Língua das Mariposas’, ‘Pro Dia Nascer Feliz’, ‘Os Incompreendidos’ e ‘A História do Professor Clark’.


Berrante A Terra Sul comprou os direitos para filmar a vida do peão Adriano Moraes, tri campeão mundial no circuito profissional dos Estados Unidos. ‘Bull Rider’ será coproduzido com a canadense CGL Communications.’


 


 


Gustavo Villas Boas


Série leva ‘Exterminador do Futuro’ para a sala de aula


‘O brutamontes modelo de exterminador do futuro vivido por Arnold Schwarzenegger ganhou um sucessor mais jeitosinho, com rosto de garota secundarista: Cameron (Summer Glau).


Ela é a protetora da família Connor (a que foge dos robôs-assassinos) na série ‘O Exterminador do Futuro’.


O programa é um desdobramento da história no cinema da franquia de mesmo nome. Na TV, a trama começa em 1999, mas logo leva os personagens para 2007, em uma viagem no tempo.


Sarah (Lena Headey) e John Connor (Thomas Dekker) precisam correr das máquinas enviadas para matar o garoto e impedir que ele se torne o líder dos humanos.


Eles também são perseguidos por um agente do FBI e levam uma vida errante.


Em uma nova cidade, o rapaz flerta com Cameron, um robô, mas com um avançado comportamento social.


Movimentada, a série mistura elementos de drama adolescente com ação, mas não impressiona.


As questões sobre viagem no tempo e inteligência artificial são mais bem exploradas nos primeiros filmes. E, mesmo considerando Schwarzenegger, os atores dos longas são mais convincentes.


NA TV


O Exterminador do Futuro


QUANDO estreia hoje; seg. a sex., às 21h15, no SBT


CLASSIFICAÇÃO 14 anos’


 


 


DETENÇÃO


ANJ repudia prisão de jornalistas em SC


‘A ANJ (Associação Nacional de Jornais) divulgou ontem nota em que ‘protesta pela detenção arbitrária’ de profissionais da imprensa pela Polícia Militar de Santa Catarina.


Os três foram vítimas de ação violenta da PM na sexta, enquanto cobriam protesto de estudantes. ‘A liberdade de imprensa é um direito de toda a sociedade’, diz a nota.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


Datafolha lá


‘No alto da home do ‘Financial Times’, ‘Pesquisa prevê cabeça a cabeça no Brasil’. No título do correspondente Jonathan Wheatley, ‘Grande impulso põe favorita de Lula cabeça a cabeça [in dead heat]’. Explica o avanço pela vinculação de Dilma a Lula, mas também de Serra a FHC. No topo das buscas de Brasil pelo Yahoo News, sábado e domingo, a Reuters usou a mesma expressão, ‘dead heat’, para o empate.


Pelas agências, no fim de semana, a pesquisa se misturou à passagem de Dilma por Nova York, onde declarou que o ‘Brasil está pronto para primeira mulher presidente’, no enunciado da France Presse, e ‘Brasil pode reduzir meta de inflação’, da Bloomberg.


DUELO


Alto de página no ‘Le Monde’, ‘Sucessão de Lula toma forma de um duelo’. O correspondente Jean-Pierre Langellier avisa que, apesar da ‘intensa atividade diplomática’, o evento do ano é a eleição


40 pontos


O portal Terra entrevistou Antonio Lavareda, ex-estrategista de FHC. Ele diz que não está funcionando a opção de não atacar Lula -e que Serra não achou ‘posicionamento ideal’. O que mais chamou sua atenção no Datafolha foi que Dilma já aparece na frente no segundo turno.


Sem festa


O blog de notas do portal iG acompanhou a festa de casamento da filha do secretário estadual Andrea Matarazzo, no sábado, e destacou as presenças de Paulo Maluf e FHC. Serra ‘chegou às 23h07, um dos últimos, não abriu um sorriso e logo já estava em casa, de volta ao Twitter’.


INVEJADO


O ‘Boston Globe’ publicou longo elogio a Henrique Meirelles. ‘O mundo muda muito em 14 anos’, começa o texto, saudoso da recepção ‘extravagante’ ao brasileiro presidente do Bank of Boston. Diz que o ‘Brasil é estrela da economia global e Meirelles pode se dar algum crédito’, ele que ‘é invejado pelos banqueiros centrais do mundo’. O brasileiro voltou a Boston para uma palestra e o ‘Globe’ sugeriu citar os empregos criados em abril: ‘Brasil, 305 mil. EUA, 290 mil’.


REDESENHANDO


Na Folha.com, Kennedy Alencar noticiou que ‘Lula já conta com sanções contra Irã’. Mas prossegue a repercussão do acordo.


No canal France 24, o ex-diretor da agência de energia da ONU, Mohamed El Baradei, saudou o ‘bom acordo’, que deu como ‘único modo de avançar’. No canal C-Span, a ex-secretária de Estado dos EUA Madeleine Albright declarou que ‘estamos vendo um mundo muito diferente’, em que ‘outros países tentam mostrar que têm um papel a interpretar. O Brasil claramente tem’. Em análise, a CNN avaliou que o país expõe ‘a crescente insatisfação com a ordem mundial datada e injusta’.


E o canadense ‘Globe and Mail’, em coluna, disse que Brasil e Turquia estão ‘redesenhando as linhas que dividem as nações do mundo’ e cobrou o Canadá por ficar para trás nesta ‘corrida ao centro’.


‘A PRIMEIRA PROVA’


O ‘Guardian’ publica documentos sul-africanos de 1975, com a oferta feita por Israel para venda de armas nucleares ao regime do apartheid


Nos portões


O estatal ‘Shanghai Daily’ e sites ocidentais dão que a estatal chinesa Sinochem levou 40% do poço da estatal norueguesa Statoil no Brasil.


Brasil & Índia


O presidente da consultoria de ‘risco político’ Eurasia escreveu no ‘Wall Street Journal’ o artigo ‘Por que o poder estatal está de volta’ no petróleo. Ian Bremmer diz que China e Rússia lideram o movimento e devem enfrentar EUA, Europa e outros no futuro. ‘Os dois blocos competirão por melhor relação com países como Índia e Brasil, que têm elementos de ambos’.


EUA & China


Na manchete on-line do ‘FT’, o secretário do Tesouro dos EUA ‘suavizou sua postura’ crítica e já diz que a China ‘reequilibrou sua economia para o mercado interno, mais distanciado da exportação’. No mesmo ‘FT’, consultores de Eurasia e outros avisam que os dois países não discutirão a valorização da moeda chinesa, o yuan, e seu ‘diálogo estratégico’ não deve passar de um ‘não-evento’.


Mas o secretário não está sozinho em Pequim. Com ele, viajou a secretária de Estado, Hillary Clinton, para tratar, entre outros pontos, das sanções ao Irã.


AUDIÊNCIA


O ‘NY Times’ tratou do ‘verdadeiro prêmio da Copa, os direitos de transmissão’, e da esperança por uma final entre Brasil e Inglaterra’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


(www.estadao.com.br)


Segunda-feira, 24 de maio de 2010


 


ECONOMIA


Andrei Netto


Para ‘Le Monde’, Brasil é porta-voz dentre as economias emergentes


‘A julgar pelas palavras do jornal ‘Le Monde’, o Brasil não para de seduzir a opinião pública da Europa. Em editorial de capa de sua edição de 25 de maio, o maior jornal da França define o país como ‘o porta-voz das economias emergentes’, elogia companhias como Embraer e Petrobrás e diz que o Brasil está às portas de seus ‘trinta anos gloriosos’. Não bastasse, diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser candidato à secretaria-geral das Nações Unidas em 2012.


O editorial, intitulado ‘O Brasil de Lula em todos os fronts’, analisa a onipresença da política externa do país. Segundo o diário, ‘O mundo murmura as declarações do presidente brasileiro e os feitos importantes não apenas futebolísticos de seus cidadãos’. ‘Le Monde’ lembra recentes pronunciamentos do presidente em sua passagem pela Europa, quando criticou a lentidão da Alemanha e socorrer a Grécia e em dissipar as dúvidas que pairam sobre a solidez financeira da União Europeia. E destaca ainda a disposição de Brasília em intervir – ou, ao menos, opinar – em frentes diplomáticas controversas, como o conflito entre Israel e Palestina, o programa nuclear iraniano e as divergências entre Argentina e Reino Unido sobre as ilhas Malvinas.


‘O ‘homem mais popular do mundo’, segundo Barack Obama, não se apoia apenas sobre seu carisma para falar alto e forte. Ele encarna um Brasil em plena forma que, após um crescimento nulo devido à crise, está nos calcanhares da China e da Índia em termos de crescimento’, diz o jornal. Além de empresas como Petrobras, Vale e Embraer, citadas como exemplos da capacidade da indústria, o periódico chama o Brasil de ‘celeiro do mundo’ e destaca a produção de soja, açúcar, etanol, café, frutas, algodão e frangos, que fazem do país ‘um concorrente temido aos olhos dos produtores europeus’.


Segundo o editorial, o Brasil teria tomado consciência de seu potencial econômico em 2008, quando o mundo mergulhou na crise do sistema financeiro. ‘É o Brasil, brilhantemente representado por seu ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, que pressiona mais forte por uma conclusão das negociações da Rodada de Doha. Em comparação, os Estados Unidos parecem paralisados em um protecionismo de outro tempo’, derrama-se o texto.


Mas é ao comparar o Brasil com outros BRICs que o tom é mais elogioso. ‘Menos temido que a China ou a Índia, com seus bilhões de habitantes, melhor considerado que uma Rússia tributária de suas matérias-primas, o Brasil é o verdadeiro porta-voz destas economias emergentes que puxam o crescimento mundial’, diz o editorialista, para quem o eixo econômico do mundo ‘se desloca para o Sul’.


O jornal comenta ainda a briga do Brasil por mais influência no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial. E destaca a reivindicação de um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, instituição que Lula, aos 65 anos, poderia tentar liderar em uma futura eleição ao cargo de secretário-geral, em 2012, segundo especula a publicação. ‘Não acabamos de ouvir o ex-metalúrgico, amigo das favelas e dos investidores. Não acabamos de ouvir falar de um Brasil na aurora de seus trinta anos gloriosos’, diz o Monde, em referência à época em que o crescimento econômico e os avanços sociais foram mais fortes na França, logo após a 2a Guerra Mundial.


Além do editorial, o Monde publica também uma reportagem sobre a tentativa do governo brasileiro de controlar o nível de crescimento, citando dados do Banco Central – que indicaram, na semana passada, um incremento do Produto Interno Bruto (PIB) de 9,85% no primeiro trimestre do ano. Apesar das palavras positivas, Le Monde nem sempre é generoso com o Brasil. Na semana passada, o jornal classificou de ‘ingênua’ a postura do Itamaraty na tentativa de mediar, ao lado da Turquia, o acordo sobre o programa nuclear do Irã.’


 


 


INTERNET


Sílvio Guedes Crespo


Google: meta é organizar ‘toda informação do mundo, não parte’


‘O jornal francês Le Monde publicou nesta segunda-feira, 24, uma entrevista com um dos fundadores do Google, Larry Page, na qual falou sobre as ambições da empresa, comentou a briga com detentores de direitos autorais, alfinetou o concorrente Facebook e abordou um dos assuntos mais discutidos hoje em relação à internet: a privacidade.


‘Nossa ambição é organizar toda a informação do mundo, não apenas uma parte. Eu me preocupo, no entanto, com o sentimento que alguns podem ter, de que armanzenar tantas informações não é bom. Nós propomos ferramentas para que os internautas possam ver e controlar o uso que fazemos dos seus dados [o serviço ‘dashboard’]’, disse Page ao jornal.


Ele disse que a maior parte dos dados que o Google armazena são de páginas da web, palavras-chave (usadas para buscas) e endereços de IP (que permitem identificar um computador). ‘Mas vocês não são identificados’, ressalva. ‘Nós temos poucas informações pessoais, ao contrário das empresas de cartão de crédito.’


Antes dessas palavras, Page admitiu que o Google Street View, projeto de captar imagens nas ruas, foi um erro. ‘Nós coletamos dados que não queríamos coletar’.


Facebook ‘não é aberto’


‘Quando você se inscreve no Facebook, o site propõe trazer os contatos do GMail [serviço de e-mails do Google]. Já o Facebook não autoriza a exportação dos membros do Facebook no GMail. Contrariamente a nós, o Facebook não é verdadeiramente um sistema aberto’, afirmou o co-fundador do Google.


Direito autoral


‘Para colocar [publicações impressas] na internet, é preciso regular os direitos sobre as imagens quando não se conhece o autor. […] Encontrar a solução perfeita levará tempo. […] O risco é de que os conteúdos desapareçam definitivamente’, disse Page ao Monde.


Encontro com Sarkozy


A agenda de Page na França inclui um encontro com o presidente Nicolas Sarkozy, o premiê François Fillon e o ministro da Cultura, Frédéric Mitterand. Na França, o Google foi condenado por violação de direito autoral, e ainda pode ser alvo de um projeto do governo de taxar empresas de internet, que ficou conhecido como ‘taxa Google’.’


 


 


Sílvio Guedes Crespo


Facebook admite que ‘errou o alvo’ e promete mudar


‘O fundador da rede social online Facebook, Mark Zuckerberg, publicou nesta segunda-feira, 24, no jornal norte-americano The Washington Post, um artigo em que admite que a empresa ‘errou o alvo’ na hora de promover mudanças relacionadas à privacidade dos usuários e disse que vai alterar novamente as configurações nas próximas semanas.


‘O maior recado que nós ouvimos recentemente é que as pessoas querem facilitar o controle sobre as informações delas. Muitos de vocês consideram os nossos controles [de privacidade] complexos demais. Nossa intenção era dar a vocês várias formas de controle detalhado; mas isso pode não ter sido o que muitos de vocês queriam. Nós só erramos o alvo’, escreveu Zuckerberg no Washington Post.


Ele disse que ouviu a reação dos usuários e prometeu mudar: ‘Nas próximas semanas, acrescentaremos controles de privacidade que são muito mais simples de usar’.


O Facebook tem enfrentado críticas de especialistas em privacidade e dos próprios usuários após adotar medidas em que o usuário não consegue identificar facilmente o que pode acontecer com os dados publicados.


Muitos usuários também se mostraram descontentes. Na internet, há uma campanha conclamando as pessoas a boicotarem o site, apagando seus respectivos perfis (conjunto de dados pessoais ali registrados) no dia 31 de maio. Atualmente, o Facebook tem mais de 400 milhões de usuários cadastrados.’


 


 


TELEVISÃO


Ana Freitas


O fim ‘Lost’ na internet


‘Se você não assistiu ao último episódio de Lost ainda, fique longe do Twitter. A tag #lostfinale está no ‘Trending Topics’, a lista de assuntos mais comentados no site, desde ontem, quando o episódio foi exibido. Na empolgação (ou mesmo de propósito, para irritar), muitos usuários publicaram spoilers. A timeline do Twitter se tornou território perigoso para quem não tinha visto o desenrolar da história de Jack, Kate, Sawyer, Hurley e Cia.


Por volta da 1h30 da madrugada desta segunda-feira os links para download do episódio começaram a aparecer. Como muitos fãs optaram por não assistir ao vivo, via JustinTV ou Veetle, por causa da baixa qualidade de transmissão, foi perceptível a lentidão nos grandes sites de compartilhamento de arquivos — Rapidshare, Megaupload, Hotfile — e nos sites que divulgam os ‘releases’ do episódio, ou seja, que informam se a versão para download já saiu e qual o nome do arquivo que será disponibilizado.


O assunto voltou à baila no Twitter a partir das 4h30 da manhã, quando aqueles que tinham baixado o episódio na madrugada terminaram de assistí-lo. Os tweets expressavam amor ou ódio, sem exceção, como era de se esperar. Era cinco horas de segunda-feira e o Twitter estava a pleno vapor, tudo culpa de Lost. Deve ter muito fã da série sonolento hoje no trabalho.


Decepção


‘Decepção’ foi um dos adjetivos mais presentes nas críticas dos fãs à série em fóruns de discussão e sites. Além delas, também ouviu-se ‘fomos enganados por seis anos’ e ‘onde estão as respostas?’, além de comparar o fim da série aos tradicionais finais de novelas.


Os fãs que ficaram satisfeitos com o desfecho, por sua vez, alegaram que quem não gostou não entendeu o final. Os roteiristas optaram por viés espiritual, e deixaram muitas respostas de lado.


A crítica do New York Times foi positiva sobre o fim de Lost, apesar de fazer algumas ressalvas (atenção para a presença de SPOILERS no texto a partir de agora):


‘(…) o final foi também nostálgico e belo, com seu ritmo imponente, os elegantes cortes entre a morte de Jack na ilha e seu acordar no presente, a longa tomada do elenco na igreja organizado como passageiros no avião. Os atores pareciam relaxados e genuinamente felizes, e Matthew Fox, como Jack, interpretou bem (em uma cena em que todos os quadros davam espaço para uma interpretação exagerada). A imagem final do olho de Jack se fechando, uma inversão do começo da série seis temporadas atrás, foi acertado.


Como fez tão frequentemente, Lost vacilou na impressão geral — organizando a mistura de material místico-religioso-filosófico’ que insistiu em incorporar ao roteiro – mas foi altamente habilidoso nos detalhes, o negócio de cena em cena de contar uma história empolgante. O que é, aliás, a imagem que coube na tela da TV’.


O blog Kotaku também ficou satisfeito com a solução que os roteiristas deram ao fim da série:


‘O final da sexta temporada apertou o botão do despertar emocional e da reunião talvez um pouco mais do que o necessário (…). Mas essa foi uma despedida que eu pude celebrar, com Kate salvando o Jack, Locke ensinando Jack mais uma fez que ele deve ter fé, um retorno ao espírito da primeira temporada e uma carta de amor à seguinte ideia: amizade vence. Juntos, há um propósito.


Lost foi uma boa série. Me deixou feliz e satisfeito.’’


 


 


 


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