Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Entrevistas de candidatos no JN viram munição de campanha


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 13 de agosto de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Ana Flor


Entrevistas no ‘JN’ viram munição para campanhas


A participação dos candidatos no ‘Jornal Nacional’, da TV Globo, serviu de munição para as duas principais campanhas presidenciais.


Enquanto petistas acusaram os apresentadores de terem dirigido perguntas mais fáceis a José Serra (PSDB) do que a Dilma Rousseff, aliados do tucano questionaram a falta de menção ao escândalo do mensalão, de 2005, na entrevista de Dilma.


Na noite de quarta, logo após a entrevista de José Serra, o presidente do PTB e aliado, Roberto Jefferson, postou em seu Twitter que os apresentadores foram ‘mais amenos’ com o tucano. ‘Facilitaram para o meu candidato’, escreveu ele.


A frase do petebista, citado na entrevista por sua participação no mensalão -escândalo que denunciou e na esteira do qual acabou tendo o mandato de deputado cassado-, foi utilizada pelos petistas para aumentar o tom dos ataques ao programa.


‘Jornalismo de baixíssima qualidade’, disse o coordenador de comunicação da campanha petista, deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), que criticou a falta de perguntas ao tucano sobre o mensalão do DEM, partido do vice de Serra, Indio da Costa (RJ).


‘Os próprios apoiadores do Serra reconhecem que os entrevistadores foram ‘amenos’, afirmou o secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo (PT-SP).


Na terça-feira à noite, o presidente Lula havia dito em discurso, em Belo Horizonte, que esperava ‘mais gentileza’ do apresentador, William Bonner, com a petista. A fala foi uma autorização para que os apoiadores da candidata passassem a criticar a entrevista.


Até então, eles evitavam comentar o tom das perguntas à petista, a primeira a ser sabatinada no ‘JN’, e se concentravam em elogiar o desempenho da candidata.


O presidente do PT, José Eduardo Dutra, criticou a afirmação de Serra de que ele não permitiria deputados indicando cargos. ‘Para mim, não tem grupinho de deputado indicando diretor financeiro de uma empresa ou diretor de compras de outra’, afirmou o candidato.


Dutra citou no Twitter nomes de tucanos e aliados do PSDB que, segundo ele, ocuparam cargos públicos ou em empresas estatais na era FHC (1995-2002) e na gestão de Serra em São Paulo.


O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, defendeu Roberto Jefferson, afirmando que ele é ‘um companheiro de valor’. ‘Ele cumpriu seu papel no mensalão’, afirmou.


Aliado de Serra, o presidente do PPS, Roberto Freire, disse via Twitter que o tucano também respondeu a perguntas ‘duras’ e que faltou questionar, na entrevista a Dilma, sobre o mensalão de 2005 -tanto Serra quanto Marina Silva (PV) responderam sobre o tema.


Até mesmo a candidata verde foi citada pelas campanhas concorrentes. Segundo Falcão, os apresentadores tentaram ‘usar Marina de escada’ para criticar o PT.


Marina foi questionada sobre sua permanência no partido e no governo, como ministra do Meio Ambiente, após o mensalão. Ela só mudou para o PV mais tarde, ao deixar o ministério.


O Ibope só divulgou o PNT (Painel Nacional de Televisão) do ‘JN’ de segunda e de terça, quando foram entrevistadas Dilma e Marina.


Na segunda, foram 34 pontos de média de audiência com 54% de share (participação entre os televisores ligados). Na terça-feira, foram 33 pontos com 53% de share. Segundo a Globo, os números mostram que o ‘JN’ atingiu, em média, 29,5 milhões de espectadores por minuto na segunda e na terça-feira.


 


 


Globo diz que deu tratamento igual a candidatos


A Central Globo de Comunicações divulgou nota ontem em que rebate as acusações das campanhas de que os candidatos foram tratados de forma diferente nas entrevistas realizadas ao longo desta semana.


‘O papel do jornalismo da TV Globo não é agradar a partidos nem a candidatos.’ Leia a íntegra da nota.


‘Desde 2002, as entrevistas têm o mesmo tom, com todos os candidatos. Neste ano, não foi diferente. Basta comparar as entrevistas dos três candidatos, pergunta por pergunta, para perceber que tiverem o mesmo grau de dificuldade.


Apesar disso, militantes do PT reclamaram da entrevista de Dilma [Rousseff], militantes do PV reclamaram da entrevista de Marina [Silva] e militantes do PSDB reclamaram da entrevista de [José] Serra. Até nisso, houve equilíbrio.


A candidata do PT Dilma Rousseff disse à equipe do ‘Jornal Nacional’, depois da entrevista, que se sentiu muito bem tratada e que a entrevista foi como deveria ter sido.


Marina Silva e José Serra também fizeram comentários semelhantes.


O papel do jornalismo da TV Globo não é agradar a partidos nem a candidatos, sejam quais forem, mas tentar esclarecer questões importantes para que os eleitores possam decidir melhor.’


 


 


Fernando de Barros e Silva


‘JN’: democracia em siglas


Nunca se falou tanto das entrevistas do ‘JN’ com os candidatos ao Planalto. Petistas reclamam que Dilma Rousseff recebeu tratamento mais duro do casal de entrevistadores. Tucanos comemoram o desempenho de José Serra. Em comum, há o reconhecimento tácito de que William Bonner e Fátima Bernardes enfim abriram as cortinas do espetáculo eleitoral.


O predomínio da TV na campanha (e, na TV, da Globo) é avassalador. Mostrou-se equivocada a suposição de que as novas mídias (celular, internet, e-mail, redes sociais etc.) iriam ameaçar a hegemonia da TV na eleição. Elas se incorporam às campanhas como ferramentas de mobilização e guerrilha política, mas a definição do jogo está, mais do que nunca, atrelada ao desempenho dos candidatos na TV.


E na TV o que pesa de fato é o ‘JN’, além dos programas eleitorais. As campanhas inclusive organizam suas agendas em função do minuto diário de exposição que o telejornal da Globo lhes oferece. A era dos comícios chegou ao fim.


Não deixa de ser assustador que, no seu contato com as massas, o maior constrangimento de um candidato à Presidência se resuma à entrevista de 12 minutos no ‘JN’.


Ninguém, no entanto, deve esperar que os debates (que de resto pouca gente aguenta) acrescentem muito à democracia. As regras são engessadas e os atores ali não passam grande sufoco. Perto do que se vê nos EUA, fazemos teatro infantil.


Os debates, cada vez mais, se resumem a uma guerra de siglas. São os PACs, as UPAs e as UPPs contra as AMAs, as AMEs e as Fatecs. Para os sem ProUni, que tal o ProTec?


O ambiente foi esterilizado da retórica eleitoral de 20 anos atrás. O eleitor agora vive sob o bombardeio de promessas em jargão tecnocrático (ou tecnopublicitário). Mas algo parece ter mudado: até há pouco, discutia-se quem seria capaz de dirigir o carro melhor, ou com mais segurança; agora, discute-se quem pode acelerar mais, ou entregar mais siglas na casa do eleitor.


 


 


Eliane Cantanhêde


Todos contra um


Não bastasse estar há dois anos em campanha para Dilma, Lula agora coloca o governo inteiro ostensivamente à disposição da candidata. Entrou no vale-tudo.


Foi só os candidatos botarem a cara (e as ideias, táticas, erros e acertos) no horário nobre da principal TV do país, e lá está Lula intensificando o ataque e a defesa de Dilma. Quando ele dá uma bronca e manda os ministros trabalharem, leia-se: trabalharem para Dilma.


A primeira parte da estratégia foi a tabelinha entre o discurso da candidata e a ‘agenda positiva’ do governo, forçando uma coincidência entre o que ela fala e o que os ministros anunciam ou requentam.


Exemplo: o Ministério do Trabalho anunciou o total de empregos gerados em 2009 justamente no dia do debate da Band.


A segunda parte da estratégia foi a divulgação ostensiva de dados que confrontam os governos FHC e Lula, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, subestimando os dados de um, superestimando os do outro e servindo de garoto-propaganda da campanha petista.


Exemplo: um dos quadros de Mantega, segundo o repórter Gustavo Patu, informa que a média de crescimento dos oito anos do tucano foi de 3,5%, mas não considera o primeiro ano, que aumenta esse percentual para 6,2%. De 6,2% para 3,5%, assim, na cara dura.


A terceira foi botar os ministros e seus assessores, pagos com dinheiro público, para monitorar tudo o que Serra faz e ‘desconstruir’ os dados, o discurso e a imagem de bom gestor do principal adversário.


Exemplo: o Ministério dos Transportes produz a contestação a dados expostos por Serra e joga nos sites amigos e na campanha.


Imagine-se agora se FHC pusesse Pedro Malan, Pedro Parente e duas dezenas de ministros para fazer a campanha de Serra contra Lula em 2002? Seria um escândalo.


É a ética da luta sindical: contra eles, não pode, é escândalo; contra os outros, sempre pode tudo.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘Lula’s Lady’


Sob o enunciado ‘Senhora de Lula está no caminho para herdar sua presidência’, a ‘Economist’ publica que Serra ‘deveria vencer sem uma gota de suor’, mas ‘em vez disso está lutando para ficar na corrida’. Seu problema é que ‘Dilma é a sucessora ungida por Lula’ e cada vez mais os eleitores sabem.


‘Com a economia crescendo, os brasileiros estão aproveitando a vida e entrou na língua portuguesa o feel-good-factor’, fator sentir-se bem, decisivo em eleições. Por fim, três minutos a mais na propaganda ‘podem ser decisivos’ para encerrar logo o jogo.


Em reportagem sobre a ‘complexidade’ de investir no Brasil que vive ‘onda de otimismo no mercado’, o ‘Financial Times’ sublinha que os investidores estão de olho em Dilma e não cita Serra. De um investidor: ‘Você sabe que, com Dilma, o setor habitacional é mais seguro, pois ela criou o Minha Casa Minha Vida. Mas ficaria mais preocupado por empresas privadas com monopólio’. O ‘FT’ linka post mostrando que, visando a ‘tranquilizar investidores’, ela falou que o ‘setor privado vai operar estradas de ferro’.


Eike sobe Manchete do G1 no fim do dia, ‘Ações de empresas de Eike sobem após descoberta de gás’. Ele ‘diz que nova reserva no Maranhão pode aumentar produção no país em 25%’. Da Reuters Brasil, ‘Eike anuncia ‘meia Bolívia’ de gás no Maranhão; ações sobem’.


Petrobras sobe Abrindo o dia no Valor Online, ‘Bovespa inverte rumo, influenciada por Petrobras’. Manchete no início da noite, ‘Bovespa se descola do cenário externo e avança’, com saltos da OGX e da EBX, de Eike Batista, mas também da Vale e da Petrobras.


SOB CERCO


Sob o título ‘Euforia do petróleo põe legado de Lula em risco’, o ‘FT’ deu ontem artigo de Norman Gall, diretor do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial em São Paulo, instituição apoiada por British Gas e bancos privados, entre outros. Diz que as ‘complicações do petróleo em águas profundas’ podem derrubar Lula ‘como Ícaro viu suas asas de cera derreterem’.


Questiona a oferta de ações da Petrobras, ‘provavelmente a maior na história’, por tirar recursos do governo ‘num país que precisa gastar em infraestrutura e educação’ -e em ‘outras prioridades’ como Copa de 2014 e Jogos de 2016. Ela ‘causa controvérsia nos mercados e pode ter consequências políticas’.


Ontem também, na escalada do ‘JN’, ‘Agência interdita plataforma da Petrobras por segurança’.


PARA ONDE IR?


Em longa entrevista ao canadense ‘Globe & Mail’ ecoada pela Bloomberg, Bill Gross, fundador do Pimco, maior fundo de investimentos do mundo, defendeu aplicar no Canadá, exceção ‘ao Norte’, e no Brasil, porque ‘crescimento é importante’. Em suma:


‘De modo geral, o mundo em desenvolvimento está em posição muito melhor do que o mundo desenvolvido, então é para lá que os dólares devem ir.’


Ele avisa que, ‘mesmo no Brasil e na China, começa uma tendência de inflação mais baixa’. Ontem também, o ‘Wall Street Journal’ publicou reportagem destacando que ‘Não se registra ameaça de inflação de alimentos para os mercados emergentes’.


BRASIL ‘START-UP’


A ‘Time’ dá longo perfil sobre ‘A geração start-up do Brasil’, partindo de Marcelo Marzola, 33, co-fundador da Predicta e ‘exemplo de como se tornou quente a economia de US$ 1,3 trilhão do Brasil -e por que seus empreendedores estão agora tendo retorno nas suas ligações aos investidores de risco, após uma década de ‘vocês-são-de-onde’?’.


Conta como foi convidado para falar em conferência Google em San Francisco há três meses, depois que o sistema de segmentação da Predicta foi adotado por empresas como Pfizer e Motorola e Unilever em mais de 90 países. Cita outros nomes, como Tiago Lins, da SiliconReef, e fecha dizendo que só falta ao Brasil uma oferta de ações ofuscante, ‘dazzling IPO’, para virar ‘global buzz’.


Multipolar O ‘China Daily’ deu artigo questionando a ‘sugestão’ de que o ‘poder global’ está saindo do Ocidente para o Oriente. Contrapõe que ‘a tendência mais significativa hoje é a multipolarização’, com organizações como União Europeia, Bric e o G20.


Ibsamar ‘Times of India’ e ‘Hindustan Times’ noticiaram que navios de de Índia, Brasil e África do Sul foram enviados para ‘jogos de guerra’ na costa africana do mar Índico. O Ibsama, é ‘parte da iniciativa estratégica lançada pelo Ibsa’, que reúne os três países.


 


 


TELEVISÃO


Audrey Furlaneto


‘Passione’ vai virar thriller com vilã em fuga da polícia


Para a alegria dos noveleiros, que esperam um misto de thriller e romance de Silvio de Abreu, ‘Passione’ vai cumprir a proposta: o autor prepara a primeira grande virada da trama da Globo.


O até então ingênuo Totó (Tony Ramos) vai entregar a mulher, Clara (Mariana Ximenes), para a polícia.


No final de agosto, vão ao ar as cenas da virada da novela, que, desde a estreia, tem média de 34 pontos de audiência. Mais do que entregar Clara, que roubou joias de Bete (Fernanda Montenegro), Totó vai armar para derrubá-la, bem ao estilo da vilã pela qual é apaixonado.


Tudo começa assim: pressionada por Fred (Reynaldo Gianecchini) para convencer Totó a passar as ações da empresa para seu nome, Clara confessa ao marido o roubo (do início da novela), alegando ser chantageada por Fred.


Totó finge que acredita e assina documento falso transferindo as ações para que Fred entregue as joias com as impressões digitais de Clara. De posse das provas, Totó a denuncia. Começa, enfim, a fuga de Clara da polícia -leia-se: o momento de suspense que marca as tramas de Silvio de Abreu.


Drible O futebol de quarta-feira na Globo obteve na última edição (o jogo entre Palmeiras e Vitória pela Copa Sul-Americana) 20 pontos de audiência. De campeonatos diferentes, os dois jogos anteriores de quarta haviam marcado 23 e 27 pontos de média.


Currículo Nova diretora da MTV, Helena Bagnoli, atualmente diretora do núcleo de revistas femininas da editora Abril, já teve passagens pela TV: há quase 20 anos, trabalhou na TV Cultura e na argentina Cablevisión.


Rede Ary Fontoura, ator queridinho de vários autores da Globo (como Aguinaldo Silva, João Emanuel Carneiro e Walcyr Carrasco), fechou presença no elenco da novela de Carrasco, prevista para 2011.


Metalinguagem De Jaqueline, a personagem de Cláudia Raia em ‘Ti Ti Ti’, na Globo, para uma empregada doméstica da novela: ‘Olha! Empregada querendo ter fala! Isso aqui não é novela do Manoel Carlos, não!’.


Pobre trama 1 A continuação da cena da trama das 19h, anteontem, soou como uma tentativa de ser mais politicamente correto: a perua Jaqueline chamou a ‘pobre’ e ‘coitadinha’ de volta para experimentar champanhe.


Pobre trama 2 Piada sobre pobre também surgiu em ‘Passione’ nesta semana. A nova rica Clô (Irene Ravache) usou a empregada para entrar numa casa ilegalmente e disse um ‘O que seria de nós se não fossem os pobres?’.


 


 


A sindicalistas João Sayad nega corte em massa na Cultura


João Sayad, presidente da Fundação Padre Anchieta (que administra a TV Cultura), negou ontem a representantes do Sindicato de Jornalistas e Radialistas e da CUT (Central Única dos Trabalhadores) de São Paulo que fará uma demissão em massa.


‘Eles queriam me ouvir sobre os boatos [de demissão de 1.400 funcionários]. Eu disse que era tudo mentira’, afirmou Sayad à Folha.


Cerca de 450 funcionários responsáveis por serviços terceirizados da TV Cultura (como operações para a TV Assembleia e TV Justiça) deverão ser dispensados, uma vez que a emissora cancelará esses contratos. Os sindicatos tentarão acordo para que os novos prestadores de serviço aproveitem esse quadro.


Na internet, circula e-mail de um movimento, batizado de ‘Salve a TV Cultura’, do Sindicato de Radialistas e Jornalistas, que diz que o governo de SP e Sayad querem ‘liquidar com a emissora’.


Sayad disse que, ‘se não for eleitoreiro, movimento assim pode ser bem-vindo’.


 


 


INTERNET


Banda larga lenta


É oportuna a consulta pública promovida pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para discutir regras básicas, hoje inexistentes, para o serviço de banda larga móvel no país.


Trata-se da principal tecnologia usada no Brasil para se ter acesso à internet com alta velocidade de dados. No primeiro semestre deste ano, pela primeira vez o número de usuários dos serviços 3G superou o daqueles que utilizam a banda larga fixa. Estima-se que neste ano 18 milhões de pessoas se conectem à rede dessa forma.


Ainda é muito precário, no entanto, o serviço oferecido pelas maiores operadoras do país. Quase nunca a velocidade anunciada corresponde à qualidade de conexão a que os consumidores efetivamente têm acesso.


Em testes realizados pela reportagem desta Folha, o recebimento de dados não ultrapassou 60% da velocidade contratada, nos momentos de maior fluidez. Não é incomum que downloads não atinjam a metade da rapidez prometida. O serviço também é instável, com grande variação da velocidade de recebimento de dados e quedas frequentes de conexão.


Alguma oscilação na qualidade de acesso à internet é inevitável. Os aparelhos que ligam os computadores portáteis à rede estão sujeitos a fatores externos, como condições climáticas, distância da antena ou número de usuários simultaneamente conectados.


Isso, contudo, não justifica que não se atinjam padrões mais elevados de qualidade. A Anatel propõe que a prestadora garanta, nos horários de maior uso, pelo menos 30% da velocidade máxima prevista no plano. Nos de menor tráfego, 50%. Está previsto o aumento gradativo dos percentuais exigidos, a partir da implementação das novas regras.


A consulta se encerra no dia 26 deste mês. Uma vez concluída a necessária etapa de debate público, é dever da agência implementar o novo conjunto de regras o mais rápido possível.


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 13 de agosto de 2010


 


ELEIÇÕES 2010


Daniel Bramatti


Na TV, Dilma terá 46% a mais de tempo que Serra


A presidenciável Dilma Rousseff (PT) terá, em cada bloco do horário fixo de propaganda eleitoral, 3 minutos e 20 segundos a mais que seu principal adversário, José Serra (PSDB). O tempo da petista no rádio e na TV será 46% maior que o do tucano.


Segundo divulgou ontem o Tribunal Superior Eleitoral, Dilma também aparecerá, a cada dia, em cinco ou seis inserções de propaganda de 30 segundos, distribuídas ao longo da programação das emissoras de rádio e TV. Serra, por sua vez, terá direito a três ou quatro inserções diárias.


Conforme o Estado antecipou no último dia 29, a desvantagem do tucano, nas inserções, será de quase 50 segundos por dia. A cada semana, Dilma terá 11 peças de 30 segundos a mais que o adversário. Nos 45 dias de propaganda eleitoral, a petista terá direito a 229 inserções, quanto Serra aparecerá em 158 – uma delas ganha no sorteio das ‘sobras’ da divisão feita pelo TSE.


As inserções são vistas pelos especialistas em marketing político como as armas mais poderosas de propaganda, porque elas chegam de surpresa aos eleitores, misturadas à publicidade comercial e em horários diversos. Mesmo os espectadores desinteressados em política as assistem, diferentemente do que acontece com o horário fixo de propaganda.


Em cada bloco de 25 minutos do horário fixo, Dilma ocupará 10 minutos e 38 segundos. Serra, por sua vez, terá 7 minutos e 18 segundos (veja quadro).


Alianças. Dilma terá tempo maior nas inserções e no horário fixo porque a legislação determina que dois terços desse tempo sejam distribuídos de acordo com o tamanho das bancadas dos partidos ou coligações do candidato. O tempo restante é dividido igualmente entre todos os concorrentes.


Dilma, além do PT, é apoiada por PMDB, PRB, PDT, PTN, PSC, PR, PTC, PSB e PC do B, partidos que, na eleição de 2006, elegeram 274 dos 513 deputados federais. Já a coligação de Serra, que reúne PSDB, DEM, PTB, PPS, PMN e PT do B, elegeu 180 deputados – 94 a menos.


Marina Silva, do PV, que não se coligou a outros partidos e elegeu 13 representantes na Câmara, terá direito a apenas 29 inserções em 45 dias. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), cuja legenda elegeu três deputados, poderá aparecer em 23 inserções – uma delas também ganha por sorteio.


 


 


João Bosco Rabello


Candidatos escondem a alma, sob a ditadura do marketing


O conjunto de entrevistas do Jornal Nacional com os candidatos bem poderia ter o título Onze Minutos, do livro do escritor Paulo Coelho, que estipula esse o tempo para se atingir o orgasmo.


A Globo deu mais um minuto, mas nenhum candidato logrou uma performance que fizesse jus ao cronômetro do eleitor. Este, voyeur involuntário, passivo e compulsório, ficou esperando um clímax que jamais aconteceu. E de improvável finalização.


Pelo menos no plano da discussão de propostas político-eleitorais, esse tempo é insuficiente para um orgasmo cívico. O sistema favorece, tanto no contexto dos debates quanto no das entrevistas, a abordagem marqueteira dos temas, levando os candidatos a uma atitude de quem, numa camisa de força, tem no menor movimento uma sensação de vitória.


Tipo, acabou meu suplício. Nada pior num debate do que a regra do tempo. É necessário? É. Mas o tempo, cada vez menor, premia a abordagem superficial em que o alvo – nesse caso, o voyeur -, para quem a festa é realizada, fica a ver navios.


Nesse contexto, resta a performance, em detrimento do conteúdo. Vive-se a síndrome do pânico a cada pergunta – não pelo seu conteúdo, ou dificuldade em respondê-lo, mas pelo risco de não fazê-lo a tempo.


Em tal contexto, vigora a experiência. As candidatas Dilma Rousseff e Marina Silva perdem nesse quesito para José Serra. A agravar a situação, a constatação de que as questões postas aos três fugiram à lógica ao cobrar de Marina e Serra o mensalão, tema muito mais apropriado à candidata do PT, na medida em que participou do governo cuja base de sustentação o protagonizou, e do qual se apresenta como a continuidade.


Serra venceu o campeonato das entrevistas globais, por ser capaz de racionalizar o tempo de abordagem de cada tema – mas foi performance. A alma política continua sendo uma dívida dos candidatos com o eleitor, que anseia por algo além das respostas curtas e objetivas, que colocam os candidatos na defensiva, disputando quem o leva para a cama.


Mas o eleitor quer mesmo é casar – com quem lhe dá mais afeto, segurança e futuro.


O eleitor não quer a performance dos 11 minutos. Quer posição, quer lado, quer consistência. Quer os 11 minutos dentro da estabilidade social.


Numa síntese, as circunstâncias de tempo, e de marketing, associadas a uma limitação legal, tiraram das campanhas a alma política que se espera ver nos candidatos. Restou o passionalismo, inimigo do equilíbrio e das soluções.


 


 


COLÔMBIA


Diretor de rádio era alvo de ataque, diz SIP


A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) condenou o atentado de ontem contra o edifício onde ficam a Rádio Caracol e a sede em Bogotá da agência EFE, qualificando-o como uma ‘grave intimidação à liberdade de imprensa’. O presidente da organização, Alejandro Aguirre, disse que o diretor-geral da emissora, Darío Arizmendi, seria o alvo do ataque. Aguirre afirmou que a SIP ‘não tem dúvidas de que foi um atentado intimidatório para calar o jornalismo’.


No momento da explosão, Arizmendi estava na rádio com outros dois jornalistas, Gustavo Gómez e Erika Fontalvo.


O ex-presidente da SIP Enrique Santos disse que a ‘imprensa não será intimidada’ por grupos armados. Segundo ele, as características do atentado indicam que o incidente teria ‘origem política’ ou teria sido provocado por guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN).


Repúdio. A Venezuela, que retomou as relações diplomáticas com a Colômbia há poucos dias, condenou o atentado e pediu uma rápida investigação sobre o caso. O Equador, que cortou os laços diplomáticos com o governo colombiano após o ataque contra as Farc em seu território, em 2008, também rechaçou o atentado.


O promotor-geral equatoriano, Washington Pesántes, disse esperar que o atentado, realizado no mesmo local em que está instalado o Consulado do Equador em Bogotá, não tenha ligação com a normalização das relações diplomáticas entre os dois países, discutida nas últimas semanas.


O ex-presidente argentino e secretário-geral da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Néstor Kirchner, reiterou o empenho da organização nos trabalhos para a manutenção e a conservação da paz na região.


O porta-voz para a América Latina do Departamento de Estado dos EUA, Charles Luoma-Overstreet, afirmou que o governo americano deplora o uso da violência para alcançar objetivos políticos, o que inclui a intimidação dos meios de comunicação.


 


 


SAKINEH ASHTIANI


Jamil Chade


Iraniana faz confissões sob tortura, diz Anistia


Sessões de tortura e isolamento levaram a iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, sentenciada à morte por apedrejamento, a confessar adultério e participação no assassinato de seu marido, segundo a Anistia Internacional e seu novo advogado, Javid Kian.


Sakineh, que está na prisão de Tabriz, admitiu ontem os dois crimes diante dos filhos, observada de perto por policiais. O mais jovem, Saide, desesperou-se após a confissão, um sinal de que a execução é iminente. Na noite de quarta-feira, a TV estatal iraniana transmitiu uma entrevista em que Sakineh também reconhecia ter ajudado a assassinar seu marido.


‘Ela nos disse que matou nosso pai e cometeu adultério, mas os gestos dela eram de alguém que não acreditava em uma só palavra do que estava dizendo’, contou Sajad, o outro filho, ao Estado. ‘Víamos nos olhos dela que ela queria nos dizer para não acreditar no que estava dizendo.’ A conversa durou dez minutos e a família esteve separada por um vidro.


A Anistia Internacional acusou o governo iraniano de ter ‘orquestrado a confissão’ para usá-la na Corte Suprema. O tribunal deve se reunir amanhã para determinar a pena. Fontes próximas ao processo dizem que, se a execução for determinada, a Justiça deve esperar até o fim do Ramadã – meados de setembro – para cumprir a ordem.


Sajad afirmou que a mãe está ‘muito assustada’. ‘Foi torturada fisicamente’, disse. ‘Meu irmão chorou a noite toda após vê-la na TV. Obviamente, não acreditamos nessa versão. Mas sabemos que, ao ser obrigada a dizer isso, está nos indicando que será executada.’


A iraniana era defendida pelo ativista Mohammed Mostafaei, que fugiu do Irã e pediu asilo à Noruega. Há dez dias, Kian, novo advogado, submeteu ao tribunal um recurso de 35 páginas. A iraniana foi condenada em 2006 por ‘relações ilícitas’ e recebeu pena de 99 chibatadas. Seu processo foi reaberto e ela foi, então, condenada por adultério e à morte por apedrejamento. Na semana passada, o governo disse que ela é culpada também de assassinato, o que a levaria à morte na forca. Pelo menos três outras iranianas condenadas à morte por apedrejamento tiveram as sentenças revistas para a forca recentemente. ‘É uma tentativa de evitar a pressão internacional’, disse Kian.


Resposta. Ontem, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, disse à Agência Brasil que o Itamaraty não fez uma oferta formal de asilo a Sakineh. Um representante do Itamaraty afirmara, na terça-feira, que a proposta havia sido feita formalmente após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter se disposto a recebê-la no Brasil, ‘se estivesse causando problemas no Irã’. O chanceler Celso Amorim respondeu ontem que não ficará ‘fazendo polêmica com o embaixador do Irã’. / COLABOROU REJANE LIMA


 


 


Sakineh leva roteiro para falar em TV iraniana


Coberta por um véu negro e com a imagem distorcida, Sakineh Ashtiani disse, em entrevista a uma TV iraniana, na noite de quarta-feira, que traiu o marido com um primo dele. Segundo um representante do Judiciário, Sakineh injetou um anestésico no marido. ‘Depois que ele ficou inconsciente, o verdadeiro assassino (o primo) matou a vítima ao conectá-la pelo pescoço à eletricidade’, disse o funcionário na TV. ‘Ele (o primo) me disse: ‘Vamos matar seu marido’. Eu realmente não acreditava que meu marido seria morto. Pensei que ele estivesse brincando’, disse Sakineh, que segurava uma folha à qual recorria eventualmente. Ela fez as declarações em sua língua – um dialeto azeri – e a TV iraniana dublou suas declarações em farsi. ONGs acusam a TV estatal de ter se aproveitado de Sakineh para atacar o advogado Mohammad Mostafaei, asilado na Noruega. ‘Por que você (Mostafaei) divulgou isso?’, questionou ela. Segundo seu relato, muitos parentes não sabiam do crime e o incidente ‘envergonhou a família’.


 


 


TELEVISÃO


Keila Jimenez


Reality da Globo enfrenta A Fazenda 3


Trunfo da Globo para enfrentar a terceira edição de A Fazenda, da Record, Hipertesão, reality show comandado por Glenda Kozlowski e dirigido por Boninho, estreia dia 2 de setembro, logo após A Grande Família. A atração, que irá ao ar às quintas e aos domingos à noite, confinará 16 participantes durante sete semanas em uma mansão em Buenos Aires. Eles serão submetidos a provas radicais na disputa de um prêmio de R$ 500 mil. O segundo lugar levará R$ 100 mil e o terceiro, R$ 50 mil. Um participante será eliminado por semana, sempre dependendo do desempenho nas provas. Geovana Tominaga será repórter da atração, que tem a final prevista para 21 de outubro.


10.5 mil lares com TV por assinatura/banda larga via fibra ótica é a previsão da Telefônica de crescimento do serviço até o fim de 2010


‘Antes da web veio a Hebe’ Márcio Ballas fazendo graça com comentário de Marcelo Tas sobre a Hebe em debate sobre humor nos 60 anos de TV, promovido pelo Estadão.


Rodrigo Faro vai participar do VMB deste ano, premiação musical da MTV que ocorrerá no dia 16 de setembro. O apresentador da Record vai gravar um vídeo para o evento, provavelmente fazendo uma de suas imitações de sucesso.


O GNT vai sofrer uma grande mudança de visual no primeiro trimestre de 2011. As vinhetas com mulheres sem roupa vão sair do ar.


No mesmo GNT, já está a caminho uma nova série do chef Claude Troisgros.


Depois de virarem personas non gratas na Parada Gay em São Paulo, os cassetas Marcelo Madureira e Hubert vão a Juiz de Fora (MG) amanhã cobrir o Miss Brasil Gay.


Tudo em clima muito experimental, a Net já está conversando com possíveis canais parceiros para lançar em 2011 um canal só com conteúdo em 3D.


Tarcísio Filho sai de Malhação direto para Dinossauros e Robôs, próxima trama das 7 da Globo.


Com uma faixa de desenhos às 18 horas, a RedeTV! vem alcançando até o segundo lugar em audiência no horário, com médias na casa dos 5 pontos de ibope. Tudo culpa do Pokémon.


Na série Encontros Estadão & Cultura, sobre os 60 anos da TV, hoje às 13 horas, no Teatro Eva Hertz, da Livraria Cultura (Conjunto Nacional), o papo é sobre teledramaturgia, com Silvio de Abreu.


US$ 8.500. Esse seria o valor pago pela produção de Gugu por uma entrevista exclusiva com Sheyla Hershey, brasileira que quase morreu – ela contraiu uma grave infecção – ao tentar bater o recorde das maiores próteses de silicone do mundo. Várias atrações disputavam o papo com moça, que vive nos Estados Unidos.


 


 


 


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