Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Erivaldo Carvalho

“‘Não acredito que exista um arauto da imparcialidade.’ Pablo Capilé, do Mídia Ninja

O leitor razoavelmente conectado já deve ter se deparado com um tipo diferente de cobertura, difundida a partir de pessoas com equipamentos portáteis (telefones e pequenos computadores) de acesso ao vivo à internet. Na última quarta-feira, 7, O POVO registrou a atuação do grupo na visita do governador Cid Gomes ao acampamento do parque do Cocó, em Fortaleza, na pauta da polêmica construção dos viadutos. Trata-se do Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação (Ninja). De acordo com informações compiladas pelo jornal, cerca de 20 colaboradores trabalham na produção de conteúdos, de forma fixa, podendo esse número chegar a 1,5 mil, eventualmente. Além da capital cearense, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Salvador contam com equipes. Existe desde 2005. As manifestações de rua colocaram-no em evidência. As redes sociais são os territórios preferenciais de atuação. Neste sábado, o Vida&Arte discute o fenômeno. Segue o link: http://bit.ly/19UbYSL.

A parcialidade

Deixo para os estudiosos a dissecação dos famosos o que são e o que querem a mídia Ninja e formatos assemelhados. Minhas considerações são de ordem mais prática. Em primeiro lugar, há uma tese consolidada nos coletivos sobre a parcialidade jornalística. Eles têm um lado e dizem isso. Você demonstrar de que lado está é importante para quem for consumir a informação, resume o jornalista Yargo Gurjão, do Coletivo Nigéria. Assim, ele puxa o manto da isenção nas pautas, um dos mitos mais consagrados de nossa mídia tradicional. Aqui vale lembrar que declarar posições não é inédito. No Hemisfério Norte, há décadas os conglomerados de mídia expõem as preferências políticas, exemplo que foi seguido, embora timidamente, por grupos brasileiros, em eleições presidenciais recentes. Num passado distante, jornais brasileiros eram engajados. Panfletários, em alguns casos. A opção não fere o jornalismo. É só não confundir parcialidade com irresponsabilidade.

Questões que incomodam

O segundo ponto diz respeito à forte inserção da mídia alternativa junto aos internautas – o sonho dourado de qualquer modelo de negócio da comunicação. O jornalismo como o conhecíamos mudou e foi para a Internet. O futuro está na grande rede. Mas ninguém sabe como transformar a revolução em dinheiro. Dizem, em tom de provocação, que isso explica, inclusive, porque não foram jornalistas que inventaram ferramentas como o Twitter e o Facebook. Perguntas: o que leva milhares de pessoas a acompanharem, simultaneamente, transmissões que consideraríamos amadoras e pouco profissionais? Estariam as pessoas buscando outras formas de consumir informação? Há um incômodo no ar, que só será eliminado quando os veículos tradicionais responderem a questões como estas.

Transparência para todos

Tenho acompanhado o desdém com que alguns veículos de imprensa estão abordando a atuação da mídia Ninja. Além da parcialidade, citada acima, há um rosário de críticas e insinuações à forma como os grupos são financiados. Citam que tem verba pública bancando o empreendimento, em tom de cobrança pela divulgação desse números. Há evidências de que a informação procede. Mas chamo a atenção para a armadilha da incoerência, algo caro para nós. Quem está apontando o dedo? Veículos que nunca passaram na porta de um banco público nem precisaram de favores de governo? É preciso transparência. O público, e aqui é irrelevante o tipo de plataforma usada por quem produz e distribui conteúdos, deve saber quem ajuda a pagar a conta. Essa sempre deve ser a regra. Para todos.

FOMOS BEM

FEIRA DA ABAD

Acompanhamos de perto e com volume de informação o evento nacional dos atacadistas.

FOMOS MAL

PARCERIA UFC/ITA

Corremos atrás da pauta sobre a construção de centro aeroespacial no Campus do Pici.”