Quando o assunto é esporte, os leitores sempre têm reações apaixonadas. Basta o jornal pisar na bola (com o perdão do trocadilho) para que o público se manifeste. No Washington Post, a mais recente polêmica da cobertura esportiva diz respeito a reclamações sobre a falta dos resultados das partidas que acontecem tarde da noite, conta o ombudsman Andrew Alexander em sua coluna de domingo [27/9/09].
O problema surgiu porque, para cortar custos, o fechamento do jornal passou a ser mais cedo. Em outras seções do Post, o impacto com a mudança de horário foi mínimo. A seção realmente afetada foi a de esportes, com seus leitores sedentos por resultados de jogos. Além disso, o espaço menor para notícias forçou o jornal a reduzir as estatísticas dos jogos profissionais e universitários. Para estes números, os leitores podem recorrer a diversos sites. Mas, para os campeonatos escolares, não há muitas opções, e é aí que o Post faz mais falta. Mesmo com o diário atualizando seu site, muitos leitores mais velhos não usam a internet. Em uma noite comum de sexta-feira, ocorrem cerca de 100 jogos de futebol americano na área de circulação do Post. ‘Conseguimos cobrir 40% do que costumávamos fazer para a edição que circula nos subúrbios’, diz Matthew Rennie, um dos editores da seção de esportes.
A divulgação dos resultados da Liga Nacional de Baseball também passou a ser prejudicada com as mudanças no fechamento. Os jogos que acontecem na Costa Oeste sempre acabaram muito tarde para a cobertura do Post. Mas, agora, alguns jogos na região central do país também não estão acabando a tempo do deadline do jornal. Resultados de alguns jogos noturnos de domingo e segunda-feira da Liga Nacional de Futebol Americano também correm o risco de não serem divulgados na edição do dia seguinte, embora alguns horários de fechamento tenham sido ajustados para as partidas do Washington Redskins.
Resultado da crise
Mudanças como esta foram motivadas por necessidade. Para reduzir custos, o Post fechou sua gráfica em College Park, em julho, e consolidou as operações em Springfield. Isto possibilitou uma economia de milhões de dólares, mas significa que o mesmo número de jornais precisa agora ser impresso por menos máquinas – o que antecipou o fechamento. Ao mesmo tempo, muitos assinantes saem de casa mais cedo para o trabalho, para evitar trânsito – o que implicou em entregas mais cedo. A produção e a entrega do jornal envolvem uma complicada coreografia para que a primeira edição vá para os leitores que moram mais longe, como Nova York, Delaware e Pensilvânia. As outras duas edições vão para 30 centros de distribuição na região de Washington. Mesmo com estas reclamações, a lealdade ao Post permanece alta. Os últimos dados mostram que a tiragem diária é de 622.700 e, aos domingos, de 858.100.