Friday, 29 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Folha de S. Paulo

ATAQUE
Maurício Simionato

Após atentado, jornal adota precauções

‘Por recomendação das polícias Civil e Militar, a RAC (Rede Anhanguera de Comunicação), que edita o jornal ‘Correio Popular’, adotou medidas de segurança após o atentado ocorrido na quarta-feira contra a sede da empresa, em Campinas (SP).

Uma granada foi arremessada no prédio da empresa por volta das 21h por três homens. O artefato não explodiu e ninguém ficou ferido. Até ontem ninguém havia sido preso.

Desde anteontem, os veículos do jornal passaram a circular sem adesivos de identificação, repórteres andam sem crachás e os motoristas não usam mais roupas com a logomarca da empresa.

Além disso, os funcionários foram impedidos de deixar o prédio após as 18h por uma saída lateral, considerada mal iluminada. O policiamento no entorno do prédio foi reforçado, de acordo com a PM. O Gaerco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público, vai acompanhar o caso.

Uma das hipóteses investigadas é a suposta ligação entre o atentado e reportagem publicada na quarta que traçou o perfil de um criminoso ligado à facção PCC e que está preso.’

 

 

JORNAL EM CRISE
Cíntia Cardoso

França lança plano de 600 mi para resgatar imprensa

‘Depois dos bancos e do setor automotivo, foi a vez de a mídia francesa receber ajuda do governo. O presidente Nicolas Sarkozy anunciou ontem um plano para ‘salvar’ jornais e sites de notícias no país.

Ao todo, o pacote vai custar 600 milhões distribuídos por três anos, sem incluir os recursos para a modernização do parque gráfico francês.

As medidas fazem parte dos ‘Estados Gerais da Imprensa’ iniciativa lançada por Sarkozy em outubro passado para avaliar a situação da imprensa francesa e propor recursos para a sua modernização. O diagnóstico apontou três problemas-chave: queda da receita com publicidade, diminuição dos leitores e alto custo de produção. Na França, o preço médio do jornal é de 1,26 euro, contra 0,80 na Alemanha.

Para atacar a primeira questão, Sarkozy propôs um aumento dos gastos com informes publicitários do governo. O Estado ‘vai dobrar, a partir deste ano, as despesas com a comunicação institucional’ na imprensa escrita e eletrônica, afirmou ontem no Palácio do Eliseu. Assim, serão injetados 20 milhões a mais neste ano.

Aos críticos que veem na iniciativa uma ameaça à liberdade de imprensa, Sarkozy disse: ‘Espero que ninguém veja um atentado à independência’.

Ainda no pacote, o presidente francês disse que cortará as despesas postais da imprensa, o que representará uma economia de 24 milhões para o setor. A ajuda aos jornaleiros totaliza 60 milhões, e o estímulo para expandir a entrega em domicílio, 70 milhões.

Para deter o desaparecimento gradual de leitores, o presidente propôs a assinatura gratuita de um jornal por um ano para os jovens de 18 anos. O governo arcará com os custos de distribuição, e a publicação escolhida pelo leitor ofereceria os exemplares gratuitamente.

Internet

Para a internet, Sarkozy anunciou a adaptação à era digital dos direitos autorais dos jornalistas e acrescentou que o Estado criará um estatuto do editor da imprensa digital para desenvolver jornais na rede.

Na avaliação de Dominique Candille, do Sindicato Nacional dos Jornalistas, ‘não é chocante ajudar a imprensa, mas essa é só parte da resposta’. ‘Já as ajudas diretas e indiretas, como a exoneração dos encargos sociais nos incomodam.’

Os sindicatos também afirmam que querem observar como serão alocados os recursos. Nos últimos anos, por causa de dificuldades financeiras, os principais jornais franceses passaram para o controle total ou parcial de grandes grupos industriais que, a princípio, não eram da área de comunicação.

Para Sarkozy, as medidas são a resposta necessária para um setor em dificuldades e que enfrenta um cenário econômico mundial ‘deteriorado’. Na França, as greves de jornais têm sido recorrentes. Em 2007, só o diário ‘Le Monde’ fez três para protestar contra as más condições de trabalho.

Vários sindicatos convocaram para a próxima quinta uma greve geral de jornalistas contra os programas de demissão voluntária e cortes de pessoal.

Enquanto o presidente Sarkozy anuncia ajuda para a imprensa escrita e eletrônica, o governo segue com um programa de redução de custos nas televisões e rádios estatais. Os sindicalistas estimam que 900 trabalhadores estejam ameaçados no grupo estatal France Télévisions. Na Radio France Internationale, 206 postos de trabalho serão suprimidos.

Para o SNJ, é justamente na questão da situação profissional dos jornalistas que o pacote foi tímido. O setor emprega 100 mil profissionais mas, segundo dados do SNJ, um quinto dos jornalistas não tem vínculo empregatício com as empresas.’

 

 

INTERNET
Folha de S. Paulo

Google recorre de decisão de liberar dados sem ordem judicial

‘O Google ajuizou um recurso no STF (Supremo Tribunal Federal) contra uma decisão da Justiça do Rio que determinou que a empresa forneça ao Ministério Público e à Polícia Civil do Estado, sem a necessidade de ordem judicial, dados de usuários que cometerem crime no site de relacionamentos Orkut.

O Google argumenta que não se recusa a fornecer dados, mas exige uma decisão judicial. ‘É preciso recorrer ao rito judiciário normal. E o rito no Brasil é cumprir ordens judiciais’, diz Félix Ximenes, diretor de assuntos públicos do Google no Brasil.

O Ministério Público, porém, entende que essa política tem favorecido os crimes na rede. ‘A demora na concessão do provimento jurisdicional pode gerar impunidade desses usuários, uma vez que os prazos prescricionais dos crimes praticados pela internet são exíguos’, afirmou o órgão na ação.

O STF deve analisar o recurso em fevereiro. A Polícia Civil do Rio não comentou. A Promotoria irá aguardar a decisão da Justiça.

Colaboraram a Folha Online, a Sucursal de Brasília e a Reportagem Local’

 

 

HISTÓRIA
Sylvia Colombo

A pequena história de uma grande conspiração

‘‘Acordei hoje ao toque de trombetas dos soldados e assustada levantei-me e soube então por mamãe que vieram de madrugada alguns oficiais para irem com papai para o quartel-general, pois receavam que o movimento para república rebentasse hoje.’ Começa assim o registro que Bernardina Botelho de Magalhães fez do dia 15 de novembro de 1889, em seu diário pessoal.

Aos 16 anos, a garota não era só uma jovem habitante da cidade do Rio de Janeiro. Mas, sim, filha de Benjamin Constant (1836-1891), líder militar e intelectual adepto do positivismo, um dos principais articuladores da conspiração golpista que depôs a monarquia e instaurou a República. ‘O Diário de Bernardina’, lançado agora pela editora Zahar, reúne notas de cadernos escritos pela adolescente nesse momento de profunda transformação histórica do país.

O texto foi estabelecido pelo antropólogo Celso Castro, professor da Fundação Getulio Vargas, e pelo historiador Renato Lemos, que leciona na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os originais estão no Museu Casa de Benjamin Constant, também no Rio. O dia-a-dia de Bernardina não era diferente do de outras meninas de sua idade e condição social. Afazeres domésticos e preocupações com a saúde de pessoas próximas ocupavam a maior parte do tempo dessa típica filha de uma família de classe média ilustrada de então.

Costurar camisolas, fronhas e meias; fazer doces; receber visitas e preocupar-se com parentes doentes praticamente preenchiam todos os seus dias. A princípio, a leitura dessas notas, que começam em 7 de agosto de 1889, é aborrecida, tamanha a repetição de ações e a confusão causada pela enumeração de diferentes personagens -familiares e amigos- que frequentam a casa.

Questão militar

Mas, aos poucos, as movimentações do pai começam a chamar atenção, misturando-se à sua modorrenta rotina. Em 29 de agosto, relata: ‘Comecei o outro aventalzinho e, como Alvina não veio por causa da chuva, adiantei muito nele. Papai foi de noite ao Clube Militar.’ Bernardina, apesar da pouca idade e de não poder sair muito de casa, tem percepção aguçada. Sem entender bem o que era a tal ‘questão militar’, de que o pai tanto se ocupava, a menina ainda assim dá-se conta de que algo importante para o país estava para acontecer.

A ‘questão militar’ foi a série de conflitos entre Exército e governo imperial que deu espaço à campanha republicana, vitoriosa em 15 de novembro. Nesse contexto, saltam aos olhos da garota as saídas repentinas de casa de um pai até ali profundamente dedicado aos filhos. Assim como seus encontros com oficiais, as noites passadas no quartel e as notícias de acalorados discursos que fazia a colegas de farda. Nas notas do diário, porém, o que ressalta mesmo é o tom de admiração e orgulho de Bernardina com relação a tudo o que ele fazia.

‘Às vésperas da República, não havia uma tensão social que se pudesse sentir de forma clara. Ela tampouco tinha noção de que o pai estava à frente de uma conspiração golpista. À medida que o tempo passa, percebe, mas apenas em parte, a relevância histórica do momento. Curiosamente, no final, a encontramos confeccionando algumas das primeiras bandeiras republicanas’, contaram os pesquisadores à Folha.

Para estes, Bernardina não teria notado, sequer, que o risco da operação que o pai orquestrava era imenso e que, se não desse certo, ele poderia morrer por integrar o conluio. A família vivia no Imperial Instituto dos Meninos Cegos, que Benjamin Constant dirigiu. Bernardina era uma das seis crianças do casamento entre Constant e Maria Joaquina da Costa. ‘Ele sempre foi muito apegado à família. Foi um homem que se fez pelo próprio esforço, trabalhou muito, estava o tempo todo endividado. Essas notas dão a dimensão de como eram simples os hábitos de sua casa e de quão dedicado ele era com os seus’, dizem.

Contribuição

Os dois estudiosos encontraram os papéis de Bernardina em meio ao acervo do prócer enquanto realizavam suas pesquisas. Ambos os trabalhos, porém, pouco têm a ver com o teor essencialmente íntimo do material. Castro estuda a relação dos militares e a República, e Lemos publicou a biografia: ‘Benjamin Constant -Vida e História’ (Topbooks). ‘Os diários são ricos especialmente para os adeptos da nova história, que hoje está tão em evidência. Permitem perceber a dimensão da grande história a partir da vida e do cotidiano do Rio da época.’

Há poucos registros do destino de Bernardina após a morte de Constant, em 1891. ‘Não se guardou muita coisa, pois a família deixou de estar em evidência. Não sabemos se ela continuou suas anotações’, dizem Castro e Lemos. Tudo leva a crer que sua vida voltou a ser ordinária e familiar. Casou-se moça e morreu em 1928, aos 55.

O DIÁRIO DE BERNARDINA

Organização: Celso Castro e Renato Lemos

Editora: Zahar

Preço: R$ 29 (120 págs.)’

 

 

Diário de Bernardina

‘6 de setembro

Papai passou o dia com dores de cabeça; para tarde aliviou. De noite eu fiz chocolate

10 de outubro

Papai foi ao quartel-general para um conselho de guerra(…) Tia Leopoldina e a Mariquinhas estiveram aqui e não jantaram; não vão conosco ao teatro por terem deixado as crianças do meu padrinho sós em casa

23 de outubro

Papai não apareceu para jantar e já estávamos receosos sem sabermos para onde ele iria e onde jantaria, pois ele não gosta de andar fardado, quando ele chega, dizendo que fizeram-lhe lá um brinde, ele agradeceu

15 de novembro

Acordei hoje ao toque de trombetas dos soldados e assustada levantei-me e soube então por mamãe que vieram de madrugada alguns oficiais para irem com papai para o quartel-general, pois receavam que o movimento pela república rebentasse hoje

25 de novembro

De noite, mamãe foi comigo e Alcida à casa do dr. Veiga, para pedir à d. Marianinha o grande obséquio de nos guiar e ensinar a fazer duas bandeiras’

 

 

Mario Gioia

Livro exibe retratos da SP ‘ruidosa’ do século 20

‘Faz tempo que São Paulo é uma cidade ruidosa e de transformações vertiginosas. ‘Aurélio Becherini’, livro que ganha lançamento hoje e é dedicado à obra de um dos pioneiros do fotojornalismo paulistano, atesta esse caráter ‘mutante’, como destaca Rubens Fernandes Junior no volume, que traz imagens feitas entre 1904 e 1934. É a primeira publicação extensiva sobre a trajetória do autodidata Becherini (1879-1939), italiano oriundo da Toscana, que chegou ao Brasil em 1900. De biografia pouco conhecida, mas com registros de São Paulo considerados fundamentais na iconografia da cidade, o fotógrafo retratava uma urbanidade que não se encaixa no viés nostálgico valorizado em imagens em preto-e-branco do começo do século.

‘Ele é importante por seus registros da cidade em transição. Naqueles anos, o que dava dinheiro eram as encomendas de retratos, não a fotografia de rua. E a cidade sempre é ruidosa, ele se coloca no meio dessa vertigem que arrasa quarteirões até hoje em São Paulo’, diz Fernandes Junior, crítico de fotografia que assina o livro lançado pela Cosac Naify. O sociólogo José de Souza Martins e a pesquisadora Angela Garcia têm textos na publicação.

Assim, entre as 193 imagens do livro, várias apresentam quarteirões rodeados por tapumes repletos de cartazes de publicidade de espetáculos de ópera e novas marcas de água mineral. Outras exibem blocos inteiros da cidade já colocados no chão, preenchidos por montes de entulho. E ainda há resquícios de uma SP colonial, nas imediações da Sé e de sua antiga igreja, com ruas que se perderam, como a de Santa Teresa e a travessa da Esperança.

Fernandes planeja para o começo do ano que vem o lançamento de outro livro com imagens de pioneiros da fotografia paulistana, como Guilherme Gaensly (1843-1928).

AURÉLIO BECHERINI

Autor: Rubens Fernandes Junior (org.)

Editora: Cosac Naify

Quanto: R$ 42 (236 págs.)’

 

 

TELEVISÃO
Leandro Fortino

‘Lost’ mostra ilha como ‘disco riscado’

‘Pense na ilha como sendo um disco de vinil rodando sobre o prato da vitrola; agora, o disco está pulando. Pulando no tempo. E, se os fugitivos não retornarem, o mundo estará condenado. Com essa explicação inicia-se a quinta temporada do seriado ‘Lost’, que estreou na última quarta, nos EUA.

No final da quarta temporada, encerrada há quase sete meses nos EUA, após a fuga de helicóptero de seis dos sobreviventes do voo 815 (Jack, Kate, Sun, Aaron, Hurley e Sayid, os Oceanic 6), o insensível vilão Ben gira uma engrenagem misteriosa que muda a ilha de lugar. Mas não apenas.

Revela-se então só agora o que teria acontecido com os visitantes que permaneceram na ilha (Sawyer, Juliet, Daniel…). Além disso, o novo episódio entrega quando se passam os acontecimentos que vemos no continente com os Oceanic 6 (a vida de Kate e Aaron, o encontro de Jack com Ben, Locke no caixão…). E ainda explica que o destino do planeta está relacionado diretamente à volta definitiva dos fugitivos da ilha.

Enfim, ‘Lost’ começa a caminhar para algo mais concreto. Apesar de brincar com viagens no tempo, assunto delicado de tratar, pois geralmente surgem paradoxos irreparáveis, os produtores da série parecem saber mesmo como a terminarão (as regras para evitar o efeito borboleta, que prega que qualquer mudança no passado ocasionará alterações inesperadas no futuro, são finalmente colocadas na mesa).

Mesmo com os mistérios começando a ser solucionados, ‘Lost’, da ABC, teve sua pior audiência em uma estreia de temporada. Os dois episódios mostrados na quarta-feira (‘Because You Left’ -porque você partiu- e ‘The Lie’ -a mentira) foram vistos por 11,4 milhões de pessoas, 26% menos que em 2008, segundo a Nielsen Company, que divulga a audiência nos EUA.

No Brasil, ainda não há data de estreia da quinta temporada. O quarto ano de ‘Lost’ é exibido pela Globo, até terça (seg. e ter., após o ‘Jornal da Globo’), e tem reprises no canal pago AXN (vários horários).’

 

 

Folha de S. Paulo

Universal Channel exibe maratona ‘Brothers & Sisters’

‘O Universal Channel exibe amanhã quatro horas seguidas de ‘Brothers & Sisters’ (não indicado a menores de 14 anos).

A partir das 13h, os telespectadores poderão rever os dramas vividos pela família Walker e agregados durante a segunda temporada, que terminou na última quarta-feira.

Na maratona, os capítulos exibidos serão ‘Concessões’, ‘Ansiedade de Separação’, ‘Dupla Negativa’ e ‘Risco Moral’.’

 

 

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