Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

INTERNET / CHINA
Raul Juste Lores

‘Grande Muralha virtual’ ameaça isolar China

‘DE PEQUIM – O governo chinês fechou na semana passada o site Yeeyan, comunidade de 5.000 voluntários que faziam traduções do inglês para o mandarim – de legendas de filmes a letras de música. Eles viraram problema quando começaram a traduzir reportagens do jornal britânico ‘The Guardian’.

Nos últimos meses, uma ‘Grande Muralha virtual’ está conseguindo isolar a internet chinesa do resto do mundo e anulando o conceito de rede. Depois de bloquear Facebook, Youtube, Twitter e boa parte da Wikipedia, o governo elevou o controle da rede doméstica.

Na última terça, cidadãos chineses foram proibidos de registrar domínios na rede – agora só com autorização do governo. Só em 2009, 450 sites foram fechados.

‘A internet chinesa já é uma das mais insulares do planeta por causa do idioma e pelo pouco interesse que a garotada tem no que acontece no resto do mundo, mas agora o isolamento atinge até a minoria mais curiosa’, afirmou à Folha Hong Bo, 46, que trabalha há 12 anos com internet e há seis mantém um dos blogs mais lidos sobre o assunto.

O ex-presidente do Yahoo na China Xie Wen publicou em seu blog na segunda-feira que a internet no país ‘vive seu momento de Revolução Cultural [em referência ao período mais repressivo da ditadura maoísta], com expurgos, proibições e uma tentativa de purificação inédita em 30 anos de abertura da China’.

O governo lançou em janeiro passado uma campanha destinada a limpar a internet local da ‘pornografia e da vulgaridade’, mas quem mais sofreu foram sites políticos, blogs e populares comunidades virtuais internacionais.

Como o governo diz querer construir uma sociedade harmoniosa, os internautas chineses adotaram o termo como sinal de censura. ‘Meu blog foi harmonizado’ virou código para novas vítimas do expurgo.

Sites de informação, como Huffington Post, e que hospedam blogs internacionais, como Blogger, também são bloqueados no país.

Reserva de mercado

Com o bloqueio às grandes comunidades virtuais internacionais, proliferam as cópias piratas de sites estrangeiros ‘made in China’. O maior portal do país, Sina.com, está lançando a sua cópia do Twitter.

O Youku, cópia do Youtube, tem mais de 60% do mercado de compartilhamento de vídeos, colocando na íntegra produções americanas sem pagar direitos autorais.

‘Como o governo quer controlar a distribuição de informação, é evidente que as empresas locais cooperam mais com o governo e sabem seus limites’, diz Hong.

Por confiar mais na autocensura dos locais, um site chamado Baidu se tornou gigante mecanismo de buscas do país, copiando o Google.

Durante dois anos, o Google sofreu com a interferência da censura chinesa, que o transformou em um site sete vezes mais lento que os locais, por meio de filtros e controles.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse em junho que o Google ‘espalha conteúdo vulgar e obsceno, violando seriamente as leis chinesas’. O site foi tirado do ar por um dia como ‘alerta’.

As pesquisas no Google continuam operando muito mais lentamente do que em sua cópia. O Baidu hoje domina 70% do mercado.

A mestranda Suo Huijun, do Centro de Novas Mídias da Universidade Tsinghua, publicou recentemente um estudo sobre a Wikipedia na China. Ela entrevistou um dos burocratas que cuidam do controle da internet.

Anonimamente, ele diz que a Wikipedia é valiosa, mas ‘permite que um pequeno grupo de elementos anti-China possam colocar em risco a nossa segurança social e a unidade étnica do país’. Textos sobre a China sofrem bloqueio rotineiro.’

 

 

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YouTube e Facebook são censurados

‘Vídeos mostrando a violência policial chinesa contra monges tibetanos começaram a aparecer no YouTube em março de 2008. Na mesma época, a cantora islandesa Björk pedia a independência do Tibete em um vídeo de um show em Xangai.

O Youtube foi então bloqueado na China e desbloqueado por períodos curtos. Sua cópia chinesa, o Youku, pôde prosperar sem concorrência.

Logo após a onda de protestos que chacoalhou o Irã após a controversa reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad – muitos deles convocados pelo Twitter-, a China decidiu também bloquear o site dos microblogs. Só agora versões chinesas começam a ser liberadas, onde a autocensura é garantida. Semanas depois, o Facebook foi bloqueado.

Analistas acreditavam que o bloqueio seria temporário, na proximidade de datas sensíveis, como os 60 anos da chegada dos comunistas ao poder. Mas as restrições continuaram.

Estima-se que 30 mil censores trabalhem para o governo checando blogs e grandes portais. Os próprios sites fazem sua limpeza, apagando críticas ao partido ou ao governo.

‘A internet se tornou uma importante avenida pela qual as forças anti-China se infiltram, sabotam e maximizam sua capacidade de destruição’, escreveu o ministro de Segurança Pública, Meng Jianzhu, na revista Qiushi, do Comitê Central do Partido Comunista.

Em junho, o governo chinês tentou exigir de todos os fabricantes de computadores pessoais a instalação de um programa com filtros de internet.

A polêmica foi tão grande – o programa chinês foi acusado até de piratear um software americano – que o governo chinês desistiu da obrigatoriedade. Mas, desde então, milhares de escolas, repartições públicas e fabricantes chineses têm instalado filtros em suas máquinas.

O governo diz que sua campanha pela moralização da internet visa acabar com a pornografia e com a pirataria, mas para críticos o discurso mascara a sanha por controle. (RJL)’

 

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Só minoria usa programas para driblar bloqueios

‘A censura de Pequim é um sucesso quando se analisa a penetração do Twitter e do Facebook na China – país de maior população de internautas, com 370 milhões de usuários.

O bloqueado Twitter, por exemplo, tem 409 mil perfis na China, quase um milésimo dos internautas chineses. E só uma parcela pequena é ativa. No Irã, onde o Twitter também é proibido, há 1,4 milhão de usuários, apesar de a população ser 20 vezes menor que a chinesa.

Depois de ser proibido em julho, o Facebook também encolheu. De 280 mil perfis ativos, despencou para 14 mil usuários regulares. No Irã, onde o Facebook é igualmente bloqueado, há 800 mil contas ativas.

Para especialistas em internet chinesa, apenas uma pequena minoria usa softwares para driblar a censura. Aplicativos como Tor, UltraSurf e FreeGate criam uma rede de nós anônimos por onde o tráfego da rede passa criptografado.

Como os censores estão sempre decodificando esses atalhos, há uma necessidade periódica de atualizá-los.

O Tor pode ser recebido por e-mail e baixado no computador. Como vingança contra seu banimento da China, o grupo religioso Falun Gong produz vários desses aplicativos.

‘Ao contrário dos EUA, onde 65% dos internautas têm mais de 35 anos, na China 74% têm menos de 34’, diz o especialista Hong Bo. ‘As maiores atividades na internet chinesa são o download de músicas, os jogos virtuais e a comunicação instantânea com pequenos grupos de amigos e parentes. Comunidades virtuais no estilo do Facebook são um fracasso.’ Até 34% dos internautas chineses têm menos de 19 anos.

Outra prova de como a censura funciona aconteceu durante o debate em que o presidente americano Barack Obama quis ter com universitários em Xangai. O governo chinês decidiu não televisionar o evento, mas a Casa Branca transmitiu o debate ao vivo em seu site. Só 7.000 pessoas acessaram a partir da China.

Por temor aos atalhos anticensura, às vezes o governo chinês adota atitudes extremas e tira toda a rede do ar. Na Província de Xinjiang, a internet está inacessível desde julho, quando conflitos étnicos explodiram entre a minoria uigur e a maioria chinesa han. (RJL)’

 

IMPRENSA / AMÉRICA LATINA
Flávia Marreiro

Correa recua e muda projeto de lei de mídia no Equador

‘Após quase dois meses de trocas de acusações, marchas pró e contra e campanhas inflamadas nas rádios e TVs do Equador, a bancada do presidente Rafael Correa fechou acordo com a oposição para desidratar os trechos mais polêmicos da nova Lei de Comunicação e Informação, que começará a ser discutida na terça na Assembleia Nacional.

Pelo pacto, assinado na quinta-feira, os governistas, que têm maioria, abriram mão da representação direta do Executivo no futuro órgão regulador do setor de comunicações.

Pelo projeto original da bancada, o governo indicaria 3 dos 7 integrantes do novo Conselho de Comunicação e Informação. Agora, não haverá nem Executivo nem representantes de jornais e TVs.

Os governistas também desistiram de dar à instância poder para sancionar os meios de comunicação com multas ou até com ordem de fechamento, caso incorressem em delitos à luz da nova legislação.

O acordo mínimo foi comemorado por governistas -entre eles também havia críticas aos excessos do futuro órgão administrativo- e pela oposição e ajudou a acalmar, momentaneamente, os ânimos (leia entrevistas nesta página).

‘Foi um resultado saudável. Contribuiu para ele tanto a pressão interna como a externa’, diz César Ricaurte, da Fundamedios, organização pró-liberdade de imprensa em Quito.

Ricaurte, que é colunista do jornal ‘Hoy’ e ombudsman da rede de TV Ecuavisa, contabiliza na pressão externa as críticas de Catalina Botero, relatora para a Liberdade de Expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), e da ONG Human Rights Watch.

No front interno, Quito e Guayaquil, a capital econômica equatoriana, assistiram nas últimas semanas a marchas convocadas por TVs e jornais, ferrenhos críticos do governo do presidente Rafael Correa, contra o que chamaram de ‘lei da mordaça’, seguidora dos ditames de Hugo Chávez, na Venezuela, e de Cristina Kirchner, na Argentina.

Tudo isso ocorre apenas meses depois de Correa definir, no seu discurso de posse do segundo mandato, em agosto, a imprensa como ‘seu principal inimigo’. Ele ainda enfrenta momento delicado por conta dos apagões e do racionamento de energia -que atingiram inclusive a reunião da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no país, em novembro.

A nova legislação será o marco legal para o setor de comunicações ajustado à nova Constituição, aprovada em 2008.

Atualização e futuro

Pela Carta, por exemplo, empresas do sistema financeiro ficaram proibidas de serem acionistas de meios de comunicação. O veto é uma resposta à crise econômica de 2001, que levaria o país à dolarização. As duas principais TVs do país, então pertencentes a grupos financeiros, demoraram para noticiar a debacle bancária.

Por causa da regra, uma das principais TVs, a Teleamazonas, do Grupo Banco del Pichincha, tem menos de um ano para trocar de dono.

Outra já está desde 2008 sob administração do governo, que interveio nas empresas alegando que pretendia compensar o Estado pelo rombo deixado pelo Filanbanco.

Apesar das divergências, analistas festejam que a nova norma substitua a lei de rádio e TV de 1975, feita sob a ditadura de Guillermo Rodriguez Lara (1972-1976), que permite ao governo fechar rádios e TVs.

O pacto fechado com a oposição também estabelece que a concessão de rádio e TV, a partir da nova lei, terá de usar critérios equitativos para o setor público, privado e comunitário.

A discussão nem começou, mas já há um imbróglio em curso desde o mês passado, quando o governo cassou concessões adquiridas supostamente de modo ilegal, segundo auditoria feita pelo Executivo.

O debate promete ser acalorado em torno da proposição do governo de exigir diploma de jornalista. Enquanto escolas de comunicação são a favor, críticos argumentam que será cerceada a liberdade de expressão.

Também deve provocar controvérsia a aplicação de conceitos subjetivos como a definição de ‘informação veraz’, ‘contextualizada’ e ‘contrastada’, presentes na Carta, para guiar futuras sanções contra a mídia.

A oposição promete exigir regras claras para a administração dos meios de comunicação públicos -atualmente, uma TV, criada por Correa, uma rádio e um jornal. Querem também regras para a distribuição de publicidade estatal.O governo diz concordar em estabelecer ‘igualdade de oportunidades’ nesta questão.’

 

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‘Trato barra tentativa de boicote à lei’

‘O presidente da Assembleia Nacional do Equador, o governista Fernando Cordero, admite que a primeira versão da lei de comunicação apresentada por aliados era ‘controversa’, mas atribui reação da opinião pública à campanha dos que queriam boicotar a legislação.

FOLHA – Por que houve recuo em relação ao texto original?

FERNANDO CORDERO – Foi uma atitude do presidente, espontânea. Não havia nenhum interesse do governo em participar do Conselho de Comunicação. Essa lei não foi iniciativa do Executivo, surgiu da iniciativa de três assembleístas e o projeto teve um primeiro relatório controverso. Havia algumas coincidências com o pensamento do presidente. Em outros pontos, não.

Chegamos a um acordo histórico, que cria as condições políticas e sociais que permitirão uma grande lei. A comunicação é um direito incorporado na Constituição, necessário num país intercultural e diverso como o nosso.

FOLHA – Houve erro do governo no debate do que foi chamado de ‘lei da mordaça’?

CORDERO – Havia uma campanha para desprestigiar a Assembleia e a ideia de uma lei. Havia muitos setores interessados em que não houvesse lei.

O presidente vem denunciando há três anos os abusos de alguns órgãos de imprensa. Ele faz isso aos sábados, em seu programa de rádio. Ele criou um quadro que se chama ‘A informação já é de todos’, no qual se denunciaram práticas equivocadas dos meios, certos tipos de distorção e manipulação. Daí tiraram a ‘lei da mordaça’. Não há nada disso.

FOLHA – A ideia é redistribuir concessões de rádio e TV?

CORDERO – A nova lei consagrará o acesso, em igualdade de oportunidades, ao setor público, ao setor privado e ao comunitário. Adicionalmente, essa lei não vai deixar de considerar que no Equador há 200 frequências, mais de rádio do que de TV, que foram ilegalmente adquiridas. E elas serão revertidas ao Estado e redistribuídas com base na nova lei.

FOLHA – Houve marchas e atos contra o projeto…

CORDERO – Algumas dessas expressões, não todas, eram criadas pelos que não queriam a lei, baseados em pressupostos falsos. Não havia razão para as marchas, mas elas existiram. E foram crescendo dia a dia. Gastaram muito dinheiro para fazer essa campanha. Mas esse acordo derruba todas essas falsidades e nos permite construir coletivamente.’

 

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‘Anulamos a intenção autoritária’

‘O jornalista e cientista político César Montúfar, deputado pela oposicionista Concertação Nacional, diz que o recuo do governo do Equador em pontos do projeto de lei de imprensa foi resultado da pressão da opinião pública. Afirma que o acordo, que ele ajudou a costurar, é só o começo da negociação dura que está por vir.

FOLHA – O acordo foi um triunfo da oposição?

CÉSAR MONTÚFAR – É um triunfo para o país que a Assembleia tenha conseguido chegar a esse acordo, apesar da campanha polarizadora, agressiva, violadora dos direitos humanos do governo. Abre-se a possibilidade de discutirmos os demais temas. É uma base importante porque neutraliza o risco maior, que é o controle, por parte do governo, dos meios de comunicação. Era essa a clara intenção autoritária. Esse risco está neutralizado.

FOLHA – Quais são os pontos centrais a discutir agora?

MONTÚFAR – A distribuição do espectro radioeletrético, a democratização da comunicação. Temos de acompanhar a composição do Conselho de Comunicação, para que ele seja independente de governos. Outro ponto é o escopo de regulação que esse conselho vai ter. Deveríamos lutar para que a função de regulação se limite à determinação de horários para cada tipo de programação.

FOLHA – O governo Correa, como outros na região, diz que há excessos em jornais e TVs, que agem como braços da oposição. Qual sua opinião?

MONTÚFAR – Numa democracia, até certo ponto é normal a tensão entre governos e meios de comunicação. Mas é importante que essa tensão não derive em intenção do governo de solapar a liberdade de expressão.

Creio que há um grave risco na América Latina de serem aprovadas de leis de comunicação que acabem sendo regressivas em relação aos avanços democráticos da região. Aí está o desafio. O que vimos no Equador, se não é perfeito, é um precedente importante. Um projeto que se dirigia a controlar os meios foi desativado.

Se seguem existindo riscos? Sim. Não podemos cruzar os braços. A opinião pública foi importante para a existência do acordo e tem de seguir mobilizada para que no final alcancemos um resultado que seja aceitável. Vai ser uma negociação muito dura, muito forte. Neste momento, o possível é inimigo do perfeito. Temos de ser pragmáticos.’

 

Silvana Arantes

Clarín consegue nova vitória contra Cristina

‘O Grupo Clarín, maior conglomerado de mídia argentino, obteve na última sexta sua segunda vitória judicial na batalha que trava com o governo da presidente Cristina Kirchner.

A Câmara Nacional de Apelações em matéria Civil e Comercial suspendeu a resolução tomada na segunda passada pela Secretaria de Comércio Interior de anular a fusão das companhias de TV a cabo Cablevisión e Multicanal.

O negócio, no qual foi investido US$ 1,1 bilhão, deu ao Clarín a liderança nesse mercado e hoje responde por 61% da receita do grupo. A fusão fora aprovada em 2007, pelo então presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina, sob parecer favorável da Comissão de Defesa da Concorrência.

O aval definitivo, contudo, era condicionado a investimentos e condições de prestação de serviço que a companhia deveria cumprir num prazo máximo de dois anos.

A resolução do governo assinala que as metas não foram cumpridas no prazo. Como punição, foi estabelecido prazo de 60 dias para a definição de medidas de desmembramento das empresas.

A Câmara de Apelações julgou que ‘não se respeitou o direito de defesa’ da empresa e frisou que ‘é um princípio inegável do direito penal que a pessoa imputada de um delito tem o direito de questionar a acusação e oferecer todas as provas pertinentes em contrário’.

A Cablevisión sustenta que cumpriu todos os compromissos e afirma ter investido US$ 632 milhões, quando a exigência era de US$ 180 milhões.

A empresa classificou a atitude do governo de ‘eminentemente política, no marco da campanha de perseguição oficial contra a empresa’.

O governo argentino e o Grupo Clarín estão em atrito desde meados de 2008, quando os órgãos de imprensa do conglomerado passaram a adotar tom crítico à administração. A cobertura do conflito entre Cristina e o agronegócio desagradou o governo, que acusa o Clarín de insuflar a população.

Na semana passada, o Clarín já obtivera sentença que declara inconstitucionais dois artigos da Lei de Serviços audiovisuais promulgada em outubro, que obrigará o grupo a se desfazer de parte de seus negócios.’

 

TELEVISÃO
Sílvia Corrêa

Sarah Oliveira vai lançar TV na web

‘Sarah Oliveira, 30, estará na tela da TV no Natal e no Ano Novo. Ela é a última apresentadora desta temporada do ‘Superbonita’ (GNT) e comanda o Réveillon da Globo. Mas, em 2010, a novidade de sua carreira deve acontecer mesmo em outra tela: a do computador.

A ex-VJ e ex-’Vídeo Show’ vai criar um canal de vídeos no site Colherada Cultural (www.colheradacultural.com.br), que lançou em agosto com oito amigas da pós-graduação em jornalismo cultural.

Cada uma cuida de um assunto. Fazem tudo sozinhas e de graça. Mas a dedicação dá frutos: segundo o Google Analytics, elas recebem 50 mil visitas por mês.

A ideia do TV Colherada veio com o sucesso dos questionários com personalidades feitos no site, com uma câmera digital: o de Marcelo Tas foi visto 23 mil vezes no YouTube.

Agora, elas querem fazer programas sobre assuntos culturais. ‘Somos independentes mesmo. Se não rolar patrocínio, vou colocar a minha grana’, diz Sarah. Mas empresas de higiene e de telecomunicação já sondaram as ‘colheres’ -como as amigas se chamam.

O contrato de Sarah com a Globo acaba em fevereiro. Ela chegou a fazer uma ponta em ‘Viver a Vida’, mas diz que não planeja ser atriz. Quer renovar para fazer reportagens mesmo. Até lá, vai metendo a colher.

PODER PARALELO

O protagonista Tony (Gabriel Braga Nunes) vai levar um tiro de fuzil no peito em ‘Poder Paralelo’ (Record). Bruno (Marcelo Serrado), o mandante do crime, diz que vai matá-lo no hospital, caso ele resista… a um tiro de fuzil! Previsto para o dia 1º.

RECORD RURAL

Não foi exatamente um programa de ação: o pay-per-view de ‘A Fazenda’ (Record) passou toda a tarde de quinta-feira mostrando imagens das ovelhas dormindo e comendo. À noite, mudou para a baia da vaca.

‘ÍDOLOS’ SEM FAMA

Ainda na Record: a final de ‘Ídolos’ deu um ponto a menos no Ibope do que a edição anterior -12 a 13. Na estreia do reality no Brasil -no SBT, em 2006-, o confronto final marcou 16 pontos.

VENDE-SE TUDO

Às vésperas do Natal, a Globo começou a vender no portal Globo Marcas os produtos da novela das seis, ‘Cama de Gato’. O escapulário de Rose (Camila Pitanga) custa R$ 129,90.

STAR WARS

O Cartoon Network vai exibir a animação ‘Star Wars: A Guerra dos Clones’ colocando na tela mensagens de texto com bastidores da produção e dados da biografia dos personagens. A partir de 5 de janeiro.

REALITY GRAVADO

Terminaram as gravações do reality ‘Solitários’ (SBT). Deve ir ao ar em fevereiro.’

 

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A mascote do tapete vermelho

‘Ela tem 20 anos e um currículo de dar inveja a muito cinéfilo. Já esteve com Jane Fonda, Robert Downey Jr., Chevy Chase, Warren Beatty, Diane Keaton etc.

Paulista e estudante de cinema da renomada Universidade Sorbonne, Giovana Gasparini chama a atenção de quem sintoniza o MGM: é a única repórter num canal de filmes. Hoje à noite, por exemplo, estará na transmissão do 4º Prêmio Contigo! de Teatro, no MGM HD.

‘A Giovana é o reflexo de uma nova geração de telespectadores’, diz Marcello Coltro, vice-presidente do MGM. ‘Quando o canal passou a exibir programas exclusivos e filmes recentes, o perfil do assinante mudou de 35 a 55 anos para de 18 a 45 anos.’

A experiência começou há pouco mais de um ano. Desde então, Giovana já cobriu dois Life Achievement Awards e um Emmy -muitas vezes, ‘tremendo nas juntas’. ‘Não foi fácil entrevistar pessoas com as quais eu nunca imaginei estar’, admite Giovana.

No tapete vermelho, porém, a beleza, a pouca idade e as roupas arrojadas têm feito, muitas vezes, com que ela passe de espectadora a atração. ‘É comum eu dar entrevistas a jornalistas estrangeiros ou tirar fotos com eles. Virei uma espécie de ‘media darling’, diz ela, rindo da autoanálise.

A contratação pelo MGM é, até agora, o pico de uma carreira artística precoce. Aos nove anos Giovana entrou no canto lírico. Aos 12, no teatro. Foi solista em óperas, fez peças e várias propagandas. Aos 17 anos, decidiu estudar no exterior. E entrou na Sorbonne.

Quer mais? ‘Sim. Volto para o Brasil em maio, quando termino a faculdade, mas não sei o que vai ser. Que eu iria estar aqui [em Paris], eu não sabia. Que iria a Los Angeles, não sabia. Minha vida sempre foi acontecendo assim.’ com CLARICE CARDOSO’

 

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