Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Folha de S. Paulo

ELEIÇÕES 2010
Mauro Paulino e Alessandro Janoni

Palco da TV explica disparada de Dilma

Em um mês, o cenário da disputa pela Presidência da República sofreu alterações importantes. Estável desde maio, com o empate entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), o quadro passou a apontar nova tendência há uma semana.

A ex-ministra de Lula disparou na liderança e passou a figurar como grande favorita, com possibilidade de vitória já no primeiro turno.

Como já demonstrado pelo Datafolha, o papel de Lula foi essencial para a evolução de sua pupila, mas é impossível negar a força de mais uma protagonista nesse roteiro.

A TV prova mais uma vez seu poder de alcance e penetração nos mais diversos estratos da população brasileira, inclusive naqueles onde o acesso à informação é raro.

Oficializadas as candidaturas, a cobertura das eleições na mídia, especialmente na TV, se intensificou.

A agenda dos candidatos, entrevistas em programas de grande audiência e o início do horário eleitoral atingiu segmentos que até então encontravam-se distantes do processo eleitoral.

Para ilustrar o peso da TV na composição do voto do brasileiro, pesquisa Datafolha feita há um mês mostrou que 88% dos eleitores costumam utilizá-la para se informar sobre os candidatos.

A segunda mídia mais acessada para este fim são os jornais, só que com uma participação bem menor 54%.

Ainda na mesma pesquisa, se tivessem que escolher apenas um meio para acompanhar a eleição, 61% dos brasileiros optariam pela TV.

Mais interessante do que observar esse resultado no total da amostra é verificá-lo nos subconjuntos nos quais Dilma mais cresceu. Entre os habitantes do Nordeste de baixa renda, por exemplo, os que se informam exclusivamente pela TV são 71%.

A taxa de indecisos na região caiu cinco pontos, igualando-se à média nacional.

A petista, na avaliação dos entrevistados, foi a candidata de melhor desempenho no horário eleitoral até aqui. Entre os que já assistiram ao programa, a vantagem da ex-ministra sobre o tucano é de 24 pontos percentuais. Entre os que ainda não o fizeram, ela cai para 13 pontos.

O registro histórico do momento exato em que variáveis relevantes -como a cobertura da TV e o horário eleitoral- passam a agir sobre a composição do voto é essencial para a compreensão do contexto em que as mudanças ocorreram. A pesquisa do Datafolha divulgada hoje representa mais um fotograma do filme desta eleição, tendo a TV como principal difusor.

 

Bernardo Mello Franco e Plínio Fraga

Marina vai usar imagem de Lula em propaganda

A exemplo de José Serra (PSDB), a presidenciável Marina Silva (PV) vai explorar a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na propaganda eleitoral na TV.

Os verdes usarão cenas de arquivo em que os dois aparecem lado a lado, no período em que a candidata ocupou o ministério do Meio Ambiente, entre 2003 e 2008.

A campanha também estuda levar ao ar uma comparação das biografias da senadora e do presidente, para vender a ideia de que ela teria mais semelhanças com Lula do que Dilma Rousseff (PT).

Segundo um assessor próximo, essa opção já foi testada, mas ainda não há acordo para exibi-la ou não no horário eleitoral gratuito.

A repercussão negativa do programa de Serra levou parte da campanha a defender um uso mais moderado da imagem presidencial. Há temor de que Marina seja acusada de pegar carona indevida no prestígio de Lula.

No Rio, a candidata citou a ligação histórica com o presidente, mas prometeu não abusar de sua imagem na TV. ‘Minha história durante 30 anos foi ligada ao presidente Lula. Por cinco anos, fui sua ministra. A história revela esse ponto de contato’, disse.

‘No que, sem ferir o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), for necessário colocar, não vejo porque aviltar a história. Mas terei todo o cuidado de não ser oportunista e não vou fazer uso indevido da imagem de quem quer que seja’.

Marina não quis comentar o programa de Serra. Na quinta-feira, o PV já ressaltou a participação dela no ‘governo Lula’, mas não exibiu imagens dele.

A candidata foi ao Congresso Brasileiro de Jornais e assinou a Declaração de Chapultepec, em defesa da liberdade de expressão. Serra e Dilma assinaram na véspera.

Avesso do avesso

Tentativa do tucano José Serra de se associar a Lula na propaganda eleitoral é mais um sinal da profunda crise vivida pela oposição

Pode até ser que a candidatura José Serra à Presidência experimente alguma oscilação estatística até o dia 3 de outubro. E fatores imprevisíveis, como se sabe, são capazes de alterar o rumo de toda eleição. Não há como negar, portanto, chances teóricas de sobrevida à postulação tucana.

Do ponto de vista político, todavia, a campanha de Serra parece ter recebido seu atestado de óbito com a divulgação da pesquisa Datafolha que mostra uma diferença acachapante a favor da petista Dilma Rousseff.

A situação já era desesperadora. Sintoma disso foi o programa do horário eleitoral que foi ao ar na quinta-feira no qual o principal candidato de oposição ao governo Lula tenta aparecer atrelado… ao próprio Lula.

Cenas de arquivo, com o atual presidente ao lado de Serra, visaram a inocular, numa candidatura em declínio nas pesquisas, um pouco da popularidade do mandatário. Como se não bastasse Dilma Rousseff como exemplar enlatado e replicante do ‘pai dos pobres’ petista, eis que o tucano também se lança rumo à órbita de Lula, como um novo satélite artificial; mas o que era de lata se faz, agora, em puro papelão.

Num cúmulo de parasitismo político, o jingle veiculado no horário do PSDB apropria-se da missão, de todas a mais improvável, de ‘defender’ o presidente contra a candidata que este mesmo inventou para a sucessão. ‘Tira a mão do trabalho do Lula/ tá pegando mal/… Tudo que é coisa do Lula/ a Dilma diz/ é meu, é meu.’

Serra, portanto, e não Dilma, é quem seria o verdadeiro lulista. A sem-cerimônia dessa apropriação extravasa os limites, reconhecidamente largos, da mistificação marqueteira.

A infeliz jogada se volta, não contra o PT, Lula, Dilma ou quaisquer dos 40 nomes envolvidos no mensalão, mas contra o próprio PSDB, e toda a trajetória que José Serra procurou construir como liderança oposicionista.

Seria injusto atribuir exclusivamente a um acúmulo de erros estratégicos a derrocada do candidato. Contra altos índices de popularidade do governo, e bons resultados da economia, o discurso oposicionista seria, de todo modo, de difícil sustentação em expressivas parcelas do eleitorado.

Mais difícil ainda, contudo, quando em vez de um político disposto a levar adiante suas próprias convicções, o que se viu foi um personagem errático, não raro evasivo, que submeteu o cronograma da oposição ao cálculo finório das conveniências pessoais, que se acomodou em índices inerciais de popularidade, que preferiu o jogo das pressões de bastidor à disputa aberta, e que agora se apresenta como ‘Zé’, no improvável intento de redefinir sua imagem pública.

Não é do feitio deste jornal tripudiar sobre quem vê, agora, o peso dos próprios erros, e colhe o que merece. Intolerável, entretanto, é o significado mais profundo desse desesperado espasmo da campanha serrista.

Numa rudimentar tentativa de passa-moleque político, Serra desrespeitou não apenas o papel, exitoso ou não, que teria a representar na disputa presidencial. Desrespeitou os eleitores, tanto lulistas quanto serristas.

 

TSE confirma multa a jornal de Minas por propaganda antecipada

O TSE confirmou anteontem, por unanimidade, multa de R$ 7.000 contra o jornal ‘Estado de Minas’ por propaganda eleitoral antecipada. A primeira decisão havia sido proferida em julho pela ministra Nancy Andrighi.

Foi a primeira e até agora única multa que o TSE aplicou a um jornal sob a alegação de promoção de um candidato à Presidência da República.

Agora, cabem apenas recursos técnicos, chamados de embargos de declaração.

A multa foi aplicada a pedido do Ministério Público Eleitoral, para quem reportagem publicada pelo jornal em 10 de abril deste ano fez campanha antecipada em favor de José Serra (PSDB) sob o pretexto de divulgar jornalisticamente material publicitário produzido para o lançamento da pré-campanha do tucano.

Segundo o jornal, a reportagem era informativa, ‘amparada no direito de liberdade de informação e comunicação, garantido pela Constituição’.

Para a ministra, o jornal publicou fotografia de banners eleitorais, ‘verdadeiros anúncios de propaganda eleitoral’, ‘em cores e formato próprios de propaganda paga’.

 

CONGRESSO DE JORNAIS
Claudia Antunes

ANJ negocia acordo com sites de busca

A ANJ (Associação Nacional de Jornais) está negociando com sites agregadores de informação, como Google e Yahoo!, medidas que estimulem os internautas a buscar as notícias diretamente nas páginas on-line dos veículos que as produziram.

O anúncio foi feito no último dia do 8º Congresso Brasileiro de Jornais, no Rio, pela presidente da entidade e diretora-superintendente do Grupo Folha, Judith Brito, em meio ao debate sobre como garantir o reconhecimento dos direitos autorais e a remuneração do conteúdo de empresas jornalísticas reproduzido por terceiros na web.

Segundo Brito, as negociações estão adiantadas com o Google News e devem ter resultados práticos até o fim deste ano. As medidas incluem a redução do tamanho dos textos exibidos nesses sites e o aperfeiçoamento dos critérios de indexação.

Também está sendo negociada a remuneração dos jornais por meio da colocação de anúncios nas páginas resultantes de buscas de notícias. Além disso, a ANJ estuda criar loja virtual para produtos digitais de associados.

‘Nossa meta é buscar formas adequadas de remuneração de nossos conteúdos, para que o jornalismo de qualidade continue a desempenhar o papel que tem e sempre teve em sociedades democráticas’, disse, ao abrir a mesa que discutiu ‘o futuro da mídia digital’.

Os participantes da mesa deixaram claro que os jornais e essas empresas estão longe do entendimento completo.

O presidente da Associação Mundial de Jornais, Gavin O’Reilly, conclamou os jornais a não esquecer de que ‘conteúdo ainda é rei’ no jornalismo. Ser capaz de ganhar com ele ‘é fundamental para sobreviver’.

Por isso, disse, deve haver cobrança ativa do pagamento dos direitos autorais do material das empresas jornalísticas, como prevê a Declaração de Hamburgo, proposta por publishers europeus e assinada em 2009 pela ANJ.

Segundo O’Reilly, 1.600 jornais do mundo já adotaram o ACAP (sigla em inglês para Protocolo de Acesso Automático a Conteúdo), espécie de código de barra que pode ser lido por computadores de busca e distingue material passível ou não de ser reproduzido sem permissão. A intenção é levar os sites agregadores a negociar o uso de parte do conteúdo.

‘Não significa sempre que precisam abrir o talão de cheques. Mas têm que pedir permissão. Se não o fizerem, vão encontrar cada vez mais conteúdo fechado’, afirmou.

Os representantes do Yahoo! e do Google não confrontaram diretamente a legitimidade de cobrança de direitos autorais. Mas disseram que os jornais precisam fazer mais para conquistar um leitor que hoje tem mais opções.

‘A busca relacionada à notícia visa facilitar o acesso das pessoas, não se apropriar do conteúdo. Qualquer um que não queira ser incluído pode nos procurar’, disse André Izay, presidente do Yahoo! Brasil.

Rodrigo Velloso, diretor do Google para novos negócios na América Latina, afirmou: ‘Demonizar o Google está na moda, como já aconteceu com a Microsoft. Estamos abertos a discutir direitos autorais, mas vamos trabalhar juntos quando convier aos dois lados’.

O’Reilly avaliou que o momento do acerto vai chegar e condenou o que descreveu como tática dos sites de escolher alguns veículos para negociar. ‘Se eles respeitam o direito autoral, vão ouvir o que as empresas estão dizendo, que precisa haver um diálogo e que não temos só que aceitar o que impõem.’

 

Criação de conselho de autorregulamentação tem apoio de grupos de mídia

A criação do conselho de autorregulamentação dos jornais proposta pela diretoria da ANJ (Associação Nacional de Jornais) tem apoio dos principais grupos de mídia impressa do país e é considerada um modo de evitar qualquer controle externo.

O conselho de autorregulamentação terá por base código de ética do Estatuto da ANJ, segundo o diretor-presidente do grupo de comunicação RBS, Nelson Sirotsky.

Entre os compromissos das empresas jornalísticas listados no código estão a defesa da liberdade de expressão, dos direitos humanos, da democracia e da livre iniciativa, o sigilo das fontes de informação, a pluralidade de opinião e a correção de erros cometidos nas edições.

Segundo o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, as empresas que se associam à entidade -146 jornais- aderem a esse código. ‘O que estamos discutindo é como torná-lo mais efetivo junto aos nossos associados, que mecanismos criar para ter uma adesão maior ao código.’

Para Sirotsky, o conselho é um passo decisivo para ‘sepultar qualquer outra tentativa de criação fora do nosso ambiente que possa prejudicar, violentar o exercício sagrado da nossa atividade, seja enquanto profissionais de jornalismo, seja enquanto empresas jornalísticas.’

Na avaliação de Marinho, o controle externo poria em risco a atividade jornalística.

A presidente da ANJ, Judith Brito, reeleita ontem para mandato de mais dois anos, afirmou que o conselho vai examinar as demandas encaminhadas pela sociedade de práticas que estejam em desacordo com o código de ética da associação.

A ideia inicial é estabelecer sanções que possam ir de advertência até a desfiliação do jornal. Uma comissão interna está sendo montada para estruturar o modelo do conselho, que teria sete membros e participação de jornalistas e de representantes da sociedade.

O presidente da Aner (Associação Nacional de Editoras de Revistas), Roberto Muylaert, propôs que a discussão seja conduzida em conjunto pelas entidades.

A criação do conselho foi aprovada no âmbito da diretoria da ANJ, mas sua implantação terá de ser aprovada pelos associados, em assembleia. Segundo Sirotsky, o processo deve estar concluído até o final do ano.

CRÍTICAS

No debate sobre o tema ontem, no 8º Congresso Brasileiro de Jornais, o editor de opinião de ‘O Globo’, Aluizio Maranhão, revelou preocupação ‘com o imenso teor de subjetividade’ da avaliação do produto jornalístico.

Para Maranhão, não é possível comparar o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, do qual é membro, com o que será criado para os jornais.

‘A duvida é que entre os bons propósitos e a vida real, no exercício da autorregulação, há uma distância grande. Acho importante despertar a fera, mas talvez devamos discutir mais como fazer isso. O risco é amanhã a associação ser acusada de ser refratária às criticas. Virão as ONGs, os grupos políticos organizados. Cada demanda terá que ter uma resposta.’

Sidnei Basile, vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Abril e vice-presidente da Aner, declarou que é preciso ‘ocupar o espaço jurídico’ após a queda da Lei de Imprensa. ‘É mais ou menos como carregar uma carga de dinamite. Dá para ser feito, mas com enorme cuidado. O risco é imenso.’

 

Judith Brito é reconduzida à frente da ANJ

A ANJ decidiu, por aclamação, reconduzir Judith Brito, 52, diretora-superintendente do Grupo Folha, ao cargo de presidente da entidade para o biênio 2010-2012. Formada em Administração Pública pela FGV e com mestrado em Ciência Política na PUC-SP, Judith Brito trabalha há 20 anos no Grupo Folha.

 

PUBLICIDADE
Propaganda do McDonald’s com Asterix irrita franceses

Um novo anúncio publicitário do McDonald’s, com o gaulês Asterix comendo hambúrguer e batata frita, causou indignação nos fãs da história em quadrinhos na França. Eles consideraram a propaganda um insulto contra o patrimônio nacional.

Um outdoor mostra o gaulês e seus amigos fazendo seu tradicional banquete na rede de fast food, com o bardo Cacofonix amarrado, como sempre, a uma árvore.

‘Meu herói de infância sacrificado como um javali! O que vem depois? Tintin comendo no Subway?’, questionou um blogueiro com o apelido de ‘sirchmallow’.

‘Que irônico, o invencível gaulês fazendo propaganda para os invasores’, dizia outro comentário no Twitter.

Asterix, cujas lutas contra invasores romanos foram publicadas pela primeira vez em 1959, é geralmente tido como um emblema do espírito rebelde francês.

Ao lado de seu jovial companheiro Obelix, ele ainda é um dos mais amados personagens de quadrinhos no país, e seus livros venderam cerca de 325 milhões de cópias em todo o mundo.

O anúncio com Asterix é 1 de 3 criados para o McDonald’s pela agência Euro RSCG, intitulada ‘Venha como você for’.

Os outros trazem Cinderela chegando ao drive-thru em uma abóbora, e o assassino mascarado da série ‘Pânico’ comendo um Big Mac.

O McDonald’s é frequentemente alvo do sentimento antiamericano na França e é visto por muitos como símbolo da ameaça à cultura e à culinária imposta pela globalização e pela junk food (rica em calorias, mas de baixa qualidade nutritiva).

Em 1999, manifestantes destruíram uma loja da rede no sul da França, e despejaram o entulho na porta da prefeitura da cidade.

Não é a primeira vez, porém, que Asterix sucumbe ao capitalismo. Em 2001, com o lançamento do filme ‘Asterix e Cleópatra’, o McDonald’s o ‘contratou’ para substituir Ronald McDonald em sua campanha de marketing.

 

MERCADO
Júlio Veríssimo

Manual destaca persistência para entrar em uma Redação

Uma das lacunas existentes nos cursos de jornalismo ainda é, sem dúvida, mostrar o caminho das pedras aos universitários para aquele momento tão esperado: a hora de enfrentar a selva do mercado de trabalho e como se dar bem nele.

Como identificar uma oportunidade de emprego? Como preparar o currículo? Que roupa usar numa entrevista, quando, além do conhecimento, até a postura de um candidato é avaliada? São perguntas que ouvimos constantemente de jovens jornalistas.

As respostas para essas e outras questões podem ser encontradas em ‘A Vaga É Sua – Como Se Preparar para Trabalhar em Jornalismo’, de Ana Estela de Sousa Pinto (editora de Treinamento da Folha) e Cristina Moreno de Castro (repórter de Cotidiano e colaboradora do blog ‘Novo em Folha’).

O livro não é um curso rápido de etiqueta profissional nem exibe fórmulas mágicas para ajudar a atuar no jornalismo a driblar bancas exigentes ou testes. Trata-se de um manual com orientações preciosas para quem pretende obter uma vaga num mercado tão concorrido.

No capítulo 8, por exemplo, há dicas para preparar um currículo e, principalmente, do que ele não deve ter. Oferece até modelos.

Nenhum editor, afinal, tem tempo a perder para ler a história da sua vida. Nem é esse o objetivo.

Outra informação importante está no capítulo 9, ‘As seleções nos grandes veículos’: o leitor verá o método de seleção dos principais veículos de comunicação do país. Um bom começo.

Na verdade, em pouco mais de 160 páginas, numa linguagem simples e direta, Ana e Cristina contam que, antes de tudo, é preciso se preparar -e bem- para a atividade de redator, repórter ou até mesmo free-lance.

E que, ainda no banco escolar, deve aproveitar todas as oportunidades possíveis de aprimoramento.

TRANSPIRAÇÃO

Como tudo na vida, o primeiro passo é ‘traçar um plano, um objetivo’. A partir daí, transpirar muito -receita de jornalistas calejados no dia a dia das Redações.

Nessa ‘transpiração’ está embutido um hábito que, infelizmente, não tem sido praticado por estudantes das universidades: a leitura.

Em vários momentos do livro, as autoras ressaltam a importância de ler, principalmente jornais. E têm razão.

Ler um livro, um jornal ou uma revista tornou-se uma atividade secundária, pasmem, até para alunos de jornalismo. E essa atitude é inadmissível para quem pretende ser justamente um contador de histórias.

‘A Vaga É Sua’ também traz em suas páginas pequenas entrevistas com jornalistas que contam como foram seus primeiros passos e como quebraram as primeiras pedras no início da carreira.

Mas a publicação não é apenas para quem pretende ingressar numa redação. Como escreveram as autoras, ‘no fundo, este livro é menos sobre jornalismo e mais sobre força de vontade, reflexão, foco, entusiasmo e envolvimento’.

E, como elas ressaltaram, ‘nenhuma escolha é definitiva. Nunca é tarde para voltar atrás ou recomeçar’. Boa leitura e boa sorte na busca por uma vaga.

A VAGA É SUA

AUTORAS Ana Estela de Sousa Pinto e Cristina Moreno de Castro

EDITORA Publifolha

QUANTO R$ 29,90 (176 págs.)

 

TECNOLOGIA
Assinante da ‘People’ pode ler grátis no iPad

Até então, os assinantes tinham que pagar para poder ter acesso à revista no aparelho da Apple. Outras revistas do grupo Time (como ‘Times’ e ‘Sports Illustrated’) devem seguir o mesmo modelo. A Apple tem vetado a venda de assinatura de revistas por meio da sua loja virtual.

 

TELEVISÃO
Vitor Moreno

Juliana Paes estreia como apresentadora de reality

Na porta do estúdio, seis modelos esperam para uma visita inusual ao salão de beleza. Mesmo sendo as ‘clientes’, não podem opinar no corte, no penteado ou na cor.

Elas serão as cobaias dos participantes de ‘Por um Fio’, competição de cabeleireiros que estreia em setembro. E tudo bem passar por uma transformação sem ter noção do resultado? ‘Desde que seja para melhor’, avisa uma delas, Fabiana Viana.

A Folha acompanhou um dia de gravação do reality show, primeira incursão do canal pago GNT na adaptação de formatos estrangeiros. Enquanto espera as modelos serem transformadas em musas do cinema, Juliana Paes, de bobes no cabelo e sem o salto que usava na gravação, acompanha ansiosa o trabalho dos participantes.

TRANÇA

‘Dá vontade de ter uma boneca para ver se eu sei fazer esse cabelo’, conta. ‘Ninguém pode ir lá dar um palpite para ela tirar essa trança?’, inquieta-se, pouco depois. Segundo a atriz, que estreia como apresentadora, o que chamou sua atenção no projeto foi o fato de ele tratar de um assunto que sempre fez parte do cotidiano dela.

‘Não existe mulher que não goste de falar de cabelo, de beleza, de maquiagem… Eu sou vaidosa desde que eu me entendo por gente’, diz.

Para ela, a ligação com o mundo dos cabelos ficou maior ainda quando a família abriu um salão de beleza. Grávida de cinco meses, Juliana diz que o único cuidado nas gravações foi com o figurino. ‘A intenção não foi esconder, mas ficar uma grávida apresentável’, brinca. O ‘Por um Fio’ é uma versão do americano ‘Shear Genius’, exibido no Brasil pelo canal pago Liv como ‘Descabelados’. O programa é comandado atualmente pela brasileira Camila Alves.

Responsável pela direção do programa, Roberto D’Ávila, da produtora Moonshot, acredita que a versão nacional foge do estilo ‘quadradinho’ da americana. Além de Juliana, o programa é comandado por Tiago Parente, responsável pelas madeixas de estrelas como Luiza Brunet, e tem dois jurados fixos, os especialistas Ricardo dos Anjos e Wanda Alves, e um convidado. Segundo a produtora Fernanda Cortez, da Contente Entretenimento, a versão segue a cartilha da americana, mas com provas novas.

Outra diferença será a duração -lá fora dura uma hora, enquanto aqui tem meia. Além disso, em algumas provas a opinião do ‘cliente’ contará no resultado. Não foi o que ocorreu no dia da visita da Folha. Mesmo assim, as modelos gostaram do novo visual.

NA TV

Por um Fio

Estreia

QUANDO sexta, 24 de setembro, no GNT

CLASSIFICAÇÃO não informada

 

Laura Mattos

SBT tem de pagar R$ 1,4 mi a autor de ‘Silvio Santos Vem Aí’

‘Do mundo não se leva nada, vamos sorrir e cantar.’

Com essa letra, ironia do destino, o jingle ‘Silvio Santos Vem Aí’ se envolveu em uma disputa judicial que acaba de ser encerrada com um valor milionário.

Perto de fazer 80 anos, o compositor Archimedes Messina conseguiu derrotar na Justiça o apresentador Silvio Santos, seu antigo colega da Rádio Nacional, para quem compôs, em 1965, a música que se tornou tão famosa.

Na última quarta-feira, o juiz Sidney da Silva Braga, da 18ª Vara Cível do Fórum Central de São Paulo, decidiu que o SBT deve pagar a Messina R$ 1,4 milhão de indenização por danos materiais.

Na sentença, o magistrado afirmou que o valor representa 1% do que ele calcula, com base em tabelas do mercado publicitário, que o SBT tenha lucrado com o jingle.

Há ainda indenização de 500 salários mínimos por danos morais e R$ 359 mil de multa por veicular o jingle após a proibição pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.

O SBT não poderá mais recorrer da decisão, apenas contestar o valor. E é isso o que fará, de acordo com a assessoria de imprensa.

Messina, que há quase dez anos recebeu a Folha em sua casa, na serra da Cantareira (zona norte de SP), para falar sobre o processo, ontem não atendeu ao telefone.

Sua advogada, Maria Eliane Rise Jundi, disse que ele está evitando falar sobre o assunto, com medo de se emocionar demasiadamente.

Em 2001, Messina disse à Folha nunca ter recebido pela execução de seu jingle.

À época, acreditava que Silvio Santos não sabia do processo. ‘Tenho certeza de que, se ele soubesse que não estou recebendo, pagaria na hora’, imaginava.

NÃO VEM AÍ

O SBT também segue proibido de veicular o jingle. Se o fizer, de acordo com a decisão de última quarta-feira, pagará multa de R$ 1.000 para cada execução.

A advogada de Messina disse acreditar que deverá demorar um ano para que os valores sejam acertados.

Enquanto o SBT recorrerá para diminuir a indenização, Jundi tentará aumentá-la. Calcula que Messina receberá perto de R$ 3 milhões.

 

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