Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Folha de S. Paulo

REGULAÇÃO
Hélio Bicudo

A criação de conselhos de comunicação estaduais é uma forma de restrição da mídia?

Sim – Liberdade de expressão

A liberdade de expressão, que tem na imprensa sua melhor qualificação, não é vista com bons olhos por quantos se sentem intocáveis no exercício da função pública.

Quando os ventos autoritários se fazem sentir, violando os direitos fundamentais da pessoa humana, o primeiro a ser descartado é o da liberdade de expressão, buscando cerceá-la para que a verdade seja ocultada da sociedade civil, embalada pela mentira.

Tivemos episódios na América Latina que bem demonstram o mal-estar de governantes que, embora eleitos inicialmente segundo as normas democráticas, não conseguem aceitar, mínimas que sejam, críticas a seu modo de atuar.

É o que se viu na ditadura Fujimori no Peru e que reaparece em países de nosso hemisfério, alguns deles claramente agindo contra a liberdade dos meios de comunicação e outros, como é o caso do Brasil, procurando, sorrateiramente, o mesmo resultado, mediante o sofisma da ‘democratização da mídia’.

Das críticas à imprensa escrita, falada e televisiva, diante da dificuldade encontrada pela União em agir segundo um claro sistema de censura, a incumbência passa, numa primeira etapa, aos Estados governados pelo PT.

É o caso do Ceará, que já elaborou lei fiscalizadora e que está sendo seguido por Alagoas, Piauí e Bahia, nos quais se pretende constituir conselhos para atuar no controle dos órgão de comunicação, como se isso devesse ocorrer em benefício do povo.

Ora, basta ler a Constituição, quando trata dos direitos fundamentais, para constatar, no seu artigo quinto, a imposição da inviolabilidade do direito de expressão, independentemente de censura ou de licença.

Acrescente-se que a Constituição impõe a punição a qualquer discriminação atentatória contra os direitos e liberdades fundamentais (inciso XLI do citado artigo quinto).

Na verdade, o reconhecimento dos direitos fundamentais é, sem dúvida, o elemento básico para a realização do princípio democrático. Na lição de Gomes Canotilho, constitucionalista português de notável saber, qualquer que seja a compreensão que se queira atribuir ao princípio democrático, parece inequívoco que, dentre outros, o exercício democrático do poder implica o livre exercício do direito de liberdade de expressão, que é, ao lado de outros, constitutivo do próprio princípio democrático.

Vai daí que, no ensinamento de Hans Kelsen, na ideia de democracia há dois postulados, considerados primordiais do ser social: a reação contra a coerção resultante do estado de sociedade e o protesto contra o tormento da heteronomia, ou seja, a submissão de tício a terceiro.

Desde que concretizados os conselhos estaduais de real censura à mídia, que se irão multiplicar segundo as imposições do poder central, passar-se-à à regulamentação deles pelo governo federal, sob o pretexto de uniformiza-los.

É, sem dúvida, a estratégia de impor censura aos meios de comunicação e, em especial, à imprensa, ideia que fora enunciada pela Confecom (Conferência Nacional de Comunicação) em 2009, por convocação do governo Lula.

É preciso, pois, que a vigilância pela sociedade civil não se deixe esmorecer diante da euforia que o desenlace eleitoral possa ensejar a este ou àquele, mas continue mostrando que não se conforma com aventuras antidemocráticas.

HÉLIO BICUDO, 88, advogado, é presidente da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). Foi vice-prefeito do município de São Paulo (gestão Marta Suplicy) e deputado federal pelo PT-SP (1990-94 e 1995-98).

 

Bia Barbosa, Jonas Valente, Pedro Caribé e João Brant

A criação de conselhos de comunicação estaduais é uma forma de restrição da mídia?

Não – Conselhos fortalecem a democracia

A aprovação do Conselho Estadual de Comunicação pela Assembleia Legislativa do Ceará foi a senha para uma nova ofensiva da mídia comercial contra a regulamentação do setor e iniciativas análogas em debate em outros Estados.

O argumento é o de que os conselhos seriam órgãos de censura da mídia pelo governo.

A afirmação confunde e esconde o objetivo real dessas estruturas, que já existem em áreas vitais para o desenvolvimento, como saúde e educação, garantindo a participação da população na elaboração das políticas públicas para tais setores e a fiscalização da prestação do serviço público de acordo com a legislação.

Ao contrário do que bradam os grupos de comunicação, e até mesmo a OAB, os conselhos visam a ampliação do exercício da liberdade de expressão, e não sua restrição; portanto, nada têm de inconstitucionais. Não se trata de censurar conteúdos, muito menos de definir a atuação da imprensa.

Ao criá-los, os Estados não definem novas regras para a radiodifusão, o que seria prerrogativa da União, mas apoiam a aplicação dos princípios constitucionais e leis já existentes, muitas vezes ignorados por concessionárias de rádio e TV.

Os conselhos tratam das políticas estaduais, como o desenvolvimento da precária radiodifusão pública e comunitária local, o acesso da população à banda larga, e de critérios democráticos de distribuição das verbas publicitárias governamentais, feitas, em geral, de forma pouco transparente.

Em parceria com o Poder Executivo federal, podem ainda, por exemplo, fazer audiências para ouvir a população no momento de renovação de uma outorga de TV. Ou encaminhar ao Ministério Público denúncias de discriminação, que se multiplicam em programas policialescos exibidos à luz do dia.

Assim, os conselhos nada mais são do que espaços para a sociedade brasileira, representada em sua diversidade, participar da construção de políticas públicas de comunicação, acompanhar a prestação desse serviço e cobrar das devidas instâncias a responsabilização por violações das regras do setor.

Tratar a legítima reivindicação da população de se fazer ouvir nesses processos como ameaça à liberdade de imprensa é movimento daqueles que, pouco afeitos à sua responsabilidade social, querem manter privilégios em um campo marcado pela concentração de propriedade, homogeneização cultural e desrespeito à legislação.

O que a sociedade reivindica é justamente o exercício direto da liberdade de expressão por todos os segmentos, e não apenas pelos poucos que detêm o controle dos meios e impõem suas ideias à opinião pública como se fossem porta-vozes de uma diversidade que ignoram e omitem. Essa é a real censura à liberdade de expressão no país.

Ao questionar esse modelo, a Conferência Nacional de Comunicação, que reuniu milhares de representantes de organizações sociais, governos (não apenas o federal) e empresários que compreenderam a importância do debate democrático com a população, aprovou, em votação quase unânime, a criação de um conselho nacional e de conselhos estaduais.

Infelizmente, a cobertura sobre o tema tem distorcido as propostas e censurado visões favoráveis aos conselhos, o que comprova que setores dos meios de comunicação interditam o debate quando ele toca em seus interesses comerciais.

É sintomático que aqueles que se arvoram no papel de informar censurem o contraditório e defendam um ambiente desprovido de obrigações legais e mecanismos de fiscalização. A regulação da comunicação está consolidada em todas as democracias como baliza de Estados efetivamente plurais.

Se nesses países, com sistemas de comunicação mais desenvolvidos, iniciativas como essa não são consideradas ameaças à liberdade de expressão, por que aqui deveriam ser?

BIA BARBOSA , 33, JONAS VALENTE, 29, PEDRO CARIBÉ, 27, e JOÃO BRANT, 31, são integrantes do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

 

ELEIÇÃO 2010
Nelson de Sá

Propaganda perde protagonismo para imprensa e internet

A estratégia autônoma das campanhas presidenciais para o horário eleitoral, neste ano, durou duas semanas.

Começou com a onipresença de Lula, vinculado nos programas tanto a Dilma Rousseff quanto a José Serra.

Em pouco tempo se evidenciou a ampla transferência de votos para a primeira, e o jogo mudou. O tucano passou a vincular a petista a José Dirceu e ao mensalão.

A partir de setembro, as duas campanhas foram levadas a reboque pela cobertura dos escândalos, a primeira procurando responder, a segunda buscando potencializar. A quebra do sigilo fiscal da filha de Serra marcou a mudança. E a resposta de Dilma veio por meio de Lula.

Mas foi limitado o efeito desta primeira ‘bala de prata’, com as pesquisas apontando alta da petista.

A segunda não demorou, com o escândalo da Casa Civil, que facilitou a vinculação com Dilma, em inserção tucana que a associava a Erenice Guerra e Dirceu.

Já era evidente que tanto na cobertura como na propaganda a campanha passaria ao largo de propostas de governo, temas econômicos etc. O conflito passou a ser aberto, entre tucanos e petistas, e caracterizado por choques dramáticos medidos em pesquisas qualitativas.

De sua parte, correndo em raia própria e com pouco tempo de TV, Marina Silva atravessou o primeiro mês de propaganda sem sair do lugar. Até que a queda de Erenice, no dia 17 de setembro, rompeu as defesas de Dilma, e ela começou a cair nas pesquisas. E Marina a subir.

Entrou em cena, para além dos escândalos, da cobertura tradicional e do próprio horário eleitoral, o movimento evangélico não identificado em pesquisas quantitativas e qualitativas, impulsionando a candidata evangélica e trazendo à tona o temor de liberalização do aborto.

Em pouco tempo, Marina ultrapassou o tucano em intenções de voto no Rio. E este respondeu na TV com o pastor Silas Malafaia, que mudou de lado e passou a atacar a ex-petista violentamente, procurando vinculá-la ao aborto e defendendo o voto evangélico em Serra.

Mas era Dilma quem mais perdia com o tema. E o aborto, que marcou o final do primeiro turno, avançou pelo segundo, como prioridade maior nos programas dos dois candidatos que avançaram -e com a entrada em cena da Igreja Católica, buscando disputar a bandeira com os evangélicos.

A pausa na artilharia tucana, após reportagem sobre relatos de que Mônica Serra teria feito aborto no Chile, durou pouco. E ontem, encerrando a propaganda no rádio, o próprio José Serra voltou à carga, explorando a ‘palavra de amor à vida’ lançada pelo papa Bento 16 a três dias da eleição.

Na campanha, o horário eleitoral perdeu protagonismo, primeiro para a cobertura, depois para a religião, com voz própria na internet.

 

STF vê censura prévia em tribunal militar

Ao negar acesso da Folha ao processo relativo à atuação de Dilma Rousseff na ditadura (1964-1985), a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia disse que é possível ver ‘censura prévia’ na conduta do STM (Superior Tribunal Militar).

O tribunal trancou os autos do processo da candidata a presidente do PT em um cofre, há sete meses, e suspendeu, por duas vezes seguidas, o julgamento de mandado de segurança protocolado pelo jornal, que tenta obter acesso à papelada.

‘É certo que toda Justiça que tarda falha’, escreve a ministra. Para ela, a atuação do tribunal militar e da AGU (Advocacia Geral da União) no caso ‘permite entrever uma espécie perigosa, grave e inconstitucional de censura prévia judicial’.

Apesar dessas considerações, a ministra Cármen Lúcia negou o acesso da Folha ao processo ‘por motivos processuais’, pois não poderia tomar uma decisão antes do término do julgamento do mandado de segurança do jornal no STM, para não ‘suprimir’ instância jurídica.

A Folha justificou a urgência em acessar o processo pela ‘atualidade do interesse público’, já que a candidata Dilma Rousseff pode se tornar a próxima presidente amanhã mesmo. O jornal solicitava acesso antes da eleição para os leitores conhecerem o passado da petista.

ADIAMENTO

No dia 19, quando o STM retomou o julgamento, a AGU pediu acesso à ação, causando novo adiamento do julgamento. A ministra Cármen Lúcia considerou o pedido de acesso do órgão, que defende o governo federal, ‘pouco ortodoxo’.

‘Causa preocupação [o] não acesso a dados, disponíveis até há alguns meses, e que dizem respeito a figuras públicas’, diz a ministra. ‘Insisto no que parece ser grave quanto ao cerceio a seu direito-dever pelo comportamento dos agentes públicos.’

Em sua decisão, de 14 páginas, Cármen afirma ainda que não ficou ‘claro’ como a AGU ‘consegue interromper julgamento já iniciado, com votos tomados, numa ação em tramitação com tempo de utilidade jurídica e social determinadas’.

‘A situação judicial parece mover-se por idiossincrasias processuais, condições incomuns e, por isso mesmo, sem legitimidade comprovada’, concluiu ela.

ABSURDO

Taís Gasparian, advogada do jornal, disse que a decisão do Supremo aponta o ‘absurdo’ do caso: ‘Durante 40 anos, o processo ficou acessível ao público. Desde março está trancado em uma sala, justamente quando haveria maior interesse. Cidadãos estão impedidos, por uma autoridade, de ter mais informações sobre a candidata. A situação é preocupante’.

O julgamento da ação da Folha no STM deveria ser retomado na quinta-feira, o que não aconteceu. Não existe previsão da data em que o processo voltará à pauta do tribunal.

Em agosto, a Folha revelou que o processo de Dilma estava trancado em um cofre por decisão do presidente do STM, Carlos Alberto Soares. Dilma passou quase três anos presa, a partir de 1970, por envolvimento com um grupo esquerdista de resistência armada à ditadura militar. Foi levado ao cofre, em março, por decisão de Soares. Ele alega querer evitar uso político do material.

 

Felipe Seligman

TSE concede, pela primeira vez, direito de resposta no Twitter

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) concedeu pela primeira vez um direito de resposta no microblog Twitter. Ao discutir o tema, ministros se mostraram preocupados com o efeito da decisão.

O tribunal aceitou pedido da coligação ‘O Brasil Pode Mais’, do tucano José Serra, contra o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), que teve de postar dois ‘tweets’ -mensagens de no máximo 140 caracteres- escritos pela campanha de Serra, em resposta a outros dois comentários feitos por ele no dia 19.

Na ocasião, ele afirmou, num primeiro ‘tweet’: ‘Cuidado com os telefonemas da turma do Serra. No meio das ligações, pode ter gente capturando seu nome para usar criminosamente…’.

No segundo, disse: ‘…podem clonar seu número, pode ser ligação de dentro de presídios, trote, ameaça de sequestro e assim por diante. Identifique quem liga!’.

O relator do caso, ministro Henrique Neves, entendeu que as mensagens foram ofensivas e que mereceriam resposta. Ele fez duas sugestões. A primeira seria responder em dois ‘tweets’ o que foi escrito por Falcão. A segunda seria publicar a resposta, por tempo determinado, no espaço destinado à biografia do petista.

Por unanimidade, os ministros determinaram a publicação imediata em dois comentários na página de Falcão, a partir da intimação da decisão, das respostas enviadas por Serra.

O TSE aprovou o conteúdo das respostas, que terão a seguinte redação: 1) ‘Justiça Eleitoral puniu Rui Falcão com esse direito de resposta por ofensa à campanha de José Serra veiculada em seu Twitter…’, e 2) ‘…cabe esclarecer que a comunicação feita pela campanha de Serra sempre agiu com lisura, de forma íntegra, respeitando todos os eleitores!’.

NOVIDADE

Como era a primeira vez que os ministros discutiam o tema, alguns não entendiam como a resposta poderia se tornar efetiva. Alguns afirmaram que a campanha terminaria e que os ‘tweets’ continuariam na rede por tempo indeterminado.

Já Cármen Lúcia, que demonstrou conhecer a plataforma, afirmou que a decisão poderia ‘banalizar e desmoralizar’ decisões do TSE. ‘Basta acumularem-se ‘tweets’ que, em alguns segundos, vai-se cumprir e sumir a decisão do TSE. É uma decisão gravíssima’, disse, apesar de seguir o relator.

O ministro Neves foi questionado pelos colegas sobre como as mensagens repercutiriam no Twitter.

Ele explicou que elas ficariam definitivamente na página de Falcão e que poderiam ser ‘retweetadas’ por seus seguidores de forma indeterminada. Mas ressalvou que as mensagens do petista estavam até hoje publicadas.

 

Corte aprovou o texto que será publicado

O conteúdo dos ‘tweets’ da coligação ‘O Brasil Pode Mais’, de José Serra (PSDB), em resposta aos comentários do petista Rui Falcão foi aprovado ontem pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

As mensagens terão a seguinte redação: 1) ‘Justiça Eleitoral puniu Rui Falcão com esse direito de resposta por ofensa à campanha de José Serra veiculada em seu Twitter…’, e 2) ‘…cabe esclarecer que a comunicação feita pela campanha de Serra sempre agiu com lisura, de forma íntegra, respeitando todos os eleitores!’.

Os textos deverão ser publicados assim que Falcão receber o aviso formal de que a decisão contra ele foi proferida pelo TSE.

Apesar de ser o primeiro direito de resposta concedido no microblog, o tribunal já havia aplicado uma multa de R$ 5.000 ao candidato a vice-presidente na chapa de Serra, Indio da Costa (DEM), por ele ter pedido voto em sua página no Twitter antes do início da campanha.

Um dia antes do início formal da campanha eleitoral, Indio afirmou: ‘A responsabilidade é enorme. Mas, conto com seu apoio e com o seu voto. Serra Presidente: o Brasil pode mais’.

Ele respondia a um seguidor que havia escrito: ‘Prepare-se. Ser vice não é fácil’.

O pedido foi feito pelo PT, ao argumentar que o candidato fazia naquele momento propaganda antecipada.

 

MARROCOS
‘Liberal’, Marrocos suspende TV Al Jazeera

O governo de Marrocos suspendeu ontem as atividades da emissora de televisão Al Jazeera em seu território.

O país do norte africano, considerado relativamente liberal no mundo árabe, alegou que as reportagens da rede sediada no Qatar (golfo Pérsico) eram ‘injustas’. A decisão é a segunda em cerca de dois anos.

Em comunicado, o Ministério de Comunicações afirma que já houve vários incidentes em que a rede violou ‘regras do jornalismo sério e responsável’.

Milhares de pessoas acompanham canais estrangeiros como a Al Jazeera via satélite.

A emissora já desagradou a governos do Oriente Médio e do norte da África, locais em que a mídia atua sob fortes restrições.

Sua fama é fazer jornalismo independente numa região não acostumada a isso.

O comunicado do ministério afirma que a transmissão da Al Jazeera ‘distorceu seriamente a imagem do Marrocos e prejudicou seus interesses, notadamente a integridade do seu território’.

Mas não foram dados detalhes do que exatamente contrariou o governo. É possível que se trate de alguma reportagem sobre a região de Saara Ocidental, ocupada por Marrocos e que reivindica independência.

A Al Jazeera informou no ar que as operações em Marrocos estavam suspensas, mas o porta-voz da emissora em Doha, capital de Qatar, disse que não iria comentar a decisão naquele momento.

Segundo a ONG Repórteres Sem Fronteiras, o Marrocos ocupa a 135ª posição entre 178 países nos índices de liberdade de imprensa.

A emissora foi suspensa pela primeira vez no Marrocos em maio de 2008.

O governo alegou necessidade de ajustes em questões de ordem técnica e legal.

 

INTERNET
Camila Fusco

Brasileiro não acha crime baixar música

Apontados pelas gravadoras e estúdios como as principais fontes de prejuízo para a indústria audiovisual, os downloads gratuitos são sinônimo de economia para muitos brasileiros.

Segundo pesquisa da TNS Research com 601 pessoas -encomendada pela Nokia-, 56% dos entrevistados são totalmente a favor de baixar arquivos de música e vídeo pela internet.

Ao mesmo tempo, 50% dos pesquisados não consideram criminosa a troca on-line de arquivos, enquanto 73% afirmam questões financeiras para a prática.

Segundo a amostra, se os preços dos arquivos fossem mais baixos, haveria motivação para comprar.

‘O desafio é encontrar um modelo viável que consiga concorrer especialmente com os serviços grátis e ilegais’, diz Eduardo Rajo, da ABPD (Associação Brasileira de Produtores de Discos).

Estima-se que os down- loads ilegais ultrapassem 3 milhões de faixas no Brasil.

Modelos baseados em publicidade, em que o usuário poderia baixar a faixa grátis após ouvir propagandas, seria uma alternativa, já que os anunciantes poderiam arcar com os direitos autorais.

LEI FRÁGIL

As leis de direitos autorais não têm surtido efeito, mesmo com todas as restrições. Pelo texto, é crime transferir as faixas de um CD original para um tocador de MP3 sem notificar o autor.

‘Temos uma lei ruim ao mesmo tempo em que há uma tecnologia habilitadora’, diz Carlos Affonso de Souza, da FGV-Rio.

A fragilidade da lei é evidenciada pelos números: 92% dos que identificam crime nos downloads ilegais não o denunciariam.

‘Se, perante a lei, boa parte do que se faz é ilícita, o crime fica banalizado’, diz Luiz Henrique Souza, do escritório PPP Advogados.

A questão cultural também é apontada. ‘Não se reconhece o valor do criador intelectual e das empresas produtoras de cultura’, afirma Ivana Crivelli, presidente da Associação Paulista de Propriedade Intelectual.

MÚSICA NO CELULAR

Ouvir música pelo celular é a segunda atividade mais frequente de quem possui o aparelho móvel -citada por 77% da amostra-, atrás apenas da câmera fotográfica.

‘O papel dos fabricantes é desenvolver um ecossistema, a partir da negociação com as gravadoras, por exemplo, em que ele possa ter acesso legal às músicas’, diz Daniela Roma, gerente de inteligência da Nokia.

Segundo a ABPD, músicas baixadas pelo celular somaram R$ 18 milhões das vendas de músicas digitais em 2009, de R$ 42,7 milhões.

 

TELEVISÃO
Melena Ryzik, New York Times

Ex-Soprano estreia série sobre soldados no Iraque

‘Que diabo está acontecendo?’, perguntou James Gandolfini, 49, no início de uma entrevista. Jornalistas falam do personagem Tony Soprano e são repelidos.

Gandolfini interpreta um empresário que fica amigo de uma stripper, vivida pela estrela de ‘Crepúsculo’, Kristen Stewart, em ‘Welcome to the Rileys’ (Bem-vindo aos Rileys), ainda sem previsão de estreia no Brasil. O filme é o segundo longa de Jake Scott (filho de Ridley).

Para a HBO, ele é um produtor executivo de ‘Wartorn: 1861-2010’ (Destroçados pela guerra), documentário sobre a história do estresse pós-traumático em militares, que estreia nos EUA este mês.

Folha – É um grande fã de ‘Crepúsculo’?

James Gandolfini – Na verdade nunca o assisti. E não acho que ela tenha assistido muito a ‘Os Sopranos’.

Foi o roteiro que o atraiu para esse filme?

Eu soube que Kristen ia fazê-lo. Eu a vi em ‘Na Natureza Selvagem’. Ela é linda, mas sua inteligência parecia saltar da tela. E Jake Scott, eu conheço seu tio -Tony [Scott] na verdade me deu meu primeiro grande filme [‘Amor à Queima-Roupa’]. Foi diferente do que eu já tinha feito.

O senhor assiste muita TV?

Não.

Mas fez dois documentários para a HBO sobre combate, ‘Alive Day Memories’, em 2007, e agora ‘Wartorn’. Como se envolveu nisso?

Quando estávamos fazendo ‘Os Sopranos’, eu recebia cartas dizendo que os soldados [no Iraque] assistiam à série. Tony Sirico [que interpretou Paulie Gualtieri] e eu decidimos ir até lá.

Que tipo de filme gosta de assistir?

Gosto de comédias idiotas.

E como é que nunca o vimos em uma delas?

Ninguém me convidou.

Tradução de LUIZ ROBERTO MENDES GONÇALVES

 

Fãs veem personagem gay em ‘Vila Sésamo’

Fãs do programa infantil ‘Vila Sésamo’ enxergaram insinuações de que o personagem Beto se declarou gay após comentário no Twitter.

A página oficial da série da rede pública PBS (twitter. com/sesamestreet), sob a assinatura do garoto Beto, publicou em junho que o cabelo dele se parecia com o do ator Mr. T (o sargento B.A. de ‘Esquadrão Classe A’). O programa planejava fazer uma sátira do remake.

‘A única diferença é que o meu é mais ‘mo’, um pouco menos ‘hawk’, escreveu.

A palavra ‘mohawk’ pode ser traduzida por estilo moicano, em português.

Segundo o jornal ‘Los Angeles Times’, blogueiros viram a expressão ‘mo’ como uma gíria para homossexual.

Em 31 anos de ‘Vila Sésamo’, a emissora defende que nada sugere que ele e seu amigo Ênio sejam mais do que amigos que vivem juntos e dormem lado a lado em pijamas listrados parecidos.

Na temporada mais recente, ‘Vila Sésamo’ teve como participantes os comediantes Neil Patrick Harris e Wanda Sykes, abertamente gays.

Ellen Lewis, vice-presidente de comunicações do Sesame Workshop, disse ao jornal que o programa não está tentando se aproximar de espectadores gays.

‘Sempre convidamos uma variedade de celebridades para aparecer. Honestamente, a ideia de que alguém ia interpretar [essa temporada] dessa maneira nunca passou pelas nossas cabeças.’

Anteriormente, ela já havia negado o relacionamento entre Ênio e Beto. ‘Eles são bonecos, não humanos.’

 

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O Globo – Sábado