Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Freelancers têm de estar
identificados com o jornal

No New York Times, créditos para freelancers são iguais aos dos jornalistas com contrato fixo. Os leitores, como ressalta o editor público do jornal, Byron Calame, em sua coluna de 14/8/05, não têm como saber se o autor de uma matéria está sempre na redação e, portanto, mais ciente das normas éticas internas, ou se ele é apenas um colaborador esporádico, cuja experiência e imparcialidade são desconhecidas.


Os freelancers desempenham um papel importante no Times e a presença de seu trabalho tem aumentado ‘significativamente’ nas páginas do diário, segundo o próprio editor executivo, Bill Keller. De fato, eles são a saída mais econômica para uma publicação que quer crescer, pois recebem por ‘empreitada’. O problema é que estes colaboradores muitas vezes têm outro trabalho ou estão ligados de alguma maneira ao assunto sobre o qual escrevem. Foi o caso recente de uma freelancer, que escreveu no Times sobre uma manifestação na Universidade de Princeton, que depois se descobriu ser uma estudante que tinha, ela própria, participado do protesto.


Calame dá exemplos que denotam uma certa falta de critérios do diário para escolher seus colaboradores. Alguns têm de se submeter a testes, enquanto outros, de acordo com a necessidade, podem ser apenas amigos de um conhecido de alguém que trabalha no jornal. O ombudsman conversou com alguns editores e eles foram unânimes em afirmar que demoram mais em tratar um texto de alguém de fora que de um repórter da redação. A fim de evitar problemas mais graves, o Times adotou como norma que, ao entregar um texto, o freelancer tem de assinar um papel em que atesta ter lido o código de ética interno do jornal. Contudo, fazendo uma pequena sondagem, o editor público notou que nem os colaboradores, tampouco os editores, dão muita atenção a isto. Um novo sistema eletrônico de administração de freelancers fará com que, em breve, estes sejam obrigados a responder um teste para averiguar se dominam o código. Assim, talvez deixem de existir casos como o citado recentemente numa errata, segundo a qual um colaborador usara uma citação pejorativa sem identificar o autor, algo proibido no Times. Calame conversou com este jornalista e descobriu que, apesar de escrever com freqüência para o diário, não sabia da regra.


‘Não posso evitar a conclusão de que é improvável que algum dia o Times seja capaz de supervisionar os freelancers como o faz com os repórteres fixos’, escreve Calame. ‘Assim sendo, os leitores merecem saber se é um ou outro que escreve o conteúdo. Os maiores concorrentes do Times fazem esta distinção. Então ele deveria considerar uma maneira de fazê-la também’.