Nesta semana, conferimos nos noticiários de maior projeção do país a notícia sobre o ataque homofóbico contra pai e filho no interior de São Paulo, por terem sido confundidos com homossexuais. Os acusados pela agressão negam que inclinação homofóbica tenha sido a motivação do ataque. As vítimas estão sob amparo legal e recebem todo o suporte possível.
Mas a sociedade se pergunta qual o motivo de tanta violência e, principalmente, o que tem sido feito para evitar que tais acontecimentos voltem a encher nossos olhos no noticiário. A resposta que temos, por parte da mídia, é que existe um problema de educação que precisa ser resolvido para que as diferenças sejam aceitas por todos. Porém, não ouvimos nada de concreto a respeito de providências efetivas sendo tomadas para fazer acontecer essa “educação” ou para garantir punição proporcional para os agressores.
Quem perde é a população
Não ouvimos nada, já que o legislativo está em silêncio. Silêncio proveniente de uma “guerra santa” travada no Congresso nesse momento. Temos a parcela cristã da população de um lado, e de outro a comunidade LGBT, ambas num confronto (não armado por mera força das circunstâncias) por defesa de ideais e luta por direitos. Confronto de intensa polêmica, que ao invés de chamar a atenção do Poder Legislativo, juntamente com seu escopo pacificador, para solucionar a questão, o afunda em profundas controvérsias baseadas nos mais diversos pontos de vista, levando ao atraso da discussão, à sua não-solução.
O atraso proveniente desse debate sem fim pode ser sentido, de forma pungente, nos noticiários. O legislativo precisa sair dessa posição inerte pela qual já é conhecido da população, que já o viu atrasar discussões fundamentais por anos, décadas, deixando-as “fora de pauta”, “engavetadas”, passando o “abacaxi” para os que vierem depois. Nesse jogo, quem perde é a população, que se encontra cada vez mais afligida por violências não combatidas efetivamente.
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[Hiago Mendes é estudante, São Miguel do Guamá,PA]