A semana passada não foi muito positiva para a grande imprensa americana, comenta o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, em sua coluna de 16/1/05. Primeiro, foi apresentado o relatório do comitê independente que investigou como o programa 60 Minutes, da rede CBS, levou ao ar uma reportagem acusando George W. Bush de receber tratamento privilegiado no serviço militar, baseada em documentos de autenticidade altamente suspeita. O relatório apontava uma série de falhas na apuração. Em seguida, veio a notícia de que o Departamento de Educação dos EUA havia pago US$ 240 mil ao radialista e comentarista televisivo Armstrong Williams para que ele falasse no ar da nova lei educacional do governo, NCLB (sigla em inglês para ‘nenhuma criança deixada para trás’), outro caso que serve para desacreditar a imprensa.
Getler nota que, por outro lado, foi o USA Today que denunciou a propaganda disfarçada que Williams havia sido pago para fazer. E, no dia seguinte a que o mau jornalismo da CBS foi capa do Post, este mesmo jornal revelou que a CIA havia desistido, pouco antes do Natal, de procurar armas de destruição em massa no Iraque, fato que o governo americano tentou fazer passar despercebido. Para o ombudsman, estes são exemplos de que, apesar de alguns tropeções, a grande imprensa continua sendo fundamental para a democracia. ‘Os grandes jornais do país, em particular, estão equipados de forma única para este trabalho e, seja o que for que pensem deles, pagaremos um preço incalculável se faltarem’.