A grande imprensa americana levou outro grave golpe com o pedido de desculpas do âncora Dan Rather, da rede CBS, por não poder comprovar a autenticidade dos documentos apresentados no programa 60 Minutes como evidência de que o presidente George W. Bush recebeu tratamento preferencial quando servia a Guarda Nacional, nos anos 70.
Como escreve o ombudsman do Washington Post, Michael Getler, em sua coluna de 26/9/04, esse incidente, que abalou a credibilidade do jornalismo, veio na seqüência dos escândalos envolvendo o repórter-plagiador Jayson Blair, do New York Times, e o desacreditado correspondente do USA Today, Jack Kelley. Outros casos aconteceram em jornais menores, merecendo menos destaque no cenário nacional. Depois veio a revelação de que diários do porte do Newsday estavam falsificando seus dados de circulação para faturar mais com publicidade. Getler destaca que o Times e o USA Today fizeram investigações internas para apurar porque houve falhas na redação. A CBS pretende fazer o mesmo, o que deve fortalecê-la.
A nova mídia, como a internet e os canais pagos de notícias, tem atraído bastante público, mas a sociedade só tem a perder se a imprensa tradicional não recuperar sua credibilidade. A CBS e o Times estão entre as organizações jornalísticas mais importantes do mundo. As outras redes de TV aberta, assim como os outros jornais de grande circulação, contribuem para o debate público com reportagens investigativas que só eles podem fazer. ‘De fato, há poucos e preciosos veículos como estes: organizações noticiosas que têm suficiente alcance, dinheiro, talento jornalístico e dedicação para reportar em profundidade e desmascarar o que é errado – além de recursos suficientes para se defender de tentativas de intimidação comerciais, legais, políticas e de grupos de interesses especiais. Elas são absolutamente vitais para a existência de um público informado e da democracia’.