Friday, 27 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Imprensa é mais confiável que governo Bush

‘Discordância aumenta no alto escalão da estratégia de guerra; EUA podem estar vencendo batalhas mas perdendo a guerra, dizem alguns oficiais’. ‘Violência desespera iraquianos’. ‘EUA enfrentam medo crescente de fracasso’. Estas foram algumas das manchetes do Washington Post na semana retrasada. O tom pessimista causou o protesto de leitores, segundo a coluna do ombudsman do jornal, Michael Getler, do dia 23/5/04. Um deles afirma que ‘isso não é reportagem, é torcida pelo fracasso’ e diz que, apesar dos ataques sofridos pelas forças americanas e as denúncias de abusos na prisão de Abu Ghraib, ‘muito progresso tem sido feito’.

Getler observa que, há mais de um ano, o governo Bush e os defensores da guerra no Iraque reclamam que as coisas por lá estão melhores do que a imprensa tem informado. ‘Sem dúvida, há alguns acontecimentos positivos que podem não ter sido reportados’, escreve o ombudsman. No entanto, ele acredita que o desenrolar do conflito tem mostrado que a credibilidade dos meios de comunicação para dizer o que está acontecendo ainda é maior do que a das declarações oficiais. ‘Minha visão é de que este país [os EUA] e o Iraque estão num momento crítico de uma grande, cara e controvertida empreitada. E os leitores que enxergam o trabalho dos repórteres que cobrem isso para as grandes organizações jornalísticas como uma ‘tendência esquerdista’ estão enganando a si mesmos’. Getler aponta que, num momento tão importante da guerra, a violência tem inibido que os jornalistas façam reportagens in loco, ouvindo mais o povo iraquiano, elemento tão importante desde o começo da intervenção americana.