Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Informações precisas, mas incompletas

‘Matérias escritas com precisão também podem ser enganosas’, afirma Deborah Howell em sua coluna de domingo [28/1/07]. Duas matérias publicadas recentemente na primeira página do Washington Post geraram reclamações por parte de leitores que cobraram informações que não foram divulgadas ou que não estavam em um contexto preciso.

Uma delas, sobre a venda de uma casa em Georgetown do potencial candidato democrata à presidência John Edwards, escrita por John Solomon e Lois Romano, foi criticada por Edwards e sua equipe, blogs liberais e 50 leitores. ‘Li a matéria três vezes, e não consegui entender por que estava na primeira página’, opinou o leitor Robert SanGeorge.

Os editores da seção nacional justificaram-se: a questão central da matéria era a transparência. Sob os termos da venda, os compradores optaram por não revelar seus nomes. Ao tomar conhecimento dos compradores, o Post descobriu que eles estavam sob investigação federal. Edwards e outros candidatos à presidência devem esperar um acompanhamento de quaisquer negociações financeiras, alegaram os editores. Para Deborah, o tema era interessante, mas não merecia o destaque na capa. Faltou também contexto financeiro à matéria.

A outra matéria, sobre o fato de alguns clássicos da literatura estar sendo retirados da biblioteca de Fairfax para dar espaço a livros populares, gerou críticas de funcionários da biblioteca. Em dezembro, a repórter Lisa Rein perguntou a Lois Kirkpatrick, gerente de marketing e de relações públicas da biblioteca, sobre idéias de pauta durante as férias. Na verdade, Lois falou sobre um novo sistema de computador que agilizava o processo de empréstimos de livros mais populares, mas que, para isso, exigia que as bibliotecárias removessem das prateleiras os livros que não eram retirados há mais de dois anos – em sua maioria, clássicos.

Edwin S. Clay III, diretor do sistema da biblioteca, alegou que a matéria era ‘precisa’, mas dava a impressão de que a biblioteca estava ‘jogando fora clássicos de literatura’. O grande problema, reflete Deborah, é que a matéria apresentou também um gráfico com títulos ‘em perigo’ de serem removidos do sistema – o que não era verdade.