Reclamações dos leitores do Washington Post sobre o uso de fontes anônimas no jornal são constantes – e o problema é ainda maior na versão online do diário, observa, em sua coluna, o ombudsman Andrew Alexander. Blogs escritos por membros da redação estão repletos de violações dos padrões do Post sobre fontes confidenciais. As fontes anônimas são, em geral, citadas sem que seja dada ao leitor a menor dica sobre sua credibilidade ou o motivo do anonimato.
Apenas nas duas primeiras semanas de dezembro, os blogs do Post tiveram mais de 20 fontes anônimas sem nenhuma explicação. Muitos blogueiros se referiam apenas a ‘fontes’ ou pessoas ‘próximas’ ao tema, o que contraria o manual interno de padrões e ética do diário. Segundo o documento, repórteres devem contar aos leitores ‘o máximo que podem sobre o motivo de fontes anônimas merecerem confiança’. São proibidas atribuições somente a ‘fontes’. Além disso, o manual alerta que ‘é quase sempre possível fornecer alguma informação útil sobre uma fonte confidencial’, como, por exemplo, se a fonte teve conhecimento em primeira mão do assunto que está sendo abordado.
Público menor
Blogs servem, em geral, a audiências menores, mas, ainda assim, as normas deveriam ser as mesmas do impresso. ‘Bons veículos de jornalismo devem ter o mesmo padrão em relação a fontes, não importa a plataforma’, diz Stephen J.A. Ward, diretor do Centro para Ética Jornalística da Universidade de Wisconsin, em Madison. ‘Fazer o contrário não é apenas violar os princípios do jornalismo responsável, mas confundir a distinção, na mente do público, entre sites de rumores e o jornalismo crível’.
O Post tem dezenas de blogs, mas o uso indiscriminado de fontes anônimas ocorre com maior frequência nos relacionados a esportes e política. O editor de esportes, Matthew Vita, observou que as regras sobre fontes anônimas vêm sendo negligenciadas por blogueiros de esportes oito ou mais vezes ao dia, ocasionalmente quando há alguma entrevista coletiva em andamento. Ele reconhece, no entanto, que as regras internas do jornal deveriam ser seguidas por todos.