Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

José Paulo Lanyi

‘A TV aberta ganha mais um bom programa de fim de semana. Primeiro foi o ‘Domingo Espetacular’ (para usar uma expressão típica do amigo Milton Abrucio Jr., ‘noves fora’ os enlatados, a média é interessante, considerando-se o que há por aí aos domingos). Agora é a vez do ‘Dois a Um’, do SBT, apresentado pela Mônica Waldvogel. O ‘talk show’, com uma hora de duração, será exibido em um horário flutuante, logo depois da ‘Sessão das Dez’.

A Mônica reclama, com razão, da pressa dos críticos em rotular os estreantes. Esta coluna vai inovar. Aposta no programa sem nem ao menos ter assistido ao seu piloto. Claro, com a Mônica no timão, é fácil. Mas prometo ao leitor: se não gostar, volto aqui e falo mal.

O programa tem este nome, ‘Dois a Um’, porque receberá sempre dois convidados com pontos de vista diferentes sobre um tema quente da semana. ‘Não necessariamente idéias opostas, mas que se complementam. Não quero fazer um debate, é muito chato’, observa a jornalista. Exemplo: em vez de levar dois políticos para bater boca, pode-se convidar um político e um artista para discutir um fato. ‘As pessoas nunca pensam igual’.

‘Dois a Um’ é independente, uma parceria entre a Nossa Senhora da Boa Notícia, produtora de conteúdo de Mônica, Regina Echeverria e Roseli Galleti, e a TV7, de J. Háwilla.

Mônica Waldvogel formou-se em 79 pela ECA-USP. Começou no jornalismo impresso, como repórter da Revista Cacex, um semanário especializado em comércio exterior, editado pelo Banco do Brasil. Mônica foi para a TV Manchete em maio de 83, um mês antes da estréia da programação da emissora. Cobria as pautas noturnas de cultura. Em 86, depois da morte de Tancredo Neves, pegou o batente das reportagens do dia-a-dia. Com o anúncio do Plano Cruzado, aplicou a experiência dos tempos de revista econômica. Esforçou-se em explicar o pacote com a linguagem simples da TV. Foi bem na cobertura e, um ano depois, recebeu um convite da TV Globo: cobrir a área econômica para o ‘Jornal Nacional’, em Brasília. Mudou-se para lá nos estertores do Plano Cruzado, chegou ‘junto com o Bresser’ e saiu depois da eleição de Fernando Henrique e o seu Plano Real.

Da economia popular para a macroeconomia e as políticas de governo. Na época, dedicou-se aos temas econômicos da Constituinte. Percorreu uma maratona nos corredores do Ministério da Fazenda e do Banco Central. ‘Não agüentava mais o cheiro do Ministério da Fazenda. Quando chegava lá, ficava enjoada’.

Depois de cobrir a Eco-92, Mônica migrou para o SBT, a convite de Boris Casoy. O ângulo agora era outro: a política. Logo se deflagrou a CPI do PC. ‘Tive muita sorte em Brasília’.

Em 95, chamada por Evandro Carlos de Andrade, voltou para a Globo, como editora-chefe e apresentadora do ‘Jornal da Globo’, seção São Paulo ‘Aprendi a fazer a ‘cozinha’. Como assim? ‘Quem está na redação cozinha com o material que os bravos repórteres trazem para a gente’. Lá dentro, também trabalhou dois anos no ‘Jornal Hoje’, no Rio. Em 99, integrou o projeto especial ‘Brasil 500 Anos’, por oito meses. No fim do ano, foi para o ‘Bom Dia Brasil’. Também trabalhou na Globo News: apresentou e entrevistou no programa ‘Sem Fronteiras’.

Mônica deixou a Globo em 2001 e foi para a Record fazer o ‘Fala Brasil’. Ela era a editora-chefe e ancorava o programa, ao lado de Rodolpho Gamberini. ‘O último que eu fiz foi o da posse do Lula, em primeiro de janeiro’.

Apresenta o ‘Saia Justa’, no GNT (NET), desde 2002, um bate-papo entre ela, a atriz Marisa Orth, a escritora Fernanda Young e a roqueira Rita Lee, que, de acordo com a colega jornalista, deixou o programa para se dedicar integralmente à música.

Abaixo, Mônica fala de telejornalismo, de jornalistas preconceituosos e de críticos inclementes. Humilde, comenta a sua ansiedade de pré-estréia. ‘Eu tendo a acreditar no que a minha ‘gurua’ Alice-Maria me dizia. Eu falava: ‘Estou tão nervosa, parece que tenho 15 anos e estou para fazer uma prova de física’. Ela respondia: ‘Mas por isso que é uma ótima profissional’.

Link SP – O jornalismo da TV tem mesmo que ser superficial?

Mônica Waldvogel – Não é da vocação da TV aprofundar assuntos. Não há formato mágico capaz de capturar a atenção de um telespectador. Voltar na leitura, ler de novo o que não entendeu, qualquer edição de imprensa escrita sempre vai mais fundo. A imprensa escrita tem sim que aprofundar mais os assuntos e ser mais crítica. A TV fala para todos os públicos para mobilizar as atenções, dar um chamado geral, dizer : ‘Atenção, isso aconteceu’. Na televisão, quanto mais complexo for o assunto, menor a capacidade de aprofundar, precisa de imagem, sem imagem fica manco. Quanto mais a TV aprofunda, mais dispersa a atenção.

LSP – Muito pouca gente de televisão consegue se sair bem em jornalismo impresso.

MW – Fui para a TV, não para imprensa escrita, a não ser em colaborações eventuais. Não sei se teria dificuldade no dia-a-dia… Acho que não, mas não acho importante. Se você estiver em um veículo, deve estar apto a falar a linguagem desse veículo.

LSP – Com tanto desemprego, a versatilidade pode abrir as portas.

MW – Claro, jornalista tem que ser versátil em forma e conteúdo, se interessar por várias áreas, isso é bom. Quanto maior for o espectro, melhor jornalista vai ser. Mas muita gente, quando tem a oportunidade de se embrenhar pela linguagem do veículo [eletrônico], não cogita trabalhar em impresso. A vida inteira fiquei irritada com jornalistas da imprensa escrita. Ouvi várias vezes a piada, quando estava num canto, com o meu texto: ‘Ah, vocês escrevem?’. Nas coletivas, eu fazia perguntas específicas desses jornalistas. Eles me diziam: ‘Mas se você não vai usar, por que pergunta?’. Tem que perguntar tudo para compreender! ‘Por que perguntar isso tudo, se a sua matéria vai ter um minuto e meio?’. Isso sempre me irritou muito.

JPL – Qual é o seu desafio no novo programa?

MW – É 100% de desafio, é uma coisa que nunca fiz, um formato que nunca experimentei. Tem que pedalar, subir e descer a ladeira. Tenho muita adrenalina, ansiedade para conseguir atender o briefing do SBT e atender o público. É quase como se zerasse toda a minha experiência, como um calouro. Estou começando tudo do primeiro degrau de novo e me pergunto: será que vou conseguir?. A gente tem que fazer meia-dúzia de programas para se sentir à vontade, e a crítica é inclemente com as estréias. A crítica é muita dura com os programas de TV, eles não ganham o beneficio da dúvida. O programa que está começando precisa de um tempo para se consolidar.’



Carol Knoploch

‘Waldvogel volta ao SBT com ‘Dois a Um’’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/05/04

‘Dois a Um estréia hoje no SBT, após a Sessão das Dez. O programa, apesar da referência ao placar de futebol, nada tem a ver com as mesas-redondas que recheiam a programação noturna dos domingos. Nesse jogo não há adversários: Mônica Waldvogel será a apresentadora, âncora, jornalista… e receberá dois convidados, famosos ou não, para um bate-papo sobre um tema de destaque do noticiário semanal. Será um ‘jogo de idéias’ já que o objetivo é colocar do outro lado da mesa duas pessoas de áreas distintas, com visões diferentes do mundo.

Mônica, que começou a trabalhar na imprensa diária na extinta TV Manchete, não fará entrevistas – pelo menos não nos moldes do programa que ocupava o horário antes, pilotado por Marília Gabriela: sua função será debater com os convidados, principalmente quando o assunto for política. ‘Estava com saudade da política. Ainda mais em ano de eleição e que começou com o escândalo do Waldomiro Diniz. Gosto de temas relacionados ao nosso país, para onde o Brasil caminha’, explica a jornalista, que fez sua última matéria, sobre a posse do presidente Lula, para o Fala Brasil, da Record, no dia 1.º de janeiro de 2003.

Mônica, que sempre se destacou na cobertura política, terá em sua estréia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a atriz Irene Ravache para falar sobre a globalização e as angústias atuais do brasileiro. José Serra deverá estar no segundo programa. Mônica, fã de Cazuza, pretende fazer em breve uma atração sobre o filme Cazuza – O Tempo Não Pára. ‘Até hoje me preparo como se fosse trabalhar no noticiário. Leio três jornais por dia e às vezes alguns assuntos me chamam tanto a atenção que penso como seria estar trabalhando na cobertura jornalística. Deve ser reflexo.’

Esse será o primeiro talk show de Mônica, que há dois anos apresenta o Saia Justa, no canal pago GNT, ao lado de Fernanda Young e Marisa Orth – Mônica continuará à frente desta atração, que perdeu Ria Lee no dia 19. Ter um talk show só para ela não era um sonho. ‘Queria mesmo era fazer documentários, projeto que ainda tenho com a Fernanda Young.’

Depois da Manchete, Mônica trabalhou como repórter no Jornal Nacional (Globo), na área econômica, em Brasília. Foi no SBT, no entanto, que assumiu a cobertura política, em 1992, a convite de Boris Casoy.

De acordo com Mônica, o Dois a Um será uma parceria entre sua empresa de conteúdo jornalístico, a Nossa Senhora da Boa Notícia (é sócia de Regina Echeverria e Roseli Galleti, que serão as diretoras da atração), e a TV7, de J. Háwilla – a TV7 fazia o De Frente com Gabi.

O cenário terá o vermelho como cor predominante. Os convidados ficarão em cadeiras – e não em sofás – e ficarão separados de Mônica por uma mesa. O tema da noite, um a cada semana, será logo abordado no início do programa – não haverá reportagens nas ruas ou VTs externos. ‘Se não o telespectador dorme. Tem de ir direto ao assunto’, brinca, já que a atração entra no ar tarde da noite.

Saia justa – No início de uma coletiva para a apresentação do Dois a Um, na sede do SBT, em São Paulo, Mônica sentou-se à mesa – Vinte (jornalistas na platéia) a Um (ela, sozinha à mesa) – e brincou que achava difícil ser a entrevistada da vez e não a entrevistadora. Diz que sente um friozinho na barriga por causa da responsabilidade de apresentar um programa que entrará no horário do De Frente com Gabi. O objetivo é manter o mesmo ibope da loira, cerca de 4 pontos.

Mônica conta que o Saia Justa foi uma escola para ela. Teve de ‘rebolar’ com assuntos que não são sua especialidade. ‘Antes era engessada, mas aprendi a ser flexível. Com o Dois a Um terei um papel moderador, de distribuir a palavra, mas também darei a minha opinião. Acho difícil, depois da experiência do Saia Justa, não colocar a minha opinião’, explica a jornalista, que entrará em temas que não domina como o esporte – 2004 também é ano de Olimpíada.

O Departamento de Marketing do SBT colocou, há uma semana, cotas de patrocínio no mercado publicitário. Estuda também formas de merchandising – os breaks comerciais fazem parte de um pacote, já vendido. Mônica não vai tirar fotos como Gabi. Mas terá produtos em cena: poderá ter um outro aparelho eletrônico, como um lap top para navegar pela internet.’



‘ESCADAS’ DA TV
Keila Jimenez

‘Escalada de luxo’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/05/04

‘Eles não ganham salários milionários, nem vêem seus nomes estampados no cast de estrelas das emissoras. Mas, não são poucas as vezes que roubam a cena ou, melhor, a audiência. Assim como na dramaturgia, os shows de TV também têm seus coadjuvantes. No caso, são médicos, assistentes de palco, diretores, músicos, cozinheiros ou simples mortais que estão sempre lá, servindo de escada para que seus protagonistas brilhem.

Esse time de ‘quase-estrelas’ é composto por gente divertida, talentosa e que não demorou para ganhar a simpatia do público. Profissionais como a diretora do Domingão do Faustão Lucimara Parisi, a ‘eleita’ para as brincadeiras do apresentador. Tatuagens, maquiagem, corte de cabelo ou figurino novo, tudo em Lucimara é motivo para as chacotas que Faustão faz no ar. A preferida dele foi a tentativa de arranjar um namorado para a amiga em rede nacional.

‘Ele brincou algumas vezes e logo começou a chover cartas de candidatos no programa. Essa história de me desencalhar virou quase um quadro no Domingão’, conta ela, às gargalhadas. E é nesse bom humor que a diretora leva todas as brincadeiras de Fausto. Afinal, Lucimara acompanha Fausto desde que ele entrou no rádio, em 1977, como repórter esportivo. ‘Desde o ‘Perdidos na Noite’ (Band/Record e Gazeta) ele gosta de brincar comigo. Uma hora fala do cabelo, outra, da roupa, gosta também de dizer que quando me conheceu eu tinha uma borboletinha tatuada no peito. Agora, diz ele, a tatuagem esticou, virou uma mariposa gigante (risos), por causa do silicone’, conta Lucimara, que vem atualmente gravando externas para o programa. ‘Gravei reportagem na 25 de março, já gravei na Ilha da Sogra, no Sergipe, agora Fausto vai me mandar para a festa de Campina Grande, o maior São João do País’, fala ela. ‘Vou lá conhecer o mastro de Santo Antônio’, brinca.

Tamanha exposição já rendeu à diretora convites para desfiles e um ‘patrocínio’ extra de sapatos. ‘Como o Fausto sempre mostra os meus sapatos no ar – ela tem milhares – uma marca resolveu me mandar pares de graça, para eu usá-los no programa’, conta ela. ‘Fui até fazer um desfile para eles em um shopping. Além de me divertir, essas brincadeiras têm uma resposta boa do público.’

Novelinha – Os poucos minutos de notoriedade do ator Luiz Henrique, de 54 anos, também foram estendidos. Ator profissional – já fez personagens no extinto Castelo Rá-Tim-Bum (Cultura) – Luiz conheceu o sucesso vivendo a fofoqueira Mama Brusqueta no Mulheres, da Gazeta. Mama – seguindo ‘conselho de Silvio Santos’, diz, ele não gosta de revelar sua identidade – está na Gazeta fazendo fofocas desde 2001. Começou com Clodovil e logo foi trabalhar com Cátia Fonseca. ‘Comecei fazendo bicos na TV, fui jurado de programas de calouros, e, quando vi, estava na Gazeta’, conta ele.

‘Sou eu quem crio as minhas falas e as brincadeiras que faço no ar. Sai tudo de improviso.’

Foi justamente a criatividade do ator que rendeu a ele mais espaço no programa. Mama, que estava acostumada a ler o resumo das novelas da Globo no ar, resolveu apimentar o texto interpretando o que iria acontecer nos capítulos. ‘Comecei a imitar os personagens das tramas e a Cátia (Fonseca) entrou na brincadeira’, conta ele. ‘Já cheguei a ficar 40 minutos direto no ar com essas novelinhas. Não olho ibope, mas sei que a resposta é boa’, fala. ‘Boa parte desse sucesso devo à Cátia Fonseca, que me ajuda muito. Eu dou as deixas para ela falar e ela dá outras para mim. Não teria graça sem essa parceria.’

Apesar da gratidão, Luiz não esconde a vontade de ter um programa próprio.

‘Não posso negar que sonho com uma atração só minha. Quem em TV não quer isso?’

Sempre rir – Edilson Oliveira, o Chiquinho, eterno companheiro de Eliana, já teve o seu lugar ao sol duas vezes, e o perdeu.

Edilson começou no SBT como produtor e, em um piscar de olhos, virou o Bozo.

Sim, o palhaço americanizado que pedia bitocas no nariz tinha seis intérpretes. Edilson foi um deles por três anos. ‘Silvio (Santos) começou com apenas dois Bozos e logo percebeu que eles não dariam conta, pois eram muitos dias de gravação e shows aos finais de semana’, fala Edilson. ‘Um dia o Silvio desfez o contrato e acabou com a atração. Voltei a produzir e a criar para programas da casa, e foi lá que conheci Eliana’, continua. ‘O Bozo foi a minha escola na TV, foi assim que aprendi a lidar com o imaginário das crianças.’

Há 11 anos Edilson está ao lado de Eliana criando personagens – o mais famoso deles é o atrapalhado Chiquinho -, fazendo reportagens e até produzindo os programas da loira. Onde Eliana vai, leva o fiel escudeiro.

Foi assim na mudança da apresentadora do SBT para a Record, onde atualmente apresenta o Eliana & Alegria. Foi lá que Edilson ganhou sua segunda atração, o Programa Ed Banana – personagem criado por ele. A gincana ficou poucos meses no ar, saiu, voltou de novo, e sumiu novamente da programação da Record. Hoje Ed Banana é um dos personagens do programa de Eliana.

‘Eu sei o meu lugar e evito cometer atropelos. É fundamental para alguém que integra uma atração saber qual a hora de expandir a sua participação e o momento de ficar calado, para o apresentador de fato falar’, diz Edilson.

‘Sonho em voltar a ter um programa meu, mas as coisas acontecem na hora certa. Se tiver de ser, será.’

Pára-quedas – Mas nem todos esses coadjuvantes nasceram nos bastidores da TV. A culinarista Palmirinha, hoje no Mulheres, da Gazeta, caiu de pára-quedas na programação. Cozinheira de mão cheia, Palmira vendia congelados para uma diretora da Band. Um dia, uma de sua guloseimas chegou até Silvia Poppovic, apresentadora da rede na época, que se encantou com os dotes culinários de Palmira. Ao saber de sua história de vida sofrida, conta Palmira, Silvia a convidou para participar de um debate no programa. ‘Era sobre mães que criaram seus filhos sozinhas, me lembro até hoje. A Silvia aproveitou para mostrar no ar uma cesta de empadinhas que eu fiz, foi o maior sucesso’, conta. ‘Ana Maria Braga, que estava na Record (no Note & Anote, na época) me viu na Band e me chamou para ir ao programa cozinhar’, continua. ‘Logo no primeiro programa ela me disse que se o público gostasse, eu ficaria no ar até quando existisse o programa. Se não agradasse, seria o meu primeiro e último dia na TV.’

E deu certo. Palmirinha ficou anos ao lado de Ana Maria Braga na Record.

Quando ela saiu rumo à Globo, a culinarista foi para a Gazeta, onde está até hoje. Palmirinha tem um quadro dentro do Pra Você, de Ione Borges. Apesar de ser alvo de disputa de vários programas femininos, a culinarista diz que está mais do que satisfeita com o que já conquistou.

A estréia da atriz Vida Vlatt na TV foi mais, digamos assim, complicada.

Vida foi chamada para fazer uma empregada na atração, personagem parecida com a que fazia em uma peça de teatro, apenas dois dias antes da estréia do programa de Clodovil – ele próprio, que também começou como um coadjuvante, tendo apenas um quadro no extinto TV Mulher. Ofrásia, nome dado à serviçal pelo estilista, comenta notícias e fofocas no ar e ganhou espaço fundamental no programa. ‘O Clodovil queria que o quadro fosse com a empregada dele de fato, mas ela não topou’, conta Vida, que pessoalmente não tem aquela voz irritante da personagem. ‘Fiquei assustada, mas deu tudo certo. Rolou uma simpatia. Hoje já tenho liberdade de brincar e falar o que me der na telha no programa.’, fala. ‘Um dia ele se encheu de mim e resolveu me jogar água no ar. Em um dos programas peguei um cruz e saí gritando atrás dele dizendo:

‘sai desse corpinho que não te pertence’, tudo de improviso’, continua.

‘Para irritá-lo fico falando do Big Brother, que ele odeia. A última que aprontei foi vender convite para o aniversário do Clodovil no Largo da Batata. O público adora e o Clodovil se diverte.’ O sucesso dessa parte cômica do programa deu tão certo que Clodovil tratou de colocar outra personagem na atração, uma governanta. ‘Só que ela é muda’, brinca Ofrásia.

Assuntos aleatórios – Jô costuma levar convidados de conteúdo ao seu programa na Globo ou emprestar algum conteúdo aos que não tem. Mas, quando se trata de assuntos aleatórios, o apresentador conta com um time e tanto de especialistas, o Sexteto. Há quase 15 anos ao lado do apresentador, o grupo, que já foi quarteto e quinteto, ri das piadas do chefe, faz graça, serve de cobaia e já virou marca registrada da atração. No início, Bira – e sua risada inconfundível – e Derico, eram as ‘vítimas’ prediletas de Jô. Hoje sobra para todos, até para o garçom do programa, Alex – que não dá entrevistas.

‘Já fui depilado no programa, tomei banho de lava vulcânica, tomei água de minhoca, comi flor, grilo frito, rato, gambá, perdi as contas das coisas que já fiz no ar’, conta Derico. ‘Uma das mais engraçadas foi o dia em bebi durante o programa meio litro de uísque para fazer o teste do bafômetro.

Para o meu espanto o aparelhinho não registrava nada, depois do Jô me chamar de bêbado, descobrimos que o bafômetro estava desligado (risos)’.

Tomate, por exemplo, chegou a carregar por vários dias uma planta gigante no programa durante o quadro Plantão de Notícias.

‘Logo na minha semana de estréia com o Jô, me vestiram de galinha e fizeram eu botar um ovo no palco. Imagine eu, um músico respeitado, botando ovo na TV?’, conta o músico Chiquinho, rindo.

Com Bira, a brincadeira surgiu logo no primeiro programa de entrevistas de Jô, há 15 anos. ‘Foi em uma entrevista do Agildo Ribeiro e da Consuelo Leandro’, conta Bira, que garante que sua risada não é ensaiada. ‘Pior foi o dia em que caí da cadeira de tanto rir, estava o Paulo Silvino no programa.

O Jô não aguentou quando me viu no chão’, conta Bira.

‘O bom é que nenhum de nós sabe a pauta do programa antes, somos sempre pegos de surpresa e temos de estar atentos às brincadeiras do Jô ‘, fala Miltinho.

Com o maestro Oscar, por exemplo, a graça atual é arranjar-lhe uma noiva. ‘O mais louco é que está chovendo cartas no programa. Fiquei sabendo que logo vai rolar um casamento no ar. Vão me arranjar uma mulher de qualquer jeito, ai meu Deus!’, teme Osmar.

Tanta importância no Programa do Jô rende ao grupo salário de artista da Globo. Não chega a ser nenhuma fortuna, mas é mais do que o patamar de músicos.

‘Todos nós temos projetos paralelos solos e levamos o humor para nossos shows por causa dessas brincadeiras no programa. O público olha para nossa cara e já espera algo que faça rir’, conta Derico. ‘Mas é claro que o sexteto só existe por causa do Jô’, diz.

É verdade e Lucimara Parisi diria o mesmo sobre Faustão. ‘Não sou famosa, nem quero ter programa de televisão. Por dinheiro nenhum do mundo eu deixo o Fausto. Nem para ser artista de cinema. Pera aí….’, pede Lucimara, enquanto atende na outra linha a sua prioridade, Fausto Silva. Afinal, as estrelas não existem sem seus coadjuvantes.’

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‘Mais espaço’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/05/04

‘Chamar a atenção como coadjuvante não é façanha para qualquer um: atento ao brilho dos protagonistas, esse time sabe até onde pode roubar a cena

O ginecologista José Bento é um caso à parte. Há oito anos fazendo participações semanais no Note & Anote, da Record, o médico é um dos responsáveis pelos picos de audiência do programa e coleciona, além de fãs, muitas histórias engraçadas.

José Bento participa da atração todas as quintas-feiras ao lado de Claudete Troiano, respondendo a dúvidas de telespectadoras (que participam por telefone ou e-mail). De poucos minutos de duração, seu quadro foi ganhando espaço e hoje toma praticamente toda a edição de quinta-feira da atração.

‘Chegam para mim no programa cerca de 2 mil e-mails por semana, é uma loucura’, fala o médico que, apesar do reconhecimento nas ruas, não ganha um centavo por participação na TV. ‘Faço como colaborador mesmo. Mas é claro que a TV é umas vitrine para o meu trabalho também’, diz ele.

Para o médico, o segredo do sucesso do quadro é a espontaneidade com que ele trata certos assuntos que deixam as mulheres constrangidas diante de seus ginecologistas. ‘A Claudete (Troiano) ajuda muito nessa parte, porque também faz perguntas como se fosse a telespectadora. Muitas mulheres ligam falando sobre coisas que têm vergonha de falarem para seus médicos. Fico feliz em poder ajudar.’

José Bento conta que as dúvidas mais freqüentes do público são referentes a sexo e a como agradar o parceiro na cama, e não sobre doenças. Mesmo assim, não foram poucas as vezes em que o médico enfrentou ‘saia justa’ na rua ao encontrar telespectadoras ‘aflitas’. ‘Como atendo todo mundo numa boa na TV, as pessoas se sentem à vontade para perguntar as coisas nas ruas. É incrível’, fala ele. ‘Outro dia estava em uma fila de embarque no aeroporto, quando a moça do guichê me reconheceu. Ela começou a perguntar o que deveria fazer para evitar que o seu contraceptivo vaginal (anel inserido pela vagina) caísse todas as vezes que ela mantinha relações sexuais. A fila inteira se aproximou para ouvir a história, e quem ficou constrangido fui eu (risos)’, continua. ‘Imagine explicar em uma fila como ela deveria colocar o contraceptivo direito, foi hilário.’

Apesar de tanto sucesso, o médico nem pensa em ter um programa de TV só seu e não gosta de ser tratado como celebridade. ‘Já chegaram a me pedir autógrafo na rua e eu não tinha onde assinar. Queriam que autografasse no receituário médico. Aí já é demais, né?’’