‘Quase dez anos após estrear ‘Sobrinhos do Ataíde’ na 89 FM, Paulo Bonfá retorna à emissora, agora para falar de futebol. Parceiro de Marco Bianchi no bem-sucedido ‘RockGol’, da MTV, ele comandará na rádio o ‘talk show’ ‘Rock & Bola’, a partir da próxima segunda-feira.
Será semanal, das 21h às 22h, com um convidado, que pode ser jogador, técnico, dirigente ou qualquer famoso adepto do assunto. Na estréia, excepcionalmente, dois boleiros estarão no estúdio, o atacante Luis Fabiano, principal estrela do São Paulo, e o meia Pedrinho, do Palmeiras. O técnico Carlos Alberto Parreira vai participar por telefone, pois estará em Belo Horizonte, preparando a seleção para a partida contra a Argentina, na quarta.
O programa terá música e um ‘Pressão Total Rock & Bola’, no qual os ouvintes responderão a perguntas sobre o esporte.
Bonfá também comandará um quadro diário ao vivo no ‘Giro 89’ -no ar das 18h às 20h-, que será reformulado. Gravações curtas do ‘Rock & Bola’ irão ao ar ao longo de toda a programação.
A estréia do pacote e a reformulação do ‘Giro’, de música e notícia, fazem parte da estratégia da 89 de investir em jornalismo. Neneto Camargo, proprietário da estação, acredita que essa seja uma tendência das FMs jovens. O ouvinte, em sua percepção, tem uma demanda crescente por informação. O segredo seria criar noticiários que tenham a ‘cara’ das FMs musicais sem ser superficial.
Outra antiga vocação do rádio que tem se acentuado é a aposta no humor, com verdadeiros ‘casamentos’ entre FMs e TVs. Só para ficar nos exemplos mais recentes: ‘Pânico’, da Pan para a Rede TV!; ‘Cócegas’ (da adolescente Tati), do teatro para a Globo e depois para a Mix FM; ‘Hermes e Renato’, da MTV para a Mix.
Bonfá é exemplar clássico desse vaivém. Sua carreira começou em 91, na USP FM, com o ‘Rádio Alegre’, embrião do ‘Sobrinhos do Ataíde’. Este, propriamente dito, estreou em 95 na 89 FM e foi sucesso por quatro anos. Em 2000, ele e Bianchi emplacaram na MTV como narradores cômicos do campeonato ‘RockGol’ e, posteriormente, como apresentadores da mesa-redonda dominical. E foi essa atividade televisiva que levou Bonfá novamente à 89.
Segundo ele, a intenção não é repetir o ‘RockGol’ na rádio, mas certamente, diz, o humor da FM terá o mesmo tom da televisão.
‘Rock & Bola’ segue outra inclinação cada vez mais forte do rádio: a mistura de futebol com humor. Pelo horário, Bonfá estará livre da concorrência com dois fortes exemplares do ‘besteirol’ esportivo: ‘Estádio 97’, da 97 FM, e ‘Na Geral’, da Bandeirantes.
PIRATARIA
FM clandestina de padre vidente volta ao ar nos 90,1
Não passou nem um mês, e a clandestina Planeta 90 voltou ao ar. Principal pirata de SP, estreou há dez anos e é comandada por Francisco Silva, que se auto-intitula padre vidente. Em abril, havia sido fechada numa megaoperação da polícia com a Agência Nacional de Telecomunicações, que teve até rapel de helicóptero.
BENEFICENTE
Sabrina vira madrinha de ação da rádio Bandeirantes
Sabrina Parlatore será madrinha do Prêmio Escola Voluntária, que incentiva alunos na realização de projetos sociais. A apresentadora gravou comerciais e visitará colégios.’
Elvira Lobato
‘Radioconfusão’, copyright Folha de S. Paulo, 25/05/04
‘Está em gestação no Ministério das Comunicações o projeto de criação da TV comunitária. O ministro Eunício Oliveira pediu um levantamento dos canais de freqüência disponíveis, mas, de antemão, calcula que o número passe de 500.
Se a idéia for adiante, enfrentará a oposição das emissoras comerciais, que já se queixam da concorrência das TVs educativas, liberadas aos montes durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Foram 118 concessões de TVs educativas emitidas nos dois mandatos de FHC na Presidência da República, que beneficiaram, entre outros, parentes de 17 deputados federais, além de deputados estaduais, prefeitos, vereadores e outros políticos.
Eunício Oliveira defendeu o projeto durante encontro com um grupo de deputados cerca de dez dias atrás. Segundo ele, as emissoras comunitárias teriam baixa potência (de 0,5 kW) e não representariam ameaça para as TVs comerciais.
Não é o que pensam os empresários de radiodifusão, que vivem às turras com as rádios comunitárias desde que foram criadas por lei, em 1998.
O conflito, no caso de ser criada a TV comunitária, é previsível até por dedução estatística: os 500 canais que estariam disponíveis ultrapassam o total de concessões de TVs comerciais e educativas existentes hoje, 459.
Do ponto de vista técnico, uma emissora com 0,5 kW de potência tem um raio de ação de até 10 km se o transmissor estiver em área plana ou de 20 km se ele estiver no topo de um morro. Para os radiodifusores, uma TV desse porte não teria valor econômico expressivo, mas valeria ouro nas mãos de políticos.
A observação faz sentido. José Sarney, Collor de Mello, Antonio Carlos Magalhães, Tasso Jereissati, Orestes Quércia, Inocêncio Oliveira e outros caciques tradicionais têm rádios e televisões em seus Estados. Há informações não oficiais de que grande parte das rádios comunitárias também está em poder de políticos.’
BAIXARIA NA TV
‘Band e Record reagem à campanha contra baixaria’, copyright O Estado de S. Paulo, 29/05/04
‘Record e Band estão em pé de guerra com a campanha contra a baixaria na TV. Nas últimas semanas as emissoras e a coordenação da campanha, que é uma iniciativa da comissão de Direitos Humanos da Câmara, trocaram cartas ofensivas e ameaças de processos na Justiça.
A confusão começou quando o coordenador da campanha, deputado Orlando Fantazzini (PT/SP) enviou ofícios a anunciantes que costumam investir em programas policialescos como Cidade Alerta, da Record, e Brasil Urgente, da Band, que, segundo ele, estão entre as atrações que cometem abusos na TV. Na carta, Fantazzini pediu para que eles deixassem de anunciar nessas atrações que figuram no ranking na baixaria – reúne os programas mais denunciados pelo público. Muitos anunciantes prometeram recuar. Foi o bastante para que as redes de TV se mexessem. Band e Record enviaram cartas protestando. O Estado teve acesso a elas.
No texto da Band enviado à Câmara, com 9 páginas, a emissora diz que Fantazzini contrariou a Constituição da República e o Código de Ética da Câmara. Na carta, assinada pelo vice-presidente da rede, Marcelo Parada, são citados dezenas de artigos da Constituição, do código de Ética, do Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros. As atitudes do deputado são taxadas de ‘repressoras e limitadoras’ e a Band diz que se sente prejudicada, pedindo, por isso, uma retratação.
A carta da Record é menor, mas também está repleta de artigos e leis.
Assinada pela diretora do Departamento Jurídico da casa, o texto diz que Fantazzini está cometendo abuso de poder .
A Record ainda atesta que teve prejuízos com a ação, pois nenhum anunciante, notadamente nesta época em que se valoriza as empresas ‘politicamente corretas’, manterá investimento em programas que os órgãos públicos taxam como publicidade negativa. A Record ainda argumenta que repudia a atitude de Fantazzini e promete tomar providências jurídicas contra o deputado. O coordenador da campanha mandou outra carta às emissoras, respondendo às acusações.
‘Eles disseram que vão me processar por danos morais. Não estão me intimidando’, diz Fantazzini. ‘Se eles mantiverem os abusos, vamos continuar falando com os anunciantes, ou melhor, vamos divulgar as marcas que investem na baixaria na TV’, continua.’Nós não ficaremos calados. Tanto que já mandamos respostas para as cartas enviadas pela Record e pela Band’, diz Fantazzini. ‘Não quero tirar o programa de ninguém do ar. Só queremos respeito ao telespectador.’’