Em sua coluna de domingo [23/9/07], a ombudsman do Washington Post, Deborah Howell, tratou de um tema que constantemente gera reclamações tomadas pela emoção da parte dos leitores: a cobertura de protestos. Desta vez, as manifestações em foco foram as anti e pró-guerra do Iraque, realizadas no dia 15/9. O Post optou por dar o mesmo espaço de cobertura para os dois eventos. O leitor Tim Jost questiona tal decisão: ‘Os protestos foram iguais em tamanho? Todas as outras fontes de notícias que li observaram que a manifestação antiguerra foi muito maior’.
A matéria sobre os protestos, escrita pelos repórteres Michelle Boorstein, Dion Haynes e Allison Klein, estava correta, porém não continha a informação que a manifestação antiguerra foi muito maior que a pró. O título ‘Protestos em duelo’ e as fotos (sendo a fotografia maior a dos manifestantes a favor do conflito) exacerbaram ainda mais a questão. O subtítulo dizia: ‘Na medida em que caminham para o Capitólio para protestar contra a guerra do Iraque, 189 são presos; os que apóiam a guerra são ‘minoria vocal’’. Um esclarecimento publicado na terça-feira (18/9) dizia que o título e subtítulo podem ter dado a impressão incorreta sobre o número de participantes das manifestações. ‘O número dos contra a guerra era bem maior dos que aqueles a favor do conflito’, escreveu o diário.
Deborah lembra que cobrir protestos sob a pressão do deadline é uma tarefa difícil, assim como combinar fotos e o trabalho de diversos repórteres em um ‘pacote coerente’. Um erro de edição levou à omissão desta informação relevante sobre a quantidade de pessoas nas manifestações. Boorstein, que escreveu a matéria sobre o protesto antiguerra, alega que esta informação estava inicialmente no primeiro parágrafo.
A polícia do parque National Mall é proibida por lei de dar estimativas oficiais de participantes de manifestações. Na opinião dos repórteres, havia cerca de 10 mil pessoas no protesto antiguerra. Um policial deu a mesma estimativa, em off. O colunista Marc Fisher estimou que havia 6.850 na antiguerra e 800 na pró-guerra, ao contar as pessoas que passavam pelo ponto mais estreito da passeata. ‘Foi uma das contagens mais precisas que fiz em 25 anos de cobertura de protestos’, relatou. Esta estimativa estava apenas no blog de Fisher, e não em sua coluna, porque mais pessoas juntaram-se à manifestação no Capitólio, após o ponto de contagem do colunista. Deborah aconselha que futuras matérias sobre protestos sejam acompanhadas de estimativas – seja em off ou feitas por repórteres e editores experientes.