Em sua última coluna de 2010 [31/12], o ombudsman do Washington Post, Andrew Alexander, tratou de um problema do diário que com frequência é alvo de queixas de leitores: a falta de controle de qualidade. Segundo Alexander, as reclamações estão maiores a cada ano. São erros de gramática, palavras escritas de forma errada e dados incorretos. Nas últimas semanas, uma série de lapsos aumentou o descontentamento dos leitores mais atentos.
No domingo após o Natal, por exemplo, havia uma chamada na primeira página para a seção de viagem dentro do jornal. Mas não havia seção de viagem naquele dia – uma pequena nota dos editores na semana anterior alertava para esta mudança, mas aparentemente esqueceram de tirar a chamada na capa. ‘É quase como se uma edição não finalizada do jornal tivesse sido publicada’, reclamou, com razão, um leitor de Bedford, na Pensilvânia – que aproveitou também para apontar falhas de gramática e palavras soletradas de forma errada. Neste mesmo domingo, o título de uma matéria na primeira página vinha com uma palavra errada – ‘promps’, em vez de ‘prompts’. Quatro dias antes, a página com as listagens do mercado financeiro era uma repetição da edição anterior. Todos os dados eram idênticos. Para os leitores que acompanham seus investimentos pelo jornal, este tipo de erro é inaceitável.
Um eclipse lunar no dia 21/12 era considerado um evento histórico porque coincidia com o solstício de inverno. Em sua matéria sobre o assunto, o Post ressaltava que isto não acontecia há cerca de dois mil anos. Pena que a matéria só foi publicada após o eclipse, irritando leitores que teriam gostado de testemunhá-lo. ‘Infelizmente, o eclipse ocorreu às 3h17 da manhã, muito antes de o jornal chegar à minha porta’, reclamou um leitor de Capitol Hill.
Leitores também se queixaram, nas últimas semanas, da cobertura. Um protesto antiguerra em uma praça em frente à Casa Branca, que reuniu militares veteranos e ativistas pela paz, foi noticiada apenas com uma foto de agência de notícias dentro da seção metropolitana. A legenda dizia que ‘algumas pessoas’ haviam sido presas durante a manifestação. Na verdade, a polícia prendeu 131 manifestantes, e não apenas alguns – o maior número de prisões em massa em 2010.
Para Alexander, não há dúvida de que parte do problema ocorre por conta da redação mais enxuta. Mas, diz ele, muitos dos erros não têm relação com o número de funcionários do jornal, e sim com a falta de atenção deles.