Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mara Gama

‘A produção de mapas, gráficos e animações para aprofundar e detalhar temas considerados mais duradouros vem se intensificando no UOL.

É positivo que a Redação lance mão de recursos expressivos disponíveis para transmitir informação.

Mas dois exemplos da cobertura dos terremotos na região zona de Abruzzos, na Itália, mostram que é preciso avançar muito ainda para ter boa qualidade neste tipo de material.

No dia 6, foi publicado o mapa ‘Veja as regiões com maior perigo de tremor de terra na Itália’.

O mapa mostra zonas tão perigosas quanto a do epicentro do abalo, segundo se pode ver pela legenda de graus de risco.

Uma das áreas parece ser a da cidade de Veneza, na costa do mar Adriático.

É uma dedução. O leitor terá de formular as suas, pois, apesar de ser grandinho, o mapa traz nomes de apenas três cidades: Roma, Pescara e L’Aquila.

As outras regiões em tons escuros não trazem nome de cidade.

Outro problema é o zoom. Usado sem nenhuma justificativa aparente, ele acaba servindo para mostrar a imprecisão do desenho, que coloca o epicentro do abalo num ponto equidistante entre Pescara e L´Aquila, informação que não confere.

Também o ícone do UOL em preto e branco, sem definição, dá impressão de que a peça foi publicada sem ter sido finalizada.

A Redação não deveria publicar e manter no ar produtos como este.

No dia 9, foi publicado ‘Infográfico mostra as consequências do terremoto na Itália’ , da AFP, Agência France Press.

Ao clicar no nome Abruzzos, aparece uma tela ‘Região de Abruzzos’ na parte direita, com um mapa numa escala que é aparentemente 2cm:50km com as cidades de Perugia, Terni, L´Aquila, Pescara, Roma, Latina e Campobasso.

Um quadro traz a data do terremoto, o horário GMT, a magnitude e o número de mortos e desabrigados ‘atualizado em 8 de abril, 14h GMT’ (o horário da atualização dos dados poderia ter sido colocado no horário local de Brasília, e não permanecido o de Greenwich, obrigando o leitor a fazer a conta e retirar 3 horas).

No epicentro do terremoto uma animação com imagens de círculos mostra a propagação do sismo.

Neste mapa, os efeitos não chegam a nenhuma das cidades marcadas (Perugia, Terni, L´Aquila, Pescara, Roma, Latina e Campobasso).

Ao clicar no item ‘Destruição’ um mapa se abre com o título ‘Cidades mais atingidas’.

Nele estão anotadas as cidades de Nápoli (assim mesmo, sendo que em português é Nápoles), Caserta, Bari, Teano, Latina, Velletri, Roma, Lanciano, Pescara, Terni, Ascoli Piceno, Perugia, Florença, Rimini, Ancône (assim mesmo, sendo que em português é Ancona) e até Bolonha.

Apesar de ter uma escala bem diferente da do outro mapa, a animação dos círculos se mantém a mesma, com a mesma escala.

O resultado é que, neste mapa, a irradiação do terremoto atinge outras cidades, como Terni, Ascoli, Pescara.

Qual dos dois ‘balanços’ da propagação do terremoto deve ser levado a sério?

Segundo o site do La Repubblica, nenhum deles.

O La Repubblica faz uso de dois gráficos informativos.

Um plano simples de estradas, onde foi marcado o centro em vermelho com a irradiação em duas faixas de tons mais claros.

Um segundo é imagem aérea de satélite do Google Maps, com os pontos marcados e assinalados na legenda lateral.

Não há animação ou ‘barulho’. São simples e precisos.

Na linguagem visual que o público da internet já está habituado.

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Diferenciar notícia e informe da empresa, 9/4

O UOL está noticiando desde segunda-feira, dia 6, os problemas de conexão – lentidão de navegação, impossibilidade de acessar sites – com a internet que os usuários do serviço Speedy, da Telefônica, estão enfrentando.

A home page do UOL tem exibido diariamente chamadas para textos sobre o problema do Speedy, mesmo que com poucas novidades, já que a Telefônica não admitiu que houvesse falha até a tarde desta quinta, quando emitiu nota oficial.

O problema atinge o público da internet e isso justifica a investigação, o esclarecimento e a publicação de informações precisas sobre o caso.

Para o internauta, em geral, não é claro de onde vem a falha, quando não consegue ver um site. Entre o computador de casa e a rede, há pelo menos dois serviços: o do acesso, a conexão banda larga ou discada, e o dos serviços, como e-mail, e conteúdo. O UOL atua como provedor de acesso para alguns tipos de conexão e como provedor de conteúdo e serviços.

A impossibilidade de acesso ao UOL causada pelos problemas com o Speedy mais que dobrou o volume de chamadas à Central de Atendimento do UOL de segunda à quinta, comparando com o mesmo período da semana passada, segundo dados da Central exibidos em reportagem do portal. O texto não dá o número exato e nem diz quantos dos chamados são sobre este problema.

O UOL como empresa é parte interessada em esclarecer de onde vem o problema e apontar as causas e responsabilidades.

Hoje, quinta, 9, o UOL Tecnologia publicou o comunicado oficial da Telefônica, em que a empresa admite, enfim, que está sofrendo ‘há alguns dias’ ataques que desestabilizaram seus servidores DNS (Domain Name Server – Servidor de Nome de Domínio), equipamentos que traduzem os nomes dos sites para os endereços numéricos e codificados correspondentes e eles.

No mesmo texto, a Redação republica uma animação didática sobre como funciona o sistema de tradução do DNS e uma sugestão de rota alternativa para o acesso. Ótimo serviço.

Às 16h45, a Folha Online publicou reportagem em que testa – e mostra falhas – no call center da Telefônica . A reportagem também ganhou destaque na home page do UOL.

Às 17h51, um texto também de UOL Tecnologia informava que o UOL decidira oferecer aos seus assinantes afetados ‘pela pane do serviço de internet banda larga Speedy’ acesso à internet por meio de linha discada até o próximo dia 14, e que ‘não haverá cobrança adicional de assinatura para quem optar por esse tipo de conexão até a próxima terça-feira’.

É dever do UOL como site investigar e informar com transparência sobre os problemas que existam nas empresas prestadoras de serviços importantes para o público. E foi uma ótima iniciativa bolar e ensinar uma rota alternativa para acesso.

Do ponto do vista do consumidor, é uma boa notícia que o UOL, como empresa, forneça aos seus assinantes um atalho gratuito através de linha discada.

Mas, no meu modo de ver, para manter a transparência que torna possível o bom trabalho jornalístico, o UOL deveria tratar de forma diferenciada os dois tipos de informação.

Reportagens, serviços e críticas deveriam estar em páginas da Redação e seguir as normas jornalísticas básicas de apuração e publicação, com atribuição de fontes, precisão de dados.

Notas com dados restritos sobre os problemas enfrentados pela Central do Assinante ou sobre novidades na prestação de serviços, como a decisão de não cobrar pelo acesso discado, deveriam ser publicados como informes oficiais, com a sinalização adequada.

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Opinião e torcida, 7/4

Os leitores criticam o UOL por julgarerm que o portal, por meio do blog ‘De Cara para Lua’, torceu e distorceu fatos na cobertura do programa Big Brother Brasil, sem assumir opinião:

‘Estou decepcionada com o favoritismo do UOL a certos participantes. Como pode o UOL, um portal tão grande, dar destaques a um blog tendencioso? Sempre votei em Ana, telefone, site da Globo, muitas vezes (pra ser exato 2000 vezes), e querem colocar pros internautas que a Globo está manipulando. Quem está manipulando são vocês, que não sei por que razão aderiram a um participante desonesto e mascarado’, escreveu Nivania.

‘Penso eu que o UOL como todo veículo de comunicação busca uma certa imparcialidade e seriedade mesmo nas coisas que não são tão sérias. Gostaria de deixar minha reclamação e minha insatisfação com o Blog ‘De cara pra lua’. Tá certo que é um blog de ‘opinião’, mas não de torcida, até por que se fosse de torcida deveria ter um para cada participante, não acha?’, perguntou Alessandro.

Pedi comentários da Redação e de Susan, autora do blog, sobre estas críticas.

A Redação afirma que as opiniões da blogueira são independentes. Afirma também que sinaliza esta independência ao usar a palavra ‘opinião’ nas chamadas para o blog.

A resposta da blogueira Susan:

‘O Blog ‘De Cara Pra Lua’ é uma página pessoal e opinativa, portanto espelha a minha opinião sobre o assunto Big Brother Brasil.

Por ser opinativa, alguns concordarão com minhas opiniões e outros não. Estamos neste momento lidando com as torcidas que são apaixonadas por natureza.

A net que discute o BBB tem esse comportamento inflamado e parcial. Muitos que hoje reclamam de minhas opiniões certamente concordaram com elas em outras edições.

O BBB é um programa sem script, portanto a gama de olhares e visões sobre o que é assistido na TV é enorme. Sempre procuramos pautar o debate de maneira transparente e sem denegrir ou ofender os participantes.

Como blog opinativo eu agradarei e desagradarei na mesma medida assim como um comentarista esportivo agrada ou desagrada ao emitir sua opinião se Ronaldo ou Robinho devam estar na seleção ou quem deve comandá-la.’

Entendo que a Redação não concorde ou aprove necessariamente as opiniões dos blogs que acolhe e destaca.

Mas os leitores que se manifestaram cobraram imparcialidade.

Pode ser que esperem do UOL um contraponto ou alternativa, mesmo neste tipo de cobertura em campo minado.

E você, o que pensa?

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Big Brother no UOL

Do início de janeiro ao dia 7 de abril, a caixa postal da ombudsman recebeu 44 mensagens com o tema Big Brother Brasil. A maior parte delas (16) com críticas ao blog ‘De Cara para a Lua’, hospedado no UOL. Em segundo lugar, mensagens que apontaram excesso de conteúdo sobre o programa na home page do UOL (10), mensagens com críticas às matérias que comparam resultados das enquetes do programa BBB e outras enquetes da internet, incluindo a do UOL (10).

Em terceira posição(4), mensagens que questionam os resultados apontados pelas enquetes do UOL. Foram também criticadas a qualidade dos textos da cobertura do UOL e o Grupo de Discussão que perguntava ao público se havia manipulação nos resultados do programa.’