‘Em caráter experimental desde o início de maio, segundo informa Fabio Pancheri, gerente de Interaçao, o UOL implementou sistema de comentários do Facebook em algumas matérias selecionadas pela Redação, na área de UOL Notícias. A ampliação do recurso para todo o portal está sendo estudada.
O recurso é interessante e o portal deve há muito tempo aos seus leitores uma forma simples de comentar textos.
Já foram experimentados vários formatos no UOL. Ainda estão em uso os Grupos de Discussão e um modelo de fórum.
Os Grupos de Discussão permitem o encadeamento das mensagens dos leitores logo após o texto que apresenta o tema. Eles podem ser abertos a partir de uma notícia gerada pelo portal ou não. Uma foto, uma declaração, qualquer mote pode ser usado. Mas, mesmo quando se trata de discutir texto feito e publicado pelo UOL, o convite à discussão está separado do texto jornalístico. Muitas vezes o texto que convida ao debate restringe demasiadamente o espectro do que poderia rolar após a simples leitura do texto e não é cômodo ter de abrir outra janela para discutir o que se acabou de ler. Na minha opinião, estas duas características fazem com que a discussão vá se divorciando progressivamente do texto inicial e isso empobrece o debate.
Depois de enviar o comentário para os Grupos de Discussão, é necessário esperar pela aprovação pela equipe de moderação para ver o seu comentário publicado. Muitos leitores ficam desestimulados quando percebem que seus comentários não são imediatamente aprovados. Quando há muita participação, o tempo entre inserção do comentário e sua publicação tende a aumentar.
O ‘Fórum’, fórmula de sucesso em UOL Jogos, começou a ser usado a partir de setembro de 2009 ema UOL Esporte e de outubro de 2009 em UOL Televisão. Minha experiência ali não é nada boa.
Não consigo entender a navegação. O excesso de ícones, comandos e a tralha de referências de cada usuário cadastrado distraem minha atenção. No final, fico com a impressão de que errei o caminho ou preciso de tradução simultânea. Não descarto nenhuma das hipóteses, porque, segundo aferição de audiência feita internamente, os fóruns são bastante usados.
Nos fóruns também existe uma moderação, mas é feita a posteriori. As mensagens que não respeitam regras são apagadas e, como é necessário cadastro dos usuários, é possível mapear irregularidades e, em caso extremo, o UOL pode bloquear quem desrespeitar as regras de uso. Há botão de denúncia perto de cada mensagem.
Sobre o formato Facebook, agora em experiência no portal, recebi duas considerações importantes na semana passada. O leitor Johnnie escreveu protestando contra a exigência de ser usuário do Facebook para comentar as notícias do UOL. No que está coberto de razão. Não me parece adequado incentivar o cadastramento naquela rede para que se possa comentar as notícias do UOL.
O segundo é, no âmbito das preocupações da ombudsman, muito preocupante.
No dia 1º de junho, o leitor José, em crítica a vários aspectos da cobertura do UOL sobre o noticiário sobre o barco que foi interceptado por Israel, apontou o problema:
‘Sou judeu, assim como meus filhos e esposa. Quero comentar as notícias que vejo no UOL desde ontem e , principalmente, os comentários via Facebook que estão sendo postados. Vocês deram uma brecha e são centenas de afirmações como essas que pincei: ‘Hitler tinha razão’, ‘Judeuzinhos voltem para a Polônia’, ‘Brasil ame-o ou deixe-o’ (o judeu é claro), ‘A Alemanha não terminou o trabalho, que pena’ e por aí vai. Não tem um comentário que preste, seja no ataque ou na defesa, com uma argumentação coerente. Para que serve isso? ‘.
Questionada, a Redação assumiu que houve falha grave na moderação, que também é feita a posteriori. ‘Foram publicados comentários preconceituosos que ferem não só as nossas regras de uso como as leis brasileiras’, informou o gerente geral de Notícias, Rodrigo Flores. ‘Preventivamente estamos retirando a possibilidade de comentário em todas as reportagens sobre o assunto. Também não vamos abrir novos fóruns pós-moderados sobre o tema’.
A solução foi acertada, mas o caso deve servir de alerta real. Não dá para abrir espaço e não zelar pelo conteúdo publicado.
Um sistema simples e funcional é benvindo. Mas o caso ilustra que nada avança sem a moderação adequada. A supervisão editorial contínua e direta sobre a moderação me parece essencial.’